Laudo aponta que ex-companheira de DJ teve perfuração de tímpano
Verônica Nascimento e Virna Alencar 02/04/2019 13:02 - Atualizado em 03/04/2019 17:12
A Polícia Civil investiga o caso de agressão envolvendo Roger Freitas, conhecido como DJ Moranes, denunciado pela ex-companheira, de 25 anos. Ele foi detido em flagrante nesse domingo (31) e liberado no mesmo dia, mediante pagamento de fiança. O caso, que foi registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), vem gerando repercussão nas redes sociais. Na tarde desta terça-feira (2), a vítima afirmou em sua página na internet que teve o tímpano esquerdo perfurado e outras lesões constatadas em exame físico durante a passagem pelo Hospital Ferreira Machado (HFM), versão que foi confirmada pela unidade médica. Já a Deam, por meio de nota, informou que a mulher teve ferimentos leves, razão pela qual Moranes foi liberado.
Desde domingo, vários internautas compartilharam opinião sobre a agressão. Familiares da vítima receberam diversas mensagens e contaram que o fato aconteceu no apartamento dela e que a polícia foi acionada por vizinhos. Em uma das postagens, a vítima afirma ter sido vítima de feminicídio. Nesta terça-feira, ela contou que possui o laudo médico do otorrinolaringologista do HFM que constata a lesão no tímpano. No texto, ela também questionou o atendimento prestado pela Deam. Em cerca de duas horas, a publicação já tinha mais 4.500 curtidas.
“Desta vez, não bastasse toda a humilhação que eu passei até conseguir receber ajuda da minha família e dos policiais militares, o atendimento prestado pela Delegacia da Mulher (Deam) foi o pior possível. Além de eu ter sido tratada com muito desprezo, e ter passado por uma perícia esdrúxula e superficial no IML, apenas me disseram que eu deveria procurar um hospital para ser atendida por um Otorrino. Alegaram que houveram (sic) apenas lesões leves e, mesmo ele tendo sido preso em flagrante, na cena do crime, pagou uma fiança ridícula no valor de R$ 1.000,00 e foi solto três horas depois. Tenho todos os documentos e protocolos necessários sobre o caso, tanto os legais quanto o laudo médico do Otorrinolaringologista do Hospital Ferreira Machado onde constata a minha lesão no tímpano que é sim grave e pode ser irreversível. Eu talvez nunca mais volte a escutar do lado esquerdo. Violência contra a mulher é crime, calúnia e difamação também. Todas as medidas legais estão sendo tomadas e agora eu vou até o fim”, relatou a vítima na postagem em rede social.
Foto publicada na rede social da vítima
Foto publicada na rede social da vítima
A versão relatada pela vítima foi confirmada pela assessoria de imprensa do Hospital Ferreira Machado. “A paciente sofreu perfuração da membrana timpânica esquerda e recebeu alta do hospital com indicação medicamentosa e orientação de fazer acompanhamento médico com um otorrino durante o período de três meses, tempo em que a membrana do tímpano costuma autorrecuperar-se. Uma cirurgia só será necessária, caso o processo não se reverta”.
A nota divulgada pela Deam, na manhã desta terça, relata que não houve perfuração do tímpano e que a vítima sofreu ferimentos leves. “Face à grande repercussão relacionada à prisão em flagrante do DJ Moranes, a Deam Campos faz informar que o APF (auto de prisão em flagrante) foi lavrado em 31/03/2019 (domingo)”. “Consta nos autos que o DJ agrediu fisicamente, ameaçou de morte e danificou o relógio e o celular da vítima. Foi devidamente autuado e liberado mediante pagamento de fiança conforme determina o Código de Processo Penal Brasileiro”.
A nota da Deam prossegue afirmando que “outra informação inverídica é a de que o DJ já possuía antecedentes, uma vez que sua ficha criminal não apontou anotações criminais anteriores. A indignação popular é positiva, eis que a violência contra a mulher não pode mais ser tratada com indiferença. Contudo, a população deve entender que o caso já foi apresentado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário e o processo seguirá seu devido curso”.
A Folha da Manhã esteve na Deam na tarde desta terça, em busca de um posicionamento da delegacia sobre as contestações da vítima, mas a delegada titular, Ana Paula de Oliveira Carvalho, não foi encontrada. Por meio de funcionários, a delegada teria informado que não prestaria mais esclarecimentos além da nota publicada e que qualquer novidade sobre o caso convocaria a imprensa.
A Folha fez contato com o DJ Moranes, por meio do telefone informado na página da rede social de Roger, mas não obteve retorno.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS