Polícia faz reconstituição do assassinato da jovem Ana Paula Ramos
Paula Vigneron 11/10/2017 13:10 - Atualizado em 24/10/2017 19:13
Policiais de 146ª Delegacia de Polícia de Guarus realizaram, entre a manhã e tarde desta quarta-feira (11), a reconstituição do assassinato da jovem universitária Ana Paula Ramos. Os suspeitos do crime foram levados para a delegacia e, de lá, cobriram o percurso feito no dia do homicídio, 19 de agosto, com a Lagoa do Vigário sendo o local da primeira cena da reconstituição. Os envolvidos passaram, também, pelas praças do Rio Branco e de Custodópolis, cenários do crime e da negociação, respectivamente. Luana, cunhada da vítima e suspeita de ser mandante do crime, segundo o delegado, teria dito pela primeira vez ter feito contato com os suspeitos da execução antes do dia do crime. No entanto, nega ter encomendado a morte de Ana Paula. Durante toda a ação, populares acompanharam os movimentos dos policiais civis e dos três envolvidos, gritando “assassina”. A Guarda Civil Municipal esteve auxiliando o trânsito no lugar. 
Na Lagoa do Vigário, inicialmente, o ponto em que aconteceria o homicídio, Wermison Carlos Sigmaringa Ribeiro, Igor Magalhães de Souza e Luana Barreto Sales — cunhada da vítima — explicaram a sucessão das ações. Enquanto os executores assumiram a autoria, a suspeita de ser a mandante do crime nega sua participação da morte de Ana Paula. Devido à grande movimentação, no dia do fato, o lugar foi alterado para a praça do Rio Branco.
Por volta das 12h, já na praça onde o crime foi praticado, Wermison narrou os detalhes. De bicicleta, como o parceiro Igor, ele disse ter anunciado o assalto, gritando “perdeu” e apontando a arma para Ana Paula. Neste momento, a vítima puxou o celular. Luana, então, disse para a cunhada entregar o aparelho. Ana Paula seguiu o conselho. Em seguida, o suspeito, dando continuidade à simulação de assalto, apontou a arma para Luana, que deu em suas mãos o pacote com 500 reais, dinheiro que seria o pagamento final pelo homicídio, totalizando R$ 2.500. Ana Paula correu e foi baleada por Igor Magalhães de Souza. Quando a vítima já estava caída no chão, Wermison confessou ter disparado mais um tiro, mas não sabe se a atingiu.
Durante a primeira parte da reconstituição, ainda na Lagoa do Vigário, o delegado Luís Maurício Armond, responsável pelo caso, conversou com Luana sobre o seu primeiro depoimento, no qual ela disse que Ana Paula reconheceu os suspeitos, que a estariam perseguindo. Luana negou ter dito isso. A informação, no entanto, foi confirmada, na segunda parte da reconstituição, por Wermison, que afirmou o reconhecimento por parte da vítima.
Questionado pelo delegado Armond se Luana teria ficado nervosa no momento da ação, Wermison balançou a cabeça e afirmou: “ela fez aquela cena dela”. Ainda no local do crime, na praça do Rio Branco, Igor confirmou a versão de Wermison e admitiu ter dado de dois a três tiros em Ana Paula. A suspeita de ser a mandante declarou que foi chantageada pelos demais envolvidos e que estes a culparam pelo homicídio.
— Ocorreram diversas contradições. Ela nos relatou que recebeu ligações dos executores e que estava sendo ameaçada por eles. Se ela não colaborasse, eles iam fazer algum mal. Por isso, teria vindo para cá (praça do Rio Branco) e, na hora (no dia do crime), não falou porque teria ficado nervosa. Antes, em depoimento, disse que não os conhecia — explicou o delegado. O motivo da ameaça não foi esclarecido por Luana.
Após passarem pelos dois primeiros locais, a equipe da Polícia Civil seguiu com os envolvidos para a praça de Custodópolis. Os executores, Igor e Wermison, confirmaram o encontro, com o intermediário Marcelo Henrique Damasceno de Medeiros e Luana, para o acerto. Na ocasião, foram dados, pela cunhada da vítima, R$ 2 mil aos executores. Já Luana confessou que contatou os outros e os encontrou, mas deu uma versão diferente:
— De forma bem contundente, ela esclareceu toda essa negociação, apenas negando que tenha sido para matar. Ela disse que apenas queria uma investigação sobre uma pessoa, um susto. Não é muito clara. Ela alega que a intenção que tinha mudou após iniciar a conversa com os executores.
Armond declarou, também, que os pontos de divergência entre as versões dos suspeitos são a forma da abordagem, as ligações — que, ao contrário do que afirmou Luana sobre ameaças, eram o contato para a realização da execução —, a maneira como foi entregue o envelope com o restante do dinheiro combinado, a posição em que Luana estava sentada no momento da ação e os passos seguintes da suspeita. A motivação, no entanto, ainda não foi esclarecida.
— Ela permanece em silêncio. Nós temos algumas especulações, mas nada que eu possa afirmar ao público. Mas estamos buscando. Quanto ao fato criminoso, ele está bem solidificado e caracterizado. Todo o nosso liame está bem determinado.
Para o delegado, a reconstituição foi positiva e esclarecedora. “Nos trouxe, também, a disposição da Luana em apresentar vários fatos que, antes, não tinha falado porque permaneceu em silêncio. Nossas investigações estão extremamente eficazes. Essa motivação, é questão de pouco tempo para chegar ao nosso conhecimento. Agora, nós vamos fechar o inquérito do crime em si. Nós temos prazos para essas prisões se encerrarem. Depois, vamos ver se vão ser renovadas. E vamos verificar a motivação para finalizar.”
Fotos: Paulo Pinheiro

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