Caminhoneiros deixam rodovia em Campos após dez dias de paralisação
Dora Paula Paes 30/05/2018 16:14 - Atualizado em 01/06/2018 14:45
Paulo Pinheiro
A paralisação dos caminhoneiros chegou ao fim na tarde desta quarta-feira (30) em Campos. Os três pontos da BR 101, quilômetros 71, 75 e 120, que ficaram obstruídos, foram liberados. Os últimos 60 caminheiros voltaram para a estrada para cumprir o destino de suas cargas. Foram mais de 500 veículos presentes no movimento no município durante os dez dias de paralisação em todo o país. Segundo informações da Autopista Fluminense, concessionária que administra a rodovia, todos os pontos de concentração foram desfeitos. Também nesta quarta, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que 96 empresas transportadoras paguem, em até 15 dias, multas que somam R$ 141,4 milhões pelo descumprimento de decisão, da última sexta-feira, que determinou a liberação das rodovias bloqueadas. Até às 18h, haviam bloqueios em seis Estados, com 197 pontos de aglomeração. As estradas do Sudeste foram liberadas.
Apesar do fim da greve, os caminhoneiros deixam um alerta quanto à trégua a partir da proposta de congelamento do diesel por 60 dias, feita pelo presidente Michel Temer: se o governo tomar medida de retrocesso quanto ao que foi acertado, eles garantem que estão prontos para uma nova ação. Porém, desta vez, pretendem avisar à população de forma antecipada para que se prepare.
Segundo o caminhoneiro Márcio Machado, as lideranças do movimento em negociação no Planalto já abandonaram a causa. “Ficamos esperando um apoio maior da população, que não aconteceu. Sabemos que a população está sofrendo com desabastecimento e não queremos ser transformados em vilões dessa história”, disse ele, ressaltando que o movimento em Campos não registrou violência, além do incidente com o caminhão da Coca Cola.
Sem gás — O desabastecimento de gás de cozinha, provocado pela paralisação dos caminhoneiros, ainda era o maior problema em Campos nesta quarta. Ante a cobrança de preços abusivos, consumidores têm aguardado e enfrentado filas quando sabem que o gás está sendo vendido com valor normal em algum estabelecimento. O Sindigás informa que as revendas de GLP estão, na maioria, desabastecidas. Entretanto, os ministérios da Defesa, de Minas e Energia e a ANP têm dado ao GLP o tratamento de produto essencial, agindo para que as cargas de botijões — tanto vazios, para serem abastecidos, ou cheios, para repor os estoques das revendas — sejam liberadas e cheguem ao seu destino. No setor de combustível, as filas nos postos devem terminar somente nesta sexta-feira. 
Reajuste de 0,74% no preço da gasolina
Em meio à crise de desabastecimento provocada pela greve dos caminhoneiros, a Petrobras anunciou o reajuste de 0,74% no preço da gasolina nas refinarias a partir desta quinta-feira. Com isso, o litro passa de R$ 1,952, para R$1,96. Este é o primeiro aumento da gasolina desde o início das paralisações nas estradas, que começaram no dia 21 de maio. De lá para cá, o combustível teve seis quedas no preço do litro e só agora teve o primeiro aumento.
Já o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, informou nesta quarta-feira que, a partir da próxima sexta-feira, o litro do diesel deverá estar R$ 0,46 mais barato na refinaria.
O valor do Diesel, combustível alvo das reivindicações dos caminhoneiros, teve duas quedas desde o dia 22 e ficou acima dos R$ 2,10, há uma semana.
Na Alerj — A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta quarta-feira, em discussão única, o projeto de lei 4.142/18, de autoria do Executivo, que reduz a alíquota de ICMS sobre o diesel de 16% para 12%. A medida é o resultado de um acordo com representantes de caminhoneiros e transportadoras.

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