SJB monitora possível desvio de mancha de óleo do Nordeste
21/10/2019 20:11 - Atualizado em 26/10/2019 11:29
Adema/Governo de Sergipe
A secretaria municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos de São João da Barra está monitorando a possibilidade de chegada da mancha de óleo que está se espalhando pelo litoral do Nordeste. A probabilidade foi apontada pelo pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o oceanógrafo David Zee, em entrevista concedida ao jornal O Dia. Segundo o pesquisador, São Francisco, Barra de São João e Quissamã seriam as primeiras cidades fluminenses afetadas, caso a mancha chegue ao estado do Rio. Nesta semana, pesquisadores da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro) devem investigar, na segunda fase da pesquisa, quais áreas do litoral brasileiro ainda poderão ser atingidas pelo óleo.
O estudo apontou a possível origem do poluente: uma área que começa a uma distância de 600 a 700 quilômetros da costa brasileira, já em águas internacionais, em latitude próxima da divisa entre Sergipe e Alagoas. Agora, pesquisadores buscam descobrir para onde o óleo pode se deslocar.
— As praias do Norte e Nordeste vão ficar com resquícios do óleo pelos próximos 20 anos. Se chegar ao Sul da Bahia, o Espírito Santo é a bola da vez", comentou o oceanógrafo David Zee, que indicou que a entrada no litoral Fluminense se daria por São Francisco de Itabapoana, Barra de São João e Quissamã. Segundo ele, caso chegue, a atividade pesqueira desses municípios será afetada.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) disse que também está monitorando a situação e, ao longo da semana irá divulgar o resultado desse monitoramento. O órgão disse ao jornal O Dia que informou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e garantiu que não foi identificada mancha em alto mar nem tendência de deslocamento para o Estado do Rio. O Inea também ressaltou que possui um plano de contingência que abrange o cenário de surgimento de óleo em praias.
De acordo com o Ibama, 187 localidades do Nordeste foram atingidas pela mancha em 76 municípios de nove estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ainda segundo o órgão, a investigação da origem do material poluente está sendo conduzida pela Marinha. Já a investigação criminal é objeto da Polícia Federal.
O Ibama informou também que o poluente se concentra em camada sub-superficial da água. "Por essa razão, as manchas não são visualizadas em imagens de satélite, sobrevoos e monitoramentos com sensores para detecção de óleo, sendo detectadas apenas quando alcançam a costa", explicou o Ibama. O órgão informou que os prejuízos para a fauna e a flora estão sendo avaliados.
A prefeitura de São João da Barra diz que “a secretaria municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos mantém contato constante com a Marinha do Brasil e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e até o momento, não foi recebido nenhum alerta sobre a possibilidade da mancha afetar o município”.
A prefeitura de São Francisco de Itabapoana ainda não se posicionou sobre o assunto.
No último dia 17, o Ministério Público Federal ajuizou ação contra a União por omissão no desastre ambiental. A Procuradoria pede que seja colocado em prática o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água. "Tudo que se apurou é que a União não está adotando as medidas adequadas em relação a esse desastre ambiental que já chegou a 2.100 quilômetros dos nove estados da região", afirma o MPF, que pede multa diária de R$ 1 milhão em caso de descumprimento.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS