Não existe receita de bolo para os relacionamentos...
24/07/2017 12:09 - Atualizado em 24/07/2017 12:10
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amores / Blog Melhor com Saúde
 Saudade e distância são dois registros que nos suscitam inúmeros questionamentos. Muitas vezes, é na ausência que dimensionamos a imensidão dos espaços ocupados em nossa vida. Família... trabalho...amigos... tudo parece infinitamente maior quando estamos longe. Mas qual será o verdadeiro entendimento que temos a cerca daqueles que tanto nos completam e nos fazem felizes?
Como disse o poeta Rainer Maria Rilke, “A alma do outro é uma floresta escura”.
Podemos conviver décadas com filhos, pais, parceiros e amigos sem nunca conseguirmos, de fato, uma intensa relação.
Sorrir e chorar junto, gostar da mesma coisa e até mesmo superar, lado a lado, grandes conflitos não significa, necessariamente, alcançar o íntimo do outro e romper as barreiras do individualismo.
Quantos aborrecimentos surgem daí? Alguns mal-entendidos, brigas e mágoas se dão, não porque somos maus ou porque temos a intenção de ferir o outro, mas, exatamente, pelo fato de avaliarmos de forma errada as relações e os sentimentos alheios.
Relacionar-se é uma deliciosa aventura e, ao mesmo tempo, uma fonte imensurável de alegria e risco.
Em todo mal-entendido reside muito desgaste e sofrimento desnecessário. Por isso, é preciso estar atento àqueles que amamos, aos anseios e necessidades daqueles que nos cercam. Atenção à palavra que devia ter sido pronunciada, mas ficou fechada na garganta e era hora de falar e, sobretudo, ao silêncio que não foi erguido no momento exato quando era momento de calar.
São nos relacionamentos que as personalidades se confrontam, os medos se comunicam e a sutil necessidade de impor, característica inerente ao ser humano, se aflora e se disfarça em zelo e proteção. Se somos todos tão dependentes de amar e receber amor, precisamos lapidar nossas emoções e fixar atitudes que alarguem nossos passos e abram nosso coração em direção ao outro.
Partilhar a vida com alguém é a oportunidade divina de enriquecê-la. Sempre vale a pena apostar nos relacionamentos quando entre os pares, sejam eles, filhos, pais, companheiros ou amigos, existe a vontade de descobrir esse outro, tocar sua alma, entender o que deseja, do que precisa, o que pode e o que lhe é possível fazer.
Não há manuais de instrução, guias rápidos ou receitas capazes de aprimorar os relacionamentos humanos. Nem seria preciso. Temos mecanismos, fundamentalmente, mais poderosos: a sinceridade, a abertura, a humildade e, prioritariamente, o amor. Esses mecanismos nos permitem sair de nossas próprias varandas e olhar em torno. Compreender que a existência humana é bem maior que nossas pequenas certezas individuais. Se nos escondemos nelas, perdemos a oportunidade de escutarmos o outro e renovarmos nossos conteúdos. Sequer compreendemos que as inevitáveis perdas podem pesar menos que os possíveis ganhos e elas dependem de nossas atitudes. Viver deve ser a arte de compartilhar e a chance de recriar-se. A vida e, em conseqüência, os relacionamentos, deve ser elaborada e, quantas vezes forem necessárias, recriada.
Ansiando por coisas prontas e procurando, no outro, os modelos exatos das coisas que nos completam, jamais encontraremos a cumplicidade tão necessária nos relacionamentos diários. Admitir a liberdade do outro é tarefa árdua e fundamental para o próprio crescimento. A alma daqueles que amamos será sempre uma terra inexplorada e não-mapeada, mas a humildade e a coragem de habitá-la sempre serão facilitadores desse sinuoso caminho.
Erguemos muralhas difíceis de invadir porque, inseguros de nossos potenciais, precisamos disfarçar-nos em ares imponentes e inabaláveis. Enquanto isso, impedimos que o outro nos descubra e se aproxime.
O convívio humano já foi comparado ao exercício do amor na corda bamba. Grande é o risco, como deliciosas são as recompensas. O abraço das almas é o mais satisfatório dos encontros, mas é preciso tirar os disfarces, aposentar as máscaras, avaliar e permitir-se.
O risco faz parte do processo e as desilusões são tropeços necessários ao amadurecimento... não existe definitivamente uma receita de bolo para seguirmos em nossos relacionamentos...
Seja como for, desejo que a alma daqueles que você ama, seja sempre a busca constante de seu encontro e crescimento pessoal, para que os relacionamentos floresçam e o estreitamento dos laços afetivos sejam instrumentos de reescrita de sua história.
Com afeto,
Beth Landim

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