Quem governou de 2009 a 2012?
27/11/2014 09:11
De quem é o rombo? Em nota oficial, emitida na terça-feira (25) só após o vereador Marcão (PT) denunciar sua existência na Polícia Federal (PF), o governo Rosinha Garotinho (PR) afirmou que R$ 100 milhões, do rombo de R$ 109.819.539,37 encontrado numa auditoria interna de 2013, seriam na verdade de responsabilidade dos governos anteriores Carlos Alberto Campista, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber. Porém, na introdução e na conclusão do relatório vazado da auditoria, feita a partir do decreto nº 002/2013 de 2 de janeiro de 2013, publicado em Diário Oficial, os sete auditores foram categóricos ao colocar como objetivo da investigação “apurar a regularidade das operações financeiras e contábeis procedidas pelos órgãos de Administração Direta e Indireta da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, nos exercícios de 2009 a 2012” — correspondentes ao primeiro governo de Rosinha.

Se alguma dúvida há, basta ler o primeiro parágrafo da conclusão dos auditores, mais atento às datas e informações, do que aos deslizes na gramática: “Como se depreende de tudo que foi exposto no presente Relatório e segundo o apurado pela auditoria, no período de 01 de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2012 a Prefeitura através das empresas D.T.V.M, ORLA, QUANTUM E ATRIUM, realizou operações de compra e venda de títulos públicos federais provocando prejuízos que requer (sic) apuração de equipe especializada e acesso a todos os documentos necessários a (sic) quantificação desses danos causados a (sic) Prefeitura”.

Ainda assim, a nota oficial da Prefeitura, mesmo sem dar satisfação sobre cerca de R$ 9 milhões do rombo auditado, afirmou “em respeito a (sic) verdade dos fatos” que “do saldo total de 109 milhões apontado pela Auditoria Financeira Interna deve-se ressaltar que R$ 100 milhões referem-se a pendências de conciliações bancárias de gestões anteriores ao ano de 2009”. Sem nenhuma menção às operações de compra e venda de títulos públicos federais danosas à Prefeitura, feitas pela Prefeitura, enquanto era Rosinha a prefeita (entre 01/01/09 e 31/12/12), a nota oficial relatou que “o Tribunal de Contas do Estado (TCE) confirmou dados referentes a (sic) inconsistência de conciliação bancárias anterior a 2009, e em face disso determinou aos ex-prefeitos Carlos Alberto Campista, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber que recolhessem os respectivos valores aos cofres públicos com recursos próprios”.

Enquanto Arnaldo e Campista não conseguiram ser localizados, nem retornaram às ligações feitas na quarta-feira (26) pela reportagem da Folha, Mocaiber contestou a versão apresentada na nota oficial de Rosinha:

— Desconheço completamente essa história de que o TCE mandou que eu devolvesse qualquer dinheiro a partir de uma auditoria feita por Rosinha. Aliás, como toda a população campista, eu também só fui saber da existência dessa auditoria depois que o vereador Marcão a denunciou. Meu governo foi o mais vasculhado na história de Campos e todas as acusações da Telhado de Vidro (operação da PF que prendeu e levou num avião negro vários integrantes do governo municipal) foram refutadas na Justiça. Pelo que ouço, o governo vive muitos problemas e eles podem piorar a partir de janeiro, quando acaba a imunidade parlamentar. Mas se o relatório da própria auditoria, feita por determinação de Rosinha, começa e termina falando que o período investigado foi de 2009 a 2012, como a prefeita pode querer agora jogar a responsabilidade sobre mim ou qualquer outro antecessor? É, no mínimo, estranho.

Coincidência? Após o vereador Marcão ter anunciado na terça que iria levar sua denúncia sobre o rombo no governo Rosinha também à Procuradoria Geral de Justiça, o titular desta, Marfan Vieira, veio a Campos na quarta-feira (26) visitar a prefeita, em foto usada como principal destaque do portal da PMCG. Quem levou Marfan para Rosinha foi o promotor Marcelo Lessa, da Tutela Coletiva.

A.A.B.
Foto: Secom/Divulgação

Leia também: Sem sessão, Marcão leva à PF denúncia do rombo já auditado por Rosinha

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