Passado avalia venda do futuro
14/06/2015 10:06

Alexandre Bastos
Fotos: Folha da Manhã 

Nos últimos seis anos e meio, durante as gestões da prefeita Rosinha Garotinho (PR), a Prefeitura de Campos contou com cerca de R$ 13 bilhões. O valor supera a soma dos orçamentos dos 20 anos anteriores do município. E, mesmo com as maiores receitas das últimas décadas, pela primeira vez na história a cidade teve que “vender” os royalties das gerações futuras para arcar com as dívidas e dificuldades do presente. Para os gestores do passado, como o ex-prefeito Sergio Mendes (PPS), que governou com R$ 300 milhões em quatro anos, a cidade se transformou em uma “rica perdulária”. “Arrecadaram bilhões e gastaram sem pensar no futuro. Agora, a conta chegou para a população”.

O ex-prefeito Arnaldo Vianna, que contou com cerca de R$ 2 bilhões durante os seis anos em que ficou no comando da Prefeitura, entre 1999 e 2004, opinou sobre as diferenças entre os orçamentos.

— Apenas um orçamento do atual governo supera todos os anos do meu governo. Ninguém pode questionar esses números. Mesmo com uma arrecadação bem menor, construímos o HGG, entregamos o novo Trianon, escolas, creches, Academias Populares, Navegar é Preciso, valorizamos os servidores públicos e fizemos obras de infraestrutura em todas as partes da cidade. E jamais foi preciso vender os royalties. No primeiro ano que assumi, tendo em vista algumas dívidas, chegaram a sugerir uma antecipação de receitas, mas não aceitei. Não poderia deixar o nosso futuro comprometido — lembrou o ex-prefeito, que foi além. “Criamos o Fundecam com o objetivo de atrair grandes empresas e tornar a cidade menos dependente dos royalties, mas o atual grupo desvirtuou completamente a nossa proposta”, finalizou.

Já o ex-prefeito Rockfeller de Lima, que anda afastado do ambiente político, comentou recentemente sobre um tempo sem os royalties do petróleo. De acordo com Rock, como é carinhosamente chamado pelos amigos, a política mudou muito. “Naquela época a política era um sacerdócio. Hoje, infelizmente, muitos tratam o ambiente político como negócio ou apenas para satisfazer ambições pessoais. Para se ter uma ideia, na década de 60, nós conseguimos erguer o Samdu da Saldanha Marinho em apenas dois meses. Isso mesmo, 60 dias! Não tínhamos muitos recursos, mas sobrava determinação e dedicação. Também construímos a sede da Apoe e o Palácio da Cultura, que na década de 70 foi considerada a obra mais bonita e moderna de todo o Brasil, com sua maquete exposta no Museu de Arte Moderna. Além de muitas outras ações que foram possíveis graças ao empenho de uma equipe que fazia uma política de verdade. Antigamente as pessoas capazes e influentes ajudavam os governos. Hoje, essas pessoas querem distância da política e dos políticos”, disse.

Economista aponta pendência milionária

Em seu perfil no Facebook, o economista Ranulfo Vidigal comentou sobre a situação financeira da Prefeitura de Campos. “Com base nos dados contábeis publicados pelo poder público de Campos - relativos ao período janeiro/abril de 2015, o passivo de curto prazo que envolve atrasos com fornecedores e empreiteiras atingia quase R$ 165 milhões em fins de abril último. Considerando-se que em maio, o repasse do valor da participação especial da produção de petróleo foi decepcionante, podemos aferir/supor que esse passivo subiu mais”, publicou Ranulfo.

Sobre o empréstimo, o economista afirmou que os “juros” podem girar em torno de R$ 300 milhões por ano. “O empréstimo idealizado pelo poder público local é de 1 bilhão de reais e deve custar, no barato, cerca de 30% ao ano. ou seja R$ 300 milhões só de encargos, já a partir desse ano a todos nós contribuintes da cidade”, completou.

Promessa – Durante participação em um programa de rádio, o secretário de Governo, Anthony Garotinho, informou que o empréstimo será utilizado para quitar pendências, como “as obras que estavam temporariamente paradas”.

Município tem oitavo maior PIB do Brasil

A revista “Exame” divulgou no final do ano passado o ranking com os “pesos-pesados” do PIB no Brasil. A lista, encabeçada por São Paulo tem o Rio de Janeiro na segunda colocação, Brasília em terceiro lugar, Curitiba em quarto, Belo Horizonte em quinto, Manaus em sexto, Porto Alegre em sétimo lugar e o município de Campos dos Goytacazes na oitava posição, superando muitas capitais brasileiras. Tendo em vista o número de cidades no país, o PIB de Campos supera 5.558 municípios.

De acordo com o IBGE, os municípios cujas economias estavam vinculadas às commodities minerais tiveram ganho de participação superior ao daqueles com indústria diversificada. Foi o caso de Campos dos Goytacazes, cuja participação no PIB nacional passou de 0,9% em 2011 para 1,0% em 2012, Cabo Frio (de 0,23% para 0,28%), Rio das Ostras (de 0,22% para 0,26%), Macaé (de 0,30% para 0,33%) – todos no Rio de Janeiro – e Presidente Kennedy (de 0,10% para 0,12%), no Espírito Santo. Este último se manteve como o maior PIB per capita do país em 2012 (R$ 511.967,24), enquanto o menor foi Curralinho (R$ 2.720,32), no Pará.

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