República fluminense em Brasília
Aldir Sales 12/01/2019 17:22 - Atualizado em 17/01/2019 15:17
Agência Brasil
Um dos campistas mais importantes da história, Nilo Peçanha foi o primeiro negro a ser presidente do Brasil, entre 1909 e 1910, após a morte de Afonso Pena. Mais de um século depois, ainda que distante do Norte Fluminense, a política brasileira vem ganhando novos contornos e Brasília cada vez mais tem como protagonista o Rio de Janeiro. Apesar de não ser do estado, a eleição de Jair Bolsonaro para o Planalto – deputado por mais de 20 anos pelo Rio – também chama a atenção para a representatividade carioca e fluminense nas principais decisões do país.
Seis ministros nomeados por Bolsonaro são naturais da cidade do Rio de Janeiro, incluindo Paulo Guedes, responsável pela “super pasta” da Economia e considerado como “Posto Ipiranga” do presidente durante a campanha. Além disso, outro nome de confiança do capitão da reserva é o campista Felício Laterça (PSL). Eleito deputado federal, o ex-delegado da Polícia Federal em Macaé é o líder da bancada de 12 parlamentares eleitos pelo partido no Rio e participou do gabinete de transição de governo.
Um dos assuntos do momento tem sido a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, considerada fundamental para colocar em votação ou não os projetos do governo. Apesar de ter nascido em Santiago, no Chile, o atual presidente da Casa que busca a reeleição, Rodrigo Maia (DEM), é radicado no Rio de Janeiro. Filho do ex-prefeito carioca César Maia, Rodrigo tem aglutinado o apoio de uma série de partidos para tentar continuar no cargo.
No entanto, o polêmico deputado, citado por executivos da Odebrecht como um dos que recebia caixa dois – ele nega –, tem do outro lado a candidatura de oposição do também carioca Marcelo Freixo (Psol). Novato em Brasília, o deputado estadual chegou a se reunir com PT e PDT para tentar apoio, mas a chegada de PP e MDB para o bloco oposicionista afastou petistas e pedetistas de sua campanha.
Aliás, a Câmara tem sido um reduto carioca nos últimos anos. E de escândalos também. Maia sucedeu na presidência da Casa o deputado cassado Eduardo Cunha. Pivô do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Cunha está preso em Curitiba e já foi condenado em segunda instância a 24 anos e dez meses de cadeia por receber propina de empresas interessadas na liberação de verbas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Antes de Cunha, quem ocupou o cargo foi o carioca radicado no Rio Grande do Norte Henrique Eduardo Alves (MDB). O ex-ministro do Turismo chegou a ser preso no ano passado e atualmente responde em liberdade a denúncia de recebimento de propina, além de corrupção e lavagem de dinheiro a partir dos recursos usados para a construção da Arena das Dunas, em Natal, construída para a Copa do Mundo de 2014.
No entanto, no vizinho Senado o Rio de Janeiro tem sido apenas coadjuvante nas decisões da mesa diretora. Desde a redemocratização do país, em 1985, o único senador eleito pelo estado a ser presidente da Câmara Alta foi Nelson Carneiro – baiano de Salvador, mas eleito pelo Rio –, entre 1989 e 1991.
Já na presidência da República, mesmo sendo paulista da cidade de Glicério, Bolsonaro tem sido o maior carioca/fluminense dos últimos chefes do Estado brasileiro. Mas desde 1985 o Rio de Janeiro teve um presidente da República: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), apesar de ter construído sua carreira política e acadêmica fora da capital fluminense – principalmente em São Paulo –, FHC é natural do Rio.
Folha da Manhã

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