Morre, aos 61 anos, Maria Helena Gomes da Silva, a Leninha
Antônio Filho e Celso Cordeiro 28/04/2018 18:20 - Atualizado em 30/04/2018 16:55
Divulgação
Por Celso Cordeiro Filho e Antônio Filho 
A cena artística de Campos está de luto com o falecimento da atriz e diretora de teatro, professora Maria Helena Gomes da Silva, a Lena ou Leninha, como era carinhosamente chamada. Ela morreu na tarde deste sábado (28) no Hospital Beneficência Portuguesa, após 23 dias de internação, vítima de complicações provenientes de uma fibrose cística pulmonar. Leninha completou 61 anos no dia 20 deste mês. A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) emitiu nota de pesar e informou que o corpo de Leninha será velado a partir das 23h deste sábado no Teatro de Bolso. O sepultamento está previsto inicialmente para as 11h deste domingo (29), no cemitério do Caju. Amigos lamentaram a morte.
— Ela marcou sua trajetória com muita garra, persistência e estudo. Ela se destacou no teatro de Campos nesses últimos 40 anos e, por certo, será lembrada com amplo reconhecimento. O teatro vai se ressentir muito sem sua presença. Sem dúvida, uma grande perda para a cultura da cidade — disse Orávio de Campos Soares, com quem ela tinha uma filha, que também é atriz.
A presidente da FCJOL Cristina Lima também expressou sua tristeza. “Lamento, com coração apertado, a partida da atriz, diretora e produtora teatral, Maria Helena Gomes. A cena artística campista fica incrivelmente mais pobre e o seu legado será reconhecido e aplaudido! Nesta ausência-presença nós a guardaremos no mais amoroso recanto da nossa alma! Vá em paz, Leninha!”.
No teatro iniciou também a relação de amizade com a família Garotinho, tanto que ela era madrinha de Wladimir. “Estava em agenda pela Baixada quando soube. Liguei pra minha prima Fernanda, que me confirmou o ocorrido. Sabíamos da gravidade do quadro clínico, mas nosso coração tinha esperança que ela se recuperasse. Uma perda irreparável para os amigos, familiares e para a cultura da cidade", disse Wladimir.
Outro que também lamentou a morte foi o jornalista Fernando Leite, que também conviveu com Leninha. “Acabo de saber da partida da minha amiga, Maria Helena Gomes - Leninha. Ela resistia, bravamente, no Hospital da Beneficência de Campos, como é próprio dos grandes artistas. Ela estreia, agora, no céu! Merda! Leninha! com meus aplausos, Fernando”, destacou o atual subsecretário de Governo.
Leninha começou sua carreira no teatro no início de 1973, no projeto Teatro Escola de Cultura Dramática, sob a direção de Orávio de Campos Soares. Desde então, dedicou sua vida aos palcos. Foram muitas peças e projetos nos quais a dedicação absoluta era palavra de ordem nas funções por ela desempenhadas. Com garra e tenacidade, Lena – como carinhosamente era chamada por todos – nunca desistiu do teatro, apesar do pouco incentivo que a cultura recebe, no Brasil.
Em conversas com amigos, Lena dizia que o teatro era transformador e revigorante. E, de fato, ele transformou sua vida. Seu talento foi herdado pelas filhas Fernanda Campos e Raquel Simen, com as quais dividiu o palco em “Nossas e Outras Histórias”, em 2016, no Teatro do Sesi, através do Cena 7 Grupo de Teatro.
– Acompanhei o movimento teatral que construiu o Teatro de Bolso Procópio Ferreira, inaugurado em 1968. Quando passei a fazer parte do movimento teatral, me envolvi afetivamente com aquela casa e, com orgulho, por muitas vezes, encerei o chão daquele palco, acompanhada de Antonio Roberto Kapi – lembrou Lena, durante entrevista em novembro de 2015.
Com seu jeito doce, Lena cativou muitos amigos, dentro e fora dos palcos. Entre seus parceiros de trabalho, está Rodrigo Espinosa. Em quase 25 anos de trabalho, eles dividiram palcos, criaram projetos e assinaram a direção de alguns espetáculos, como “As Criadas”, “A Lição” e “Ser ou não ser – Shakespeare – Fragmentos”.
Em 2009, na condição de vice-presidente da FCJOL, Lena participou da criação do Curso Livre de Teatro, montando diversas produções, iniciadas com “Tribobó City”, de Maria Clara Machado.
Ao lado de Neusinha da Hora e de outros atores consagrados, Lena viveu, na condição de coordenadora do Curso Livre de Teatro, um período intenso de trabalho, revelando talentos. Uma das grandes produções do projeto foi a remontagem de “O Auto do Lavrador na Volta do Êxodo”, de Orávio, em julho de 2016.
Leninha foi também diretora e presidente da Associação Regional de Teatro, diretora da Federação Estadual de Teatro, diretora do Teatro de Bolso, superintendente do Trianon.
Veja a nota da FCJOL na íntegra:
“A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima expressa seu mais profundo pesar diante do falecimento da atriz, diretora, produtora e ex vice-presidente, Maria Helena Gomes, Leninha, a quem a arte e a cultura de Campos muito devem.
Que a luz seja sua companheira neste seu novo caminhar!
Campos agradece, reverencia e chora a sua partida, um ser humano que fez a diferença.
Últimas homenagens a partir das 23h, no Teatro de Bolso.”

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