Guilherme Belido escreve - Menos Brasília e mais Brasil
14/10/2017 17:05 - Atualizado em 20/10/2017 17:55
Em meio ao feriado prolongado com direito a início do Horário de Verão, muita gente na praia aproveitando a folga de amanhã no comércio e o sol que neste 2017 apareceu bem antes, praticamente antecipando a alta temporada, reflito, se pelas circunstâncias deste domingo, alguém estaria lá interessado num texto sobre as cansativas mazelas da política, associado à questão econômica – quer local, quer de Brasília –, ou se um ‘refresco’ cairia melhor, seja no sentido sugerido, seja no literal, com esse calorão todo?
Domingo, feriado, sol, praia e texto longo... Sei não? Penso que o leitor olharia a matéria, faria um muxoxo, e fecharia o jornal.
Então, melhor variar. Poucas linhas nesta página costumeiramente de muitas palavras.
Aproveitando o contexto para breve inferição, penso que não apenas pelas circunstâncias do dia, mas tudo por tudo, o brasileiro já esteja até pescoço das mesmas situações e dos mesmos personagens que há mais de três anos abarrotam o noticiário num sem fim que rodopia interminavelmente sobre o mesmo eixo.
Orgulho – Não que a Operação Lava Jato – mola propulsora de tudo isso, responsável por passar o País a limpo e livrá-lo da velha âncora que, coberta de pesada lama, há décadas prende o Brasil ao fundo – não seja festejada e muito bem vinda. Ao contrário, ela, hoje, simboliza o orgulho da Nação.
Mas precisa de um ponto final. Não está em suas mãos, é bem verdade. A infindável burocracia do judiciário, os recursos, as medidas protelatórias e o caminhar por todas as instâncias beneficiam a lentidão.
Isso para não falar daqueles que tentam, sorrateiramente, desacreditar a Lava Jato, agarrando-se a cada vírgula, a um ou outro excesso isolado, e a cada eventual erro, para desestabilizá-la. Como se obrigada à perfeição e como se o errar – aqui, lá ou acolá – não fosse inerente ao ser humano.
Por conta disso a Lava Jato precisa se reinventar – o que não é fácil. Mas deve buscar a inovação como forma de sobrevivência. As investigações não vão acabar por agora. Mas, de alguma forma, a Operação deveria tentar fechar etapas, ciclos.
Pressionar juntamente com a sociedade para que os tribunais superiores – sem que passem por cima do amplo direito da defesa garantido a todos – criminosos ou não –, agilizem suas decisões e sentenças, e que o Brasil não fique refém exatamente do que colocou em prática para se libertar.
Mas essa gente, com todo respeito, já deu
A grosso modo, estamos a dois meses e meio de deixar 2017 no retrovisor e renovar as expectativas para o Ano Novo. É bem verdade, não vai mudar muito... tampouco em ano eleitoral.
Afinal, o novo presidente, governadores e Câmara vão sair desta base corrompida. Mas, de toda sorte, será ano de eleições. O Brasil não é mais o mesmo e o novo presidente (mesmo com nenhum nome empolgando) pode até surpreender e romper com as velhas práticas.
Seja como for, ninguém aguenta mais ouvir em Lula, Dilma, Aécio, Sarney e Temer. Em Elizeu Padilha, Moreira Franco e Renan Calheiros.
Em ouvir do triplex de Lula, que não é dele. Do sítio, que não é dele. Do apartamento, que é alugado, das contas no exterior, Odebrechet, JBS, palestras e a ética petista... Não dá!
É bem verdade, o ex-presidente pode até virar candidato se a condenação a que já está submetido não for confirmada em 2º instância. Mas... será? Tem algum cabimento se no conjunto de evidências mais visível e barulhento que um desfile de escola de samba, Lula aparecer no Horário Eleitoral pedindo votos para o terceiro mandato?
Quanto a Temer, até lá terá perdido metade de sua popularidade, o que significa baixar para 1,5%. Não confundir com 15% – o que já seria ridículo. Mas é 1,5% mesmo. Hoje chamado pela imprensa internacional de “líder impopular”, a mídia estrangeira vai ter que encontrar outra definição.
Enfim, não dá mais pra ele. Seria uma desmoralização. Seja barrando uma, duas ou dez denúncias na Câmara, o áudio está lá. Se em parte adulterado (o que não se comprovou) de parte dele, também, não há dúvida. Quer pelo que falou, quer pelo que escutou.
Os outros – E o povo brasileiro não tem mais estrutura para ouvir que Aécio não pediu a Joesley o dinheiro que pediu; que Renan, recordista de processos no STF, não fez nada de errado e que Rocha Loures não saiu correndo como um ladrão (como?) carregando mala de dinheiro de propina.
A população não aguenta sequer ver a cara dos irmãos Batista, e mais Jucá, Padilha, Moreira, Geddel e por aí segue.
Os que já estão presos, nem se fala. Cansamos. O Brasil quer se esquecer dessa gente.
Torçamos para que 2018, ainda com muito pântano a percorrer, seja o ano que, no mínimo, anteceda aquele tão esperado... Em que o País já terá sido passado a limpo e no qual a corrupção não seja protagonista.

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