“Com a liberdade física, de palavras e atos a Garotinho, o governo Rafael Diniz (PPS) voltará ao foco, com o retorno do seu mais articulado e raivoso opositor”. O trecho da última nota desta coluna do dia 27 — antes de Anthony Garotinho (PR) de fato gozar da sua liberdade conseguida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) —, se confirmou no mesmo dia ao anoitecer e também ontem. Protagonista de um roteiro teatral, o condenado na Chequinho segue repetindo o mesmo discurso de defesa (“perseguição”) e ataque. Com piadas ensaiadas, que o alçariam à categoria stand up comedy, segue arrancando aplausos, como aconteceu ontem diante de aliados, no Rio Branco.

Mas o discurso, apesar de muitas vezes jocoso ao prefeito Rafael, integrantes do governo, vereadores e autoridades que atuaram na Chequinho, também tinha a tensão da preocupação que a maré de azar contra ele e a família não passará tão fácil. Garotinho voltou a colocar sua bola de cristal para funcionar e já prevê que agora as ações serão voltadas contra Rosinha. Ele disse que “agora vão ser feitas várias CPIs disso, daquilo” e conclamou a sua turma para “defendê-la nas redes sociais”. E por falar em Rosinha, ao participar da reunião de ontem, ela leu o trecho da fala do insuspeito presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, no voto do HC de Garotinho, em que ele disse que “é preciso ter vergonha na cara”, ao se referir aos juízes, e foi aplaudida. Um “herói” bem à altura do casal.

É de “heróis” como Gilmar que Garotinho vai precisar bastante ainda, inclusive se não tiver como provar acusações feitas aos seus adversários, como vereadores da base de Rafael, que já reagem às declarações feitas por ele sobre um possível recebimento de propina. O presidente da Câmara Municipal de Campos, vereador Marcão Gomes (Rede), garante tomar medidas contra o ex-governador e já disparou: “O senhor Anthony Garotinho pensa que todo mundo é bandido como ele (...) E será tratado como o bandido que é: na delegacia de Polícia e na Justiça”. E na 134ª DP (Centro) já que existe uma queixa registrada pelo vereador Jorginho Virgilio (PRP) contra Garotinho por calúnia.

A Saúde de Campos é sempre um assunto polêmico onde quer que seja conversado. Mas sem dúvida, na Câmara Municipal o tema se torna ainda mais espinhento. E não deve ser diferente hoje quando será realizada a Audiência Pública para apresentação do Relatório de Gestão do 2º Quadrimestre de 2017 da secretaria municipal de Saúde. A audiência será realizada no plenário, às 10h. A secretária Fabiana Catalani é esperada e deve ouvir bastantes questionamentos dos vereadores, já que a pasta sempre é alvo de debate na Casa.

Ainda caminhando para amenizar os efeitos da crise no estado, o Governo do Rio avançou um pouco mais ontem para conseguir fazer a operação financeira que garantirá R$ 3,5 bilhões destinados ao pagamento de salários atrasados, o que pode, por exemplo, colocar fim definitivo a greves como da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que já dura insuportáveis 57 dias. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou, ontem, o último projeto que libera o governo estadual a receber empréstimo. O texto seguirá para a sanção do governador Luiz Fernando Pezão.

A securitização da dívida ativa do Estado do Rio de Janeiro também deve gerar uma antecipação de receita no valor de R$ 702 milhões, segundo afirmou o procurador-geral, Leonardo Espíndola, durante reunião da Comissão de Representação da Dívida Ativa da Alerj, ontem. A securitização antecipa pagamentos previstos em parcelamentos feitos por contribuintes que negociaram suas dívidas por meio da transferência de títulos para instituições financeiras. A operação vai antecipar recursos que seriam recebidos até 2024.

A economia no Rio também começa a ganhar fôlego com novos investimentos previstos na Bacia de Campos e no Porto do Açu, em São João da Barra. Uma notícia, que impactou positivamente, partiu do Governo do Estado. A secretaria Estadual da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico já apresentou ao ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) o projeto de criação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE). O projeto é para implantação no Distrito Industrial de São João da Barra, na área do Porto. As ZPEs têm sido estratégicas para o sucesso de economias de vários países.