Oposição: 2º turno dirá quem é
25/08/2016 09:08

Alexandre bastos, Aluysio Abreu Barbosa, Suzy Monteiro e ArnaldoNeto
Foto: Michelle Richa

O vereador Nildo Cardoso, candidato à Prefeitura de Campos pelo DEM, fez um alerta sobre a possibilidade de “jogo duplo” na oposição, mas garantiu que estará ao lado dos oposicionistas em um eventual segundo turno. Para Nildo, que chamou os três jovens da oposição (Rafael Diniz, Caio Vianna e Rogério Matoso) de meninos, é preciso muita experiência administrativa para “descascar o abacaxi que será encontrado em 2017”. O candidato não poupou Geraldo Pudim (PMDB), apontado por ele como “o líder da rejeição”. Ao candidato governista, Dr. Chicão (PR), prometeu perguntar sobre o papel de Garotinho caso o médico vença. Ele também disse que a prefeita Rosinha Garotinho (PR) poderá responder por “muitas coisas que assinou nos últimos anos”. Na visão dele, o momento pede um projeto alternativo. Nildo cobra a participação do eleitor mais esclarecido, sobretudo os que querem ver “o grupo que está no poder bem longe da Prefeitura”.

Folha da Manhã – No pleito de 2012 você foi o vereador mais votado com 6.376 votos. Mas até agora, nas primeiras pesquisas divulgadas o seu nome aparece descolado do primeiro bloco de liderança. O fato de ter sido o mais votado influenciou na sua decisão de ser candidato a prefeito? A pesquisa reflete que candidatos do legislativo têm dificuldade de repetir seus feitos na eleição para Executivo?
Nildo Cardoso – O processo eleitoral teve início na semana passada. Antes disso não tinha nenhuma candidatura posta. O que tínhamos eram pré-candidaturas. Agora sim, temos os candidatos. Esse é um ponto. Agora tem a questão do plano de governo, que o candidato tem que apresentar para a sociedade. Esse é um ponto que começa a ser analisado quando você passa a ter as reuniões com a sociedade, membros da sociedade civil organizada, sindicatos, a classe de um modo geral, formadora de opinião em nosso município. A classe empregadora, o meio universitário. Começamos a fazer esse trabalho. Eu prefiro desvincular essa questão do Legislativo apenas ligado ao aspecto da experiência. Estou em meu terceiro mandato, vereador mais votado, empresário, 27 anos de atuação no segmento cerâmico, nem vou retroagir porque podem achar que estou velho demais. Me considero preparado para administrar a nossa cidade. Isso é fundamental, sem querer desmerecer os anseios e desejos de cada um dos candidatos que estão colocados na disputa.

Folha – Mas você não acha que, a priori, o vereador mais votado na última eleição teria um recall que o permitiria largar um pouco melhor nas primeiras pesquisas?
Nildo – Tem gente que está fazendo campanha há três anos. E todos falando a mesma coisa: Nildo Cradoso não é candidato, não é candidato a prefeito, Nildo Cardoso é ligado e vai apoiar fulano, Nildo Cardoso é vice de não sei quem. Mas é bom destacar que Nildo Cardoso sempre se colocou como candidato a prefeito. Em momento nenhum eu deixei de ser candidato. Em momento algum participei de reunião com equipe de oposição, ou candidato, ou frente de oposição. Quando a campanha for para as ruas, como está sendo colocada agora e, principalmente, através dos meios de comunicação como horário eleitoral, aí as pessoas vão colocar as suas propostas. Eu tinha uma decisão formada, através do meu partido, eu não teria que provar mais nada para ninguém. Mas tem gente que está fazendo campanha há dois anos na mídia, na rede social. Se dizendo candidato, candidato, candidato e candidato.

Folha – Quem?
Nildo – O próprio Arnaldo antes e depois o filho. A mesma coisa de Pudim quando eu saí do PMDB. Pudim entrou no PMDB no ano passado para ser candidato a prefeito e eu tive que sair. O próprio Rafael, que eu tenho uma consideração muito grande, até como um filho, porque eu considerava o pai como meu irmão, foi colega na Câmara de 2000 a 2004, está se colocando como candidato a prefeito há três anos. Essa é a realidade. E a máquina tinha uma pulverização de 12 a 15 candidatos, e hoje temos a definição da candidatura do vice-prefeito. Começamos a colocar o nosso nome agora e vamos caminhar por todos os distritos do município, 150 quilômetros de extremidade que temos, e acho que os números vão mudar. Até porque, não dá pra entender essa matemática. Até acho que eu sou um pouco bom nisso. Como você faz uma pesquisa, sabendo que 30% do eleitorado de Campos não vai votar, mas tem levantamento que está dando 17%. Aí eu pergunto: esses outros 13% vai pra quem? Analisem as pesquisas.

Folha – Estamos analisando.
Nildo – Eu sei, mas a espontânea tá dando mais de 60% de indecisos. A espontânea não induz o eleitor, colocando os nomes. Os nomes já estão colocados. Temos cinco nomes de oposição, entre aspas, e temos um do governo.

Folha – Por que oposição entre aspas?
Nildo – Porque só vou saber quem é oposição no segundo turno. No primeiro turno não posso falar nada. Eu falo por mim. Nildo Cardoso é líder da oposição em três mandatos. E todos eles se mantendo na oposição. No segundo turno é que vamos ver quem é que está correndo por fora, para fazer o jogo duplo, e quem é realmente oposição. Porque falar antes da eleição é uma coisa. Já aconteceu um fato semelhante em 2008.

Folha – Paulo Feijó?
Nildo – Exatamente. O cidadão chamado Feijó, que estava no PSDB, falava com todas as letras que ia para o segundo turno e fez 3.500 votos para prefeito. Ele estava fazendo um trabalho para o grupo que está agora no poder.

Folha – Pelo PMDB você foi o vereador mais votado em 2012. Sentiu-se desprestigiado com a facilidade que o partido ter filiado e lançado Geraldo Pudim?
Nildo – Infelizmente os partidos hoje são negociados de cima para baixo. O único acordo que aconteceu de baixo pra cima foi a coligação DEM e PP. Foi um compromisso entre Papinha e Nildo Cardoso que seguramos até o último dia. Porque a pressão no Rio, para pegar o partido de cima para baixo, foi muito grande. Todos os partidos, não estou livrando a cara de ninguém. Trabalhamos em silêncio para consolidar essa aliança. Assim como o PMDB teve o PSD, que nós tivemos que sair porque foi tomado de assalto no apagar das luzes.

Folha – Você saiu do PMDB, foi para o PSD, que chegou a ser oferecido a Feijó, mas este achou melhor continuar no PR, e depois pegou o DEM que estava com Hélio Nahim. Tantas mudanças de última hora não revelam certa insegurança?
Nildo – Não existe insegurança. Aconteceu a mesma coisa em Friburgo, com o prefeito. Ele vai buscar a reeleição. Estava no PSD, meu segundo partido, e agora é candidato pelo DEM. Isso aconteceu em muitas cidades do interior onde o DEM agora é cabeça de chapa.

Folha – Na atual legislatura você é o líder da oposição. Como que o líder da oposição não saiu cacifado para ser o candidato da oposição? Hoje, só no bloco de oposição são duas candidaturas: a sua e de Rafael.
Nildo – Isso daí é uma questão partidária. Eu sou líder da oposição, mas cada um integra um partido. Marcão, quando estava no PT, poderia ser candidato também. Poderíamos ter até três candidaturas dentro daquele bloco inicial. Isso daí não é uma vontade do Nildo Cardoso, nem dos vereadores de oposição. É um desejo do partido. Qual é o partido que não quer ter um município como Campos, que é uma referência regional? Campos representa uma área fundamental no processo eleitoral do estado. Todos os partidos têm interesse em lançar candidatura própria em Campos. É por isso que eu dizia que teríamos de três a quatro candidatos de oposição. Mas eu acho que cinco ainda não está ruim, não. Está dentro do que é preciso para levar a eleição de Campos para o segundo turno, não tenho dúvida disso.

Folha – Ao lançar a sua campanha na Baixada você falou sobre “candidatos que não administraram nem quitanda”. Esse tipo de declaração tem endereço certo: os jovens da oposição. Esses arranhões podem atrapalhar uma aliança no segundo turno?
Nildo – Isso depende do eleitor. Falar a verdade não atrapalha em nada, o que atrapalha é falar mentira. Eu só tenho o meu voto. As pessoas que me acompanham, estão comigo porque acham que tenho postura e coerência no que falo. E o que falei, reafirmo tudo. Tudo que falo em qualquer reunião, reafirmo em qualquer local. Eu sinto que isso é verdade. Algumas pessoas têm um futuro brilhante pela frente, com muito preparo para começar uma carreira política. Mas administrar um município com meio milhão de habitantes, uma dívida de R$ 1 bilhão, obras inacabadas, muitos processos de empresas que prestam serviço sem receber, orçamento reduzido, enxugar a máquina com empreiteiros batendo na porta, tem que ter estrutura. Não é qualquer um que encara essa pedreira, não. Vai ter que delegar poderes para alguém fazer isso? Aqui eu vou resolver. Tem que ter bagagem para assumir essa responsabilidade. O preparo vai ser fundamental para administrar essa cidade logo no início de 2017.

Folha – O fato de o seu filho estar na disputa por uma cadeira na Câmara não intimida os outros nomes que fazem parte da nominata, como ocorreu em 2008 quando Ilsan Viana foi candidata a vereadora?
Nildo – Com todo respeito que tenho aos membros da família Viana, essa comparação não vai funcionar comigo. Meu filho faz parte de um segmento produtivo da Baixada Campista que tem sete mil funcionários diretos e 20 mil indiretos. A escolha dele não foi exclusividade de Nildo Cardoso. A escolha do meu filho José Leandro foi uma escolha do segmento cerâmico. É o único que já trabalha há 17 anos no segmento e 13 anos como meu sócio. E ele é advogado há 10 anos, com apenas 32 anos de idade. É por isso que eu acho que ele tá preparado. Não para ser prefeito de Campos, apesar de ter mais experiência do que muitos candidatos que estão aí. Mas ele está preparado para ocupar esta cadeira e representar muito bem o segmento cerâmico.

Folha – Ao contar sua história você sempre destaca que não é fruto de uma oligarquia política. Mas agora, lança o seu filho vereador. Não foi fruto, mas pode ser semente de uma nova oligarquia?
Nildo – Não. Até porque eu só tenho uma pretensão: administrar e colocar o meu município no lugar que merece. Eu não quero ser governador, não quero ser senador, não quero ser deputado federal. Quero sair e deixá-lo como representante na Câmara e o futuro quem vai escolher é ele, não sou eu. Ele tem iniciativa própria. É empresário, casado, tem um casal de filhos, é uma pessoa bem sucedida profissionalmente e tem formação. O destino dele, abaixo de Deus, ele decide.

Folha – Campos conta com boa parte do eleitorado com perfil conservador. Filiado ao DEM, um partido com característica conservadora, você pensa em conquistar esse tipo de eleitor? O eleitor do Jair Bolsonaro (PSC), por exemplo, vai te identificar como uma opção?
Nildo – O Bolsonaro saiu do PP e foi para o PSC. Vou desvincular um pouco a questão do Bolsonaro. Mas vejo nela coisas positivas e negativas. Ex-militar do Exército, creio que é muito radical, sem conseguir ponderar. Muita gente gosta disso, mas coloque como candidato a governador para ver se ele chega... Coloca como presidente da República. Não chega. Cada um tem o seu perfil. E o perfil de um gestor para o cargo executivo é um, para o legislativo pode ser outro. Ele tem o perfil do legislativo.

Folha – Muitos te apontam como um coronel da Baixada, por conta da sua postura mais dura. Esse perfil pode atrapalhar caso seja eleito, na hora de conversar com as mais diversas correntes?
Nildo – Me chamar de coronel não funciona. O meu jeito de ser é porque sou filho de uma família de oito irmãos, meu pai trabalhou na usina de Poço Gordo para criar os oito filhos, ganhando salário mínimo, e isso não permite que a gente tenha uma vida mais tranquila. Comecei a trabalhar com 10 anos de idade. Quando você começa a trabalhar na roça, com facão e enxada aos 10 anos, para ajudar no sustento da família, isso te amadurece e, em certo ponto, também endurece. Comecei a trabalhar na livraria Ao Livro Verde com 14 anos de idade, com carteira assinada, depois trabalhei no Bradesco, depois no ramo de confecção e na cerâmica. São 43 anos desde a primeira assinatura na carteira. Isso não é ser coronel, é ser um batalhador, lutar pelo seu espaço. As pessoas dizem: como vou articular? Eu que faço uma pergunta: como é que esses meninos vão articular com a Câmara? Eu tenho uma relação de respeito com os vereadores de todas as correntes, como é o caso da minha relação com Edson Batista (PTB), que é antiga. As pessoas me perguntam se vai ter emenda para vereador. Vai, por que não? O vereador tem a demanda da sua região. Ele só não vai indicar empreiteiro. Vai passar por processo de licitação.

Folha – Essa indicação de empreiteiro acontece hoje?
Nildo – Hoje não tem emenda para vereador. Foi aprovada uma emenda impositiva há dois anos. Nós votamos e aprovamos, só que na tribuna eu avisei e mandei constar em ata que era conversa fiada. Na época o presidente disse que era Lei e que eu não poderia falar aquilo. Já estamos nos aproximando de três anos e não aconteceu.

Folha – Ao comentar sobre candidatos, você citou “os meninos”. Quem são eles?
Nildo – Os meninos são as pessoas que têm a idade dos meus filhos. Tenho um de 28, um de 32 e outro de 33.

Folha – Seriam Rafael, Caio e Rogério?
Nildo – Rogério tem uma experiência um pouco maior porque é comerciante. Mas são os três. Estou falando em experiência como empresário, que administra 150 funcionários diariamente. Quem tem empresa sabe o que é manter um equilíbrio financeiro para conseguir cobrir as despesas. Isso se conquista gradativamente. Nós não começamos com três cerâmicas. Não herdamos nada, a não ser a educação familiar. Tudo que conseguimos foi com muita luta e sacrifício durante quase 30 anos. Todos têm um futuro brilhante pela frente. Eu vim aqui para falar de Nildo Cardoso, eu não vim aqui para falar de candidatos que concorrem com Nildo Cardoso.

Folha – Mas quando você fala “meninos”, é preciso saber.
Nildo – Todos, sem exceção. O que não posso falar é de um menino que tem a minha idade. Exatamente quem: Geraldo Pudim, que há dois anos foi eleito no PR. Eu não vou falar, não? Ou será que a população que tá lá fora acompanhando a gente não sabe que isso é verdade? Como vai desvincular, se era o candidato da família que tá no governo hoje? Vai dizer que é mentira? Como vou dizer que esses jovens não terão um futuro brilhante pela frente? Acredito 100% nisso. Mas o momento não é esse. É como sair da política e colocar um dos meus filhos, um de 33 e outro de 32, para ser prefeito de Campos. Eu não estaria agindo corretamente, porque eles não estão prontos. Como empresários e gestores, sim. Mas como político, não. É preciso conhecer o regimento interno, a lei orgânica do município, a Constituição. Não basta falar bonito e se apresentar bem, ainda mais para administrar um abacaxi gigante que o município tem pela frente.

Folha – Você sempre foi oposição. Não é mais fácil ser pedra no Legislativo do que vidraça no Executivo? Não é mais fácil falar do que resolver?
Nildo – Mas essa é a grande questão. Quem está pronto para resolver? Tem que olhar a trajetória de cada um que está se apresentando como alternativa. Vai ser a pessoa ou a equipe de trabalho que vai fazer isso? Ou então vamos cair em um governo Mocaiber, onde todo mundo mandava e ele era o que menos mandava. Vai virar isso? Hoje temos uma prefeita em Campos, já são oito anos, mas na realidade ela não recebe um vereador, só pra sair na foto, recebe empresário de fora só pra sair na foto.

Folha – Mas ela assina contrato do “Morar Feliz” com Benedicto, ex-executivo da Odebrecht.
Nildo – Isso custou R$ 1 bilhão, né. Isso aí ela tem que ir, porque ele não pode. Quem tem que ir é exatamente ela, porque a ordenadora de despesa é ela. Tenho preocupação como cidadão e como vereador, e como candidato a prefeito, com o futuro de uma mãe, de uma avó, de uma mulher que vem assinando tanta coisa. E tanta coisa que já levou a três cassações, e conseguindo retornar na primeira após oito meses, se não me falha a memória, e as outras com retorno imediato. Fico preocupado com o que estar por vir. Não por vontade dela, já que na realidade ela pouco resolve e pouco manda. Mas é a ordenadora de despesas.

Folha – Vontade de quem, se não é vontade dela?
Nildo – Do marido. Ela entregou o diploma para ele duas vezes no Trianon. Ele administra e ela assina.

Folha – Acredita que ela responderá judicialmente por muitas situações?
Nildo – A gestora é ela. São muitos processos que tramitam no Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, no MP. Tem essa questão agora dessa quantidade de RPA que foram inseridos na máquina pública. A quantidade de cheque distribuídos é uma coisa assustadora. Tem família que recebe quatro, cinco.

Folha – Durante uma sessão da Câmara você denunciou uma suposta distribuição de Cheque Cidadão e chegou a dizer que poderia citar nomes de vereadores.
Nildo – Agora não vou dizer nomes porque estamos em um processo eleitoral. Mas tudo isso está na Justiça. Inclusive, serei chamado para dar esclarecimentos. Porque tem nome e endereço de pessoas que não tinham o cartão, que estavam sem há um ano e meio, e agora apareceu na conta.

Folha – É uma ação na justiça comum ou eleitoral?
Nildo – Tem uma ação, é na eleitoral. E não fui só eu. Tem mais gente que denunciou na tribuna da Câmara. Eu denunciei distribuição de cheque cidadão que vinha sendo feita por cabo eleitoral ligado a vereador. É uma grande brincadeira. Tem gente com carro novo na garagem recebendo e gente que precisa em o benefício.

Folha – E as contratações por RPA?
Nildo – Nós também fizemos uma denúncia sobre a contratação por RPA. Isso foi falado no plenário da Câmara e acho que está sendo apurado pela Justiça.

Folha – Você foi um grande amigo do ex-vereador e ex-deputado Sergio Diniz e diz ter por Rafael um carinho como se fosse um filho. Por que não foi possível caminhar ao lado dele neste processo eleitoral?
Nildo – O partido me deu o poder de decidir qual seria o melhor caminho em Campos. Mas acredito que isso não ocorreu com o PPS. No DEM eu sou o presidente em Campos, e no PPS é o Sérgio Mendes. A decisão não é dele, no caso de ser candidato a vice-prefeito. Acho que seria difícil explicar para a população que eu, com 57 anos de idade, com três mandatos de vereador, o mais votado, empresário com mais de 30 anos, juntando confecção e cerâmica, chegar a ser vice de um jovem promissor, com pouco mais de 30 anos de idade. A gente precisa separar as coisas. Eu conversei individualmente com quase todos os candidatos. Menos a máquina, com certeza. Quero destacar também uma coisa. Os eleitores esclarecidos vão decidir o voto faltando 48 horas para o pleito. Ele vai analisar muito, esse tipo de eleitor é exigente. Isso é importante. O que ele não pode fazer é deixar de votar por estar revoltado com o atual governo. E é isso que pode dar a eleição para o atual governo. Pode nem votar em Nildo Cardoso. Se quer mudar, têm cinco candidatos. Faz uma análise e escolhe. O que não pode é deixar de votar.

Folha – Caso seja eleito, pretende fazer uma auditoria nas contas da Prefeitura. O candidato Geraldo Pudim falou que pretende entrar com a Polícia Federal, TCE, Câmara e MPF.
Nildo – Vai ser preciso avaliar muito bem tudo o que será deixado por este governo. Até porque, não será possível pagar a dívida. Na verdade, nós nem sabemos qual é o tamanho do problema. É bom também destacar que fui citado como menos indicado ao lado de Rogerinho Matoso. Quero dizer que o menos indicado é quem tem mais rejeição. Politicamente falando, quem tem mais rejeição é o menos indicado para chegar lá.

Folha – Você está falando de Pudim?
Nildo – Exatamente. Ele citou o meu nome e citou Rogerinho. Falou em pesquisa. Mas é pesquisa de quem? Quem fez a pesquisa? Quem estava colocado como candidato naquele momento? Nós tivemos reviravoltas no apagar das luzes.

Folha – Ele comentou sobre uma pesquisa interna que não está registrada. E disse que Chicão seria o primeiro em rejeição.
Nildo – Isso eu posso fazer e colocar em primeiro. Sobre a rejeição, ele (Pudim) é o primeiro. Com todo respeito que tenho a pessoa dele, discordo. Nesse período de 26 anos de convivência dele com o casal, a Justiça já deveria ter entrado na Prefeitura há muito mais tempo. Até a pedido dele, como deputado. Ele foi deputado federal, exatamente do grupo que tá aí. Por que não fez isso na época? Poderia sugerir a Polícia Federal, MPF, TCE.

Folha – Ele também citou a Câmara
Nildo – A Câmara não entra em lugar nenhum. Se entra no Cesec é um espalha bolinho danado. Se nós vereadores, que somos fiscais do povo, eleitos pelo povo, para fiscalizar as ações do poder executivo, nós temos dificuldade de entrar no Cesec. Eu vou ser sincero, só entrei uma vez. Vou terminar o mandato no dia 31 de dezembro e só entrei uma vez lá para ir até a Procuradoria para resolver o problema de uma entidade que tem direito, por Lei, a questão de utilidade pública, votada em 1958, por coincidência, no ano em que nasci, e ao chegar lá fui atendido pelo Procurador do Município. Saí e nunca mais entrei. Foi a única vez nesse mandato. Quatro anos e só entrei uma vez. Porque a gente sabe que quando a gente chega ali parece chegou um monstro, um bicho. É melhor fazer via Câmara, por meio de ofício. O funcionário vai lá e faz o protocolo que tem que fazer.

Folha – O candidato Rogério Matoso disse que o governo Rosinha quebrou Campos. Qual é a sua avaliação sobre a situação financeira do município? Qual é a perspectiva para o próximo prefeito?
Nildo – Trabalho muito com números. E os números dizem o seguinte: Arnaldo terminou o governo dele com orçamento de R$ 1,7 bilhão, entre 2000 e 2004. Oito anos depois, Rosinha terminou o dela com R$ 7 bilhões, entre 2009 e 2012. Será que a nossa população cresceu na mesma proporção? Será que o número de doentes cresceu na mesma proporção? Será que o número de alunos nas escolas e creches cresceu na mesma proporção? E o transporte, quanto tempo a passagem ficou congelada? Quando o empresário não tinha dinheiro, porque não tinha certidão negativa de nada, foram lá e compraram ônibus. Mas isso não é gestão, é brincar com a coisa pública. O que precisa é chamar o empresário pra perto e analisar uma planilha de custos comparada a um município do mesmo porte, com o mesmo tamanho. Tem que ser bom para o poder público, na contrapartida, e também para os empresários sobreviverem. Hoje, das 16, 17 empresas de ônibus que nós tínhamos em Campos, só ficaram seis, as outras saíram do mercado completamente. O problema de Campos não é dinheiro, é gestão. É essa terceirização maluca que tem. Você vai ver as empresas, muitas são da Baixada Fluminense. O home care deixou de ser de uma empresária de Campos e passou para São João de Meriti. A terceirização das ambulâncias vai acabar no nosso governo. Vamos municipalizar. É muito dinheiro que se gasta por ano. As pessoas precisam entender que ambulância tem 45% de isenção de IPI. O custo é muito menor. A terceirização deixa o valor muito elevado. A empresa é de Caxias. Temos também uma empresa do Espírito Santo que ganha R$ 1 milhão por mês para molhar a grama da nossa cidade. Isso fica em R$ 12 milhões por ano. Por que não coloca um caminhão pipa da Águas do Paraíba para fazer isso? É uma concessão de serviço público. O que falta é cortar onde tem que cortar. E tem muita gordura que tem que ser cortada para que o dinheiro passe a circular em nossa cidade. Temos que enxugar a máquina.

Folha – O candidato Pudim disse que o ex-prefeito Arnaldo Vianna será o que quiser no governo dele. E no seu governo, o seu candidato a vice, Papinha, que preside o PP em Campos, será o que quiser?
Nildo – Não. Ele vai ser o vice-prefeito de Campos. A única coisa que ele vai poder escolher é se ele vai ser deputado estadual ou federal. Essa liberdade ele vai ter. Agora, a administração vai ser conjunta. Juntos vamos criar subprefeituras em nosso município. Tem que ter uma subprefeitura em Travessão, na Baixada, na região de Ibitioca para Serrinha, para atender o pessoal daquela região. Eu sempre falo que estou desempregado. Tenho três empresas e todos os filhos são sócios delas. Eles podem tomar conta e eu terei tempo para administrar o município de Campos. Já cumpri a minha etapa como empresário. Sobre Papinha, foi a melhor aliança que fizemos. É a melhor aliança entre todos os partidos. Foi feita com responsabilidade, de baixo pra cima e não de cima para baixo, e agregando duas áreas diferentes. Uma região da 100ª e uma região da Baixada. Todo mundo buscando o Centro da cidade. Eu moro no Turf há 33 anos. É bom registrar isso. Dizem: Nildo é da Baixada. Sou da Baixada, trabalho lá, mas eu sou morador do Turf, meus filhos nasceram na rua Cardoso Moreira 177. Todos os três nasceram ali.

Folha – Você reafirma o compromisso de estar com a oposição no segundo turno, independente de quem for, como espera que estejam com você?
Nildo – O debate vai acontecer na TV, em entidades e com certeza iremos divergir em alguns pontos. Mas no segundo turno, não tenha dúvida nenhuma: oposição, oposição, oposição e oposição. E vou fazer questão de perguntar ao candidato Chicão se ele quer governar ou deixar Garotinho no comando.

Folha – Deseja fazer alguma consideração final?
Nildo – Meu objetivo é falar menos dos outros e mais sobre as minhas propostas. Temos um plano de governo que prevê alternativas para Saúde, Educação, Transporte, Agricultura, por exemplo. Vamos rever todos esses contratos da Prefeitura. Vamos acabar com esse desperdício, como citei os casos da empresa que molha a grama e a terceirização das ambulâncias. Outra que vai sair é a Pátio Norte. O dinheiro precisa voltar a circular para as empresas de Campos, não pode ficar tudo lá na Baixada Fluminense. Essa questão do depósito público, tem que frisar. Nós vamos reduzir 50% do valor que é cobrado pelo reboque e da diária. Vamos colocar em uma área pública em Travessão. Esse recurso vai ficar 100% para a Prefeitura. 100% de quanto? Dos 50%. Porque só recolhe 5% de ISS. O restante ninguém sabe para onde e para quem está indo. Muito dinheiro hoje não fica no município. Esse recurso tem que ficar aqui. Vai ser realmente um depósito público municipal, não terceirizado. Não pode sair rebocando tudo de qualquer maneira. Se a pessoa está dentro do carro reboca por que não está bem estacionado. Existe interesse financeiro por trás do reboque. São coisas que precisam ser tratadas. É preciso encarar essa disputa com muita seriedade. Estou encarando com muita seriedade. Não vou medir esforços para a gente alcançar o objetivo. Assim como não vou deixar de falar sobre o que eu realmente acredito, da forma que estou vendo. Estamos tratando sobre a vida de meio milhão de pessoas. As pessoas nas ruas, as mais humildes, estão querendo trabalhar. Perguntam se não tem como entregar papelzinho na rua. As pessoas estão assim porque não tem dinheiro, não tem emprego na cidade. É uma coisa vergonhosa, muito triste. Os comerciantes em Campos, todos eles, passam por dificuldade. A gente conversa e percebe que estão muito desanimados. Caminhamos ontem no Mercado Municipal, na Feira da Roça e na Barão de Amazonas, uma rua com muito movimento. Todos que descem da Rodoviária Roberto Silveira, para chegar ao Centro, precisam passar por ali. Você chega, olha muita gente na rua, mas as lojas estão vazias. Esse é o retrato de um município que precisa de mudanças.

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