Bolsonaro perto de ganhar a eleição pela insistência do PT em seus erros
19/10/2018 08:44 - Atualizado em 24/10/2018 18:38
Bolsonaro e Witzel eleitos?
Ou todos os institutos de pesquisa do Brasil estão errados, ou Jair Bolsonaro (PSL) e Wilson Witzel se elegerão, respectivamente, presidente do Brasil e governador do Rio. Nos oito dias que ainda separam o eleitor e a urna, nada indica que Fernando Haddad (PT) e Eduardo Paes (DEM) sejam capazes de tirar sua considerável diferença dos líderes no segundo turno aos Palácios do Planalto e Guanabara. Pela consulta Datafolha divulgada ontem, Bolsonaro ficou com 59% dos votos válidos, contra 41% de Haddad. Segundo o mesmo instituto, Witzel tem vantagem ainda maior sobre Paes: 61% a 39%.
Segundo turno congelou
Foi a segunda pesquisa Datafolha no segundo turno presidencial. Até aqui, é o único instituto a realizar duas consultas nesta fase final da eleição. A primeira foi divulgada no dia 10, três após as urnas do primeiro turno. No contraste com a consulta de ontem, o cenário realizou os desejos da campanha de Bolsonaro: a disputa contra Haddad congelou. O ex-capitão do Exército começou o segundo turno com 58% dos votos válidos. E agora tem 59%. Por sua vez, o petista passou de 42% dos votos válidos para 41%. Em ambos a variação foi mínima e dentro da margem de erro, mas favorável a Bolsonaro.
PT lidera rejeição
O que costuma definir as mudanças do primeiro ao segundo turno de qualquer eleição é a rejeição. E nela a vantagem também é ampla para Bolsonaro. Segundo o Datafolha, 54% dos eleitores não votariam de jeito nenhum em Haddad. É a força do antipetismo, que a cada dia parece mais cristalizado na sociedade brasileira. Embora polêmico pelas posições extremadas de direita, o capitão teve 41% de rejeição. Se não é um número baixo, fica relevantes 13 pontos abaixo do petista no índice negativo. A governador do Rio, como já havia feito em algumas pesquisas no primeiro turno, o Datafolha não divulgou a rejeição.
Covardia ou tática?
Outro dado do Datafolha que indica a vitória de Bolsonaro é a consolidação do voto. Dos que se manifestam pelo capitão, 95% se disseram decididos. Já em relação a Haddad, a certeza do voto cai para 89%. É uma diferença pequena, de seis pontos, mas aparenta ser suficiente para impedir qualquer mudança significativa. Para preservar o cenário amplamente favorável até o dia 28, Bolsonaro ontem anunciou que não participará dos debates, mesmo tendo sido liberado pelos médicos, após a facada que sofreu em 6 de setembro. Se sempre poderá se alegar covardia e falta de espírito democrático, parece taticamente correto.
Insistência no erro
Era 29 de setembro quando manifestações de mulheres saíram às ruas e praças do Brasil, inclusive em Campos, para gritar “Ele Não”. E o resultado prático, registrado na pesquisa Ibope divulgada dois dias depois, foi que o presidenciável chamado de machista e misógino cresceu seis pontos percentuais no voto feminino. Consumado o primeiro turno de 7 de outubro, quando Bolsonaro liderou uma onda eleitoral sem precedentes na história recente do país, a tática para enfrentá-lo, que já tinha dado errado, mudou pouco ou nada. Para o segundo turno, os eleitores de Haddad propuseram o confronto “barbárie x civilização”.
Haddad abandonado
À exceção da mendicância exitosa de likes dos já convertidos, o resultado fora das redes sociais foi nenhum. Eleito senador na Bahia e responsável pelo segundo turno presidencial, pela votação que deu naquele estado a Haddad, Jaques Wagner tentou imprimir realidade à campanha petista. E teve o mesmo sucesso de quando buscou, lá atrás, a aliança do PT como vice na chapa de Ciro Gomes (PDT). Após abandonar as visitas semanais a Lula na carceragem de Curitiba, Haddad tentou montar uma “Frente Democrática”. Mas foi abandonado à própria sorte por Ciro, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Marina Silva (Rede) e Joaquim Barbosa.
Desespero
Na noite da última segunda (15), em evento de apoio a Haddad em Fortaleza, o PT foi constrangido nacionalmente por Cid Gomes (PDT). Senador eleito pelo Ceará e irmão de Ciro, ele cobrou de maneira dura a falta de autocrítica do PT. Mas o partido mostra que realmente não aprendeu com seus erros. Na quarta (17), a Polícia Civil chegou aos três vândalos que, na madrugada de domingo (14), tinham pichado suásticas nazistas na fachada de uma capela católica em Nova Friburgo. O ato foi prontamente atribuído a eleitores de Bolsonaro. Na verdade, câmeras próximas à capela tinham flagrado os três também pichando o “Ele Não”.

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