A polêmica sobre a situação dos servidores municipais, que estão em estado de greve, continua. Depois de chamar o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Felipe de Quintanilha, de “mentiroso” durante sessão extraordinária na última segunda-feira, o vereador de oposição Eduardo Crespo (PR) usou a tribuna da Câmara, nesta terça-feira (18), para pedir desculpas pela reação.

A discussão começou depois que Quintanilha apresentou um gráfico onde mostra que a Prefeitura desembolsa R$ 1,1 bilhão do seu orçamento anual para o pagamento aos servidores, praticamente no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita o gasto em até 54% da receita. Porém, Eduardo Crespo questionou o secretário e apresentou números que estão no Portal da Transparência, que apontam aproximadamente R$ 850 milhões com gasto de pessoal e afirmou: “Você é mentiroso. Os números que você apresenta são falsos”.

Porém, Quintanilha preferiu não entrar na polêmica e explicou que os números apresentados são verdadeiros. “Não irei entrar em discussão com o edil em questão, pois não estou aqui para ser trampolim de ninguém Em primeiro lugar, os números apresentados são verdadeiros. O que foi apresentado na Câmara são os gastos reais com folha de pagamento, já os números apresentados pelo vereador dizem respeito à folha líquida para fins de cálculo do Relatório de Gestão Fiscal, até porque qualquer reajuste incidiria sobre o gasto bruto real e não apenas sobre o líquido”, disse o secretário, que completou explicando em números as diferenças.

— Em outras palavras, o número de R$ 879,5 milhões constante da planilha que ele apresenta retrata a folha líquida, sem acrescentar o regime de previdência (R$ 186,4 milhões), auxílio alimentação do servidor (R$ 25,4 milhões), indenizações pagas a servidores (R$ 310,7 mil) e estagiários (R$ 7.1 milhões), gastos estes que também são com folha de pagamento, mas que não fazem parte do cálculo do Relatório de Gestão Fiscal — finalizou.

Durante a sessão de ontem, Crespo continuou afirmando que os números apresentados por ele e Felipe retratam realidades diferentes, mas se desculpou pelo comportamento. “Quero pedir perdão aos colegas vereadores pela forma como me comportei, não é meu hábito. Realmente estava indignado e a indignação dos servidores acabou insuflando minha reação. Algumas pessoas sinalizam que eu queria fazer palanque. Eu nem sei se vou ser candidato à reeleição. Acho que não foi uma boa estratégia ter feito uma sessão extraordinária, talvez se tivéssemos avançado numa conversa com o governo para que os números fossem apresentados numa reunião fechada, para ali podermos concordar ou discordar, poderíamos ter avançado mais”, declarou Eduardo.