Clarissa Garotinho prevê virada do pai em julgamento no Supremo
Arnaldo Neto, Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira e Matheus Berriel 02/07/2022 08:51 - Atualizado em 02/07/2022 10:47
Clarissa Garotinho em entrevista ao Folha no Ar
Clarissa Garotinho em entrevista ao Folha no Ar
No segundo mandato de deputado federal, Clarissa Garotinho (União) é pré-candidata à reeleição, mas afirmou, em entrevista ao Folha no Ar dessa sexta-feira (01), que tudo pode mudar. Isso logo no início da conversa, na qual, ao comentar sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que até então deixaria seu pai, Anthony Garotinho (União), inelegível, previu que algum ministro da Corte poderia rever o voto, anulando as provas da Chequinho. O que aconteceu horas mais tarde (aqui). No cenário eleitoral, diz que tem Campos como uma de suas bases por atuar como uma “despachante de luxo” em Brasília, buscando recursos e projetos. Dentro do seu grupo, fala que não é favorável a mais uma candidatura local a federal, mas entende insatisfações locais que levaram a surgir outros nomes a deputado estadual. Sobre as rixas políticas locais, comentou que não se envolvia, mas aponta uma atuação do deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL) no Governo do Estado para inviabilizar o governo do seu irmão, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (sem partido), inclusive na polêmica disputa pela Mesa Diretora da Câmara. A deputada reforçou seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e não poupou críticas ao governador Cláudio Castro (PL), afirmando que existem situações no governo dele comparáveis ao que ocorreu na gestão Sérgio Cabral. E que seu pai teria provas disso.
Construção da pré-candidatura – De fato, a minha definição política depende um pouco também da definição política do Garotinho. Por isso, num primeiro momento, quando o Garotinho disse que seria candidato a deputado federal, nessa composição eu seria candidata a deputada estadual. Posição que também me agradava, até porque eu tenho um filho pequeno, de seis anos de idade. Então, estar mais presente no Rio de Janeiro, para mim, era algo pessoalmente melhor. Quando as coisas se alteraram e o Garotinho foi convidado pelo partido para se lançar pré-candidato ao Governo do Estado, então houve uma necessidade do partido de fortalecer a chapa de deputados federais. E, como nós já temos também dentro do grupo aliado deputados estaduais de mandato na cidade, o entendimento do grupo era que é melhor que eu permanecesse como deputada federal, até pela boa articulação que a gente construiu em Brasília, não só com os ministérios, mas também com as parcerias, as verbas que a gente conseguiu trazer para a cidade. Durante esse período em que meu irmão é prefeito de Campos, eu consegui R$ 80 milhões só para a cidade de Campos, sem falar das outras regiões aqui do Norte, Noroeste Fluminense e do restante do nosso estado. Toda essa articulação que a gente conseguiu construir em Brasília nos legitimou para que a gente continuasse nessa pré-candidatura de deputada federal. Então, hoje o cenário é esse. Mas, tudo pode mudar.
Cogitação de pré-candidatura ao Senado – O Senado era um desejo meu, pessoal. Eu passei por várias esferas do Legislativo. Comecei politicamente como vereadora na cidade do Rio de Janeiro, fui uma das mais votadas. Logo em seguida, me elegi deputada estadual. Hoje, estou cumprindo o meu segundo mandato de deputada federal. Então, eu achava que era o momento de partir para um desafio maior, desafio de representação do estado do Rio de Janeiro, até porque eu acho que o debate no Senado precisa hoje ser mais qualificado. O Rio de Janeiro merece representantes no Senado que coloquem o nosso estado no lugar que ele merece. Então, eu pensava em disputar o Senado. Mas, como eu disse, como nós temos outros candidatos dentro da própria família, isso acaba tendo que fazer uma composição. O Garotinho consolidando a candidatura dele ao Governo do Estado, essa vaga para o Senado precisa ser aberta para uma composição política que possa ampliar as alianças.
Importância da família Garotinho – Sem dúvida, a família Garotinho marcou a história da nossa cidade. Quando a gente anda pela cidade de Campos e vê todas as obras que foram feitas, quando a gente vê o Teatro Trianon de pé; a gente vê o Teatro de Bolso, o antigo Teatro de Bolso Procópio Ferreira todo reformado; quando a gente vê a nossa principal ponte na cidade, existe a marca do governo Garotinho, do governo Rosinha, em todos os cantos dessa cidade. E o fato de Garotinho ter sido governador e Rosinha tê-lo sucedido no Governo do Estado. Eu tenho um irmão que hoje é prefeito da cidade. Nós termos tido três membros da nossa família no Congresso Nacional: o Garotinho foi deputado federal, eu sou deputada federal, o meu irmão já foi. Com certeza, nós ajudamos a colocar Campos no mapa de investimentos, a ser olhada de uma forma diferenciada pelos governos estaduais e federais. O próprio Porto do Açu, cuja pedra fundamental foi colocada ali no governo Rosinha... Quem descobriu que ali existia um espaço propício para a consolidação do Porto do Açu foi no final do governo do Garotinho; depois implementado no governo da Rosinha quando o então o empresário Eike Batista trouxe um estudo de batimetria que mostrava que, na região do Porto do Açu, tinha um calado profundo e que ali era um lugar onde poderia se gerar um grande desenvolvimento através daquele porto. E o Garotinho foi um grande incentivador, a Rosinha também, tanto que ela colocou a pedra fundamental ali, ainda como governadora do estado. E isso também fez com que Campos entrasse numa grande rota de investimentos, porque, embora o Porto Açu esteja localizado em São João da Barra, nós temos praticamente toda a infraestrutura, todas as pessoas que trabalham no porto, suas famílias acabam morando na cidade de Campos. E isso fez com que Campos também entrasse hoje no mapa nacional de desenvolvimentos, tanto que, dos projetos de ferrovia que estão licitados hoje pelo Governo Federal de infraestrutura, um dos maiores projetos está justamente aqui na nossa região: essa ferrovia que vai ajudar a escoar toda a produção do Porto do Açu, e nós vamos viver um boom de desenvolvimento na região.
Clarissa e Marcelo Mérida – Eu acho que nós não deveríamos lançar dois candidatos a deputado federal. Minha opinião é que o Mérida precisava aguardar um momento propício. Ele hoje está numa nominata muito pesada. As chances de ele se eleger são muito pequenas. Nós não deveríamos trabalhar na divisão do nosso grupo político. Esse é um entendimento meu, é um entendimento de boa parte do nosso grupo político. É evidente que o Mérida pensa diferente, eu respeito a opinião dele. Mas, hoje, ele não conseguiu construir apoios políticos além de um pedaço de Campos. Então, ele não conseguiu construir campanha nas outras cidades, ele não conseguiu se organizar politicamente. Isso inviabiliza, de certa forma, uma eleição com possibilidades reais de candidatura. O Mérida tentava reproduzir um pouco do cenário... Quando ele se filiou para ser candidato, ele se filiou com a intenção de tentar reproduzir um cenário onde Garotinho foi candidato a deputado federal, teve 700 mil votos e elegeu Paulo Feijó junto dessa nominata. Mas, hoje nós estamos vivendo um cenário completamente diferente. Hoje, nós temos a divisão dos partidos políticos, com uma boa divisão. Nós temos vários partidos que farão grandes bancadas, diferente daquela eleição, onde o nosso partido à época fez uma das maiores bancadas. Hoje, você tem, naturalmente, o partido do presidente da República e o partido do ex-presidente da República que farão grandes bancadas, porque a eleição nacional tende também a reproduzir isso. A eleição passada já foi uma prova disso. A eleição hoje está muito polarizada, e isso vai influenciar também nas eleições do Congresso Nacional. Você tem o União Brasil, que já tem muitos deputados de mandato concorrendo a reeleição. Você tem aí o partido do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que também está bem estruturado, bem organizado. Então, hoje as forças políticas estão mais divididas e menos concentradas em partidos políticos, o que eu acho que inviabiliza a candidatura do Mérida. Se ele quiser manter a candidatura dele, nós vamos respeitar, mas eu não vejo que seja inteligente a divisão do nosso grupo político num momento de polarização tão grande.
Forças de Mérida com os lojistas e do secretário Wainer Teixeira no governo Wladimir podem interferir? – Não, não acho que isso pode influenciar. Ele tem um segmento ali, tem um grupo, um pedaço pequeno do governo que defende essa candidatura. Mas, como eu te disse, nós viemos de uma eleição também polarizada em Campos. A eleição não foi definida no primeiro turno, ela foi definida no segundo turno. O candidato que disputou as eleições com Wladimir também será candidato a deputado federal. Nós também temos o Marcão, que é candidato a deputado federal também aqui. Então, será que é momento de dividir forças políticas ou o momento é de entender que essa eleição pode ter impacto na próxima também? Isso é só uma questão de avaliação. Se o governo, se o grupo político entender que tem espaço para dois, tudo bem, não terá problema nenhum. Essas rusgas (dos Garotinho com Mérida) citadas do passado não passam por mim. Eu nunca tive nenhum problema com Mérida, tenho uma relação bastante cordial; não tão próxima porque não temos uma relação próxima, mas também nunca tivemos uma relação ruim nem distante. É só uma questão, de fato, de estratégia política, de grupo, porque os outros grupos políticos da cidade concentrarão suas forças na tentativa de derrota do grupo do prefeito Wladimir. Então, é importante também que o prefeito entenda se é o momento de dividir ou não o seu grupo.
Seu objetivo é de fazer 50 mil votos em Campos? – Não, eu não tenho essa meta. Inclusive porque, na minha eleição de deputada federal em que eu pude atuar na cidade... Na eleição passada eu não pude atuar aqui, porque foi um acordo político. Como Wladimir seria candidato a prefeito, a minha eleição ficou muito concentrada na Região Metropolitana, para que ele pudesse fazer a eleição dele aqui. Então, eu tive que ter um certo distanciamento, até para que ele se preparasse. A gente entendeu que, até para ele ser prefeito de Campos, era importante que ele passasse por esse processo de ser deputado federal, de ter capacidade de circular em Brasília. Então, a gente entendeu que era necessário que naquele momento ele fosse o candidato do grupo na cidade. Então, eu não tenho essa meta. Na eleição anterior, quando eu atuei na cidade, quando a minha mãe era prefeita da cidade, eu tive 47 mil votos em Campos, numa eleição muito menos polarizada nacionalmente do que essa que vamos ter. Então, eu não tenho essas metas, eu não tenho esse objetivo e nem quero que ninguém vote na Clarissa quando chegar o momento, se meu nome for consolidado nas convenções e se esse de fato for o caminho, porque a Clarissa é irmã do Wladimir. O que me legitima a disputar uma eleição em Campos é tudo o que eu venho fazendo pela nossa cidade. Eu posso citar aqui inúmeras coisas. Quando a gente fala de R$ 80 milhões, o dinheiro parece que está solto. Mas, na prática, isso significa reforma de Cras, de Creas na assistência social; isso significa reforma e construção de novas Unidades Básicas de Saúde; isso significa o Shopping Popular, que está sendo todo reformado com recursos de emendas parlamentares que eu enviei. Infelizmente, ele (o Shopping Popular) não ficou pronto a tempo de eu poder inaugurar antes do processo eleitoral, porque quando inaugurar eu não vou poder mais; a partir de segunda eu não posso mais participar de nenhuma inauguração. Mas, o dinheiro que está lá foi o dinheiro federal que eu enviei para nossa cidade. Eu poderia falar aqui dos R$ 10 milhões que já estão depositados na conta do Hospital Ferreira Machado para construção do nosso novo pronto-socorro, que já é um desejo da população de Campos, de todos os que tocam aquele hospital, há muito tempo. Hoje, uma pessoa que chega num problema grave de cirurgia, num acidente, por exemplo, ele tem que entrar no Hospital Ferreira Machado, passar pelo corredor inteiro, subir para o segundo andar para conseguir chegar a uma sala de cirurgia. Com o novo pronto-socorro, nós vamos ter um centro-cirúrgico para atender a emergência logo ali embaixo. Na entrada, no primeiro andar, nós vamos ter atendimentos, novas salas, vamos ter estacionamento de ambulância. Eu poderia falar aqui do recurso que eu recuperei, de mais de R$ 10 milhões, para construção do novo Hemocentro da cidade de Campos. Eu poderia falar aqui das obras do DNIT. Todos os trechos urbanos que estão no projeto do DNIT que precisam ser duplicados dentro da cidade de Campos já estão sendo licitados pelo DNIT, foi uma articulação minha junto com a bancada federal. Eu poderia citar aqui inúmeros outros exemplos. Eu poderia falar do programa Esporte Vida, que está funcionando, mais de 20 núcleos esportivos hoje, através de emendas parlamentares que nós também recuperamos e conseguimos trazer para cá. Então, o que me legitima a disputar uma eleição e tendo Campos como uma das bases é o fato de estar trabalhando continuamente pela nossa cidade. Eu digo que quem não tem um deputado federal em Brasília não tem um despachante de luxo, porque, no fundo, é isso que nós somos. São mais de 5 mil municípios brasileiros. Você imagina a quantidade de e-mail, de pedido, de ofício que chega aos ministérios da Saúde, da Educação, todos os dias. Quando você não tem um deputado federal, você fica com aquela papelada toda emperrada. Existe prioridade. Agora, quando você tem um deputado federal, o que ele faz? Tem um ofício preso da Prefeitura? Tem um pagamento que não sai? Olha, nós estávamos aqui com um pagamento de R$ 68 milhões de royalties em atraso na Agência Nacional de Petróleo, numa batalha judicial enorme. Eu fiz uma reunião com o novo diretor da ANP. Nessa reunião, ele falou: “Clarissa, nós vamos tratar isso agora, diretamente, eu e você”. Porque a equipe técnica estava colocando dificuldades, e ele falou: “Nós vamos tratar, eu e você”. Duas semanas depois, os R$ 68 milhões estavam depositados na conta da Prefeitura de Campos. Quem buscou a Caixa Econômica Federal para renegociar a dívida da cidade que foi deixada por Rafael, que não honrou as parcelas da dívida com a União, e isso impediria Campos de receber recursos federais, de firmar novos convênios com a Caixa Econômica Federal, fui eu. Fui eu quem consegui fazer com que o prefeito Wladimir sentasse frente a frente com o presidente da Caixa Econômica Federal para fazer a renegociação dessa dívida. Então, essa é a importância de ter um deputado federal. É praticamente ter, de fato, um despachante de luxo lutando pelos interesses da cidade e colocando Campos no mapa dos investimentos. E é isso que a gente está fazendo.
Pulverização de votos não pode atrapalhar a representação na Alerj? – O Bruno (Dauaire) é o candidato natural do grupo, candidato a reeleição, candidato que tem o maior apoio em termos de densidade dentro do grupo. Mas, a política, quando eu falo da questão da divisão federal, é que nós não tivemos ali nada que pudesse separar a minha atuação, por exemplo, da atuação do Mérida a ponto de justificar uma divisão dentro do grupo. As candidaturas, por exemplo, do Juninho Virgílio, do Thiago Rangel, elas surgem num processo em que a Câmara de Vereadores estava vivendo um momento de polarização com outro deputado estadual da cidade, que é o Rodrigo Bacellar, muito forte, onde esse grupo, dentro da Câmara de Vereadores, não sentiu uma solidariedade muito grande do deputado Bruno Dauaire. Então, esse sentimento, até de um certo corporativismo da Câmara, de uma autodefesa, fez com que eles se unissem. E uns se uniram em torno da candidatura do Thiago Rangel, e outros se uniram em torno da candidatura do Juninho Virgílio. O que gerou o fortalecimento dessas candidaturas não foi o desejo de pulverizar o nosso grupo político; foi o embate que houve dentro da Câmara de Vereadores, provocado ali pelo Bacellar, e esses vereadores disseram: “Olha, a gente precisa de alguém que esteja do nosso lado, e o deputado Bruno, nesse momento, não usou a tribuna, não buscou fortalecer a Câmara”. Isso é o que eu escuto dentro da Câmara, eu escuto dos demais vereadores. Acho que eles sentiram uma falta de um pulso mais firme dele nessa disputa política, que é totalmente local.
Dobrada Clarissa e Bruno no União – Era natural que a dobrada majoritária dele fosse comigo. Ontem mesmo, nós fizemos juntos, ele não estava na cidade, mas o pai dele, Betinho Dauaire, participou junto comigo de uma reunião de prestação de contas dos mandatos dele e meu, com várias lideranças que estarão junto conosco ao consolidar essas candidaturas. E, nessa reunião, a gente veio buscando o entendimento de que, para que essa dobrada funcionasse, os dois teriam que estar no mesmo partido. Se nós não estivéssemos na mesma coligação, isso dificultaria a nossa dobrada no nosso material de campanha. Imagina se ele está num partido que está numa coligação fora. Eu sou a principal dobrada dele na cidade. E aí, como é que ia ficar esse material de campanha? Ministério Público, TRE... Então, tinha que fazer tudo casado, e para isso a gente precisava estar no mesmo partido.
Afastamento de Cláudio Castro – É natural que quando alguém está assumindo o cargo, você dê um crédito, um voto de confiança. O Cláudio era um vereador inexpressivo na capital, que se elegeu com uma quantidade pequena de votos, puxado ali por uma votação imensa. Na época, coincidentemente, ele estava filiado no PSC, que era o partido do Carlos Bolsonaro. Depois, ele saiu do PSC. E acabou sendo eleito. Quando Witzel decidiu ser candidato a governador, ninguém acreditava na eleição do Witzel. Como é que um cara que tinha 1%, vindo do Espírito Santo, venceria as eleições para governador no estado do Rio de Janeiro? E é evidente que o fato de terem tirado o Garotinho no meio do processo eleitoral foi o que abriu o caminho para a eleição do Witzel, porque ele, inclusive, não estava desempenhando bem nas pesquisas. O Garotinho estava indo para o segundo turno. E aí, quando houve aquele momento em que tiraram a candidatura do Garotinho, o Witzel disparou, também em função do apoio que recebeu família Bolsonaro, que não vinha se posicionando na eleição até aquele momento. Bom, depois Witzel assume, e seis meses depois ele se lança candidato à presidência da República. Ele briga com aquele que o ajudou a se eleger no Rio de Janeiro no cenário mais improvável do mundo. Não apenas briga, como começam disputas políticas no Ministério Público Estadual, e culmina no fato de que o Witzel acabou desviando recursos enviados pelo Governo Federal para o combate à pandemia. Então, ele caiu. E ele ia cair. Era natural que ele fosse cair. Esse era um processo que já estava acontecendo, que já estava em curso, inclusive pelos órgãos que o afastaram do mandato. E, obviamente, seria confirmado pela Assembleia Legislativa. Mas, naquele momento, como é que o Cláudio Castro virou vice do Witzel? Não tinha ninguém para ser vice. Ninguém queria. Então, o presidente do partido dele virou e falou assim: “Você é vereador, não perde nada; você continua no mandato. Então, entra aí, porque eu preciso fechar essa chapa”. E ele entrou assim: entrou para atender a um pedido do presidente do partido. Mas, quando houve o momento do rompimento ali, da queda do Witzel, ele já ia cair naturalmente, mas o Cláudio Castro não esperou a queda. Ele articulou por trás, ele conspirou contra o próprio governador, para que ele, o mais rápido possível, assumisse a cadeira de governador. A gente não tinha nada a ver com isso. Ele assumiu, virou o novo governador. Nós encontramos ali a oportunidade de criar uma relação que pudesse ajudar a cidade de Campos, que pudesse construir um novo caminho político, e tentamos, desde o primeiro momento, construir uma base firme. Afinal de contas, a gente não sabia o que ia ser daquele governo. O tempo foi passando, e o governo foi demonstrando... É claro, isso a gente só teve como ver com o tempo, porque ele está há dois anos no governo. Então, o primeiro ano foi uma tentativa de aproximação, uma tentativa de entender o que seria o governo dele, como seriam as composições políticas que ele faria. Ele assumiu numa situação muito fragilizada, porque ele estava respondendo a processo de delação premiada. Ele ainda responde. Tem um vídeo dele que foi divulgado amplamente, nacionalmente: ele segurando uma mochila preta, e ali um delator denunciando que, naquele momento, tinha feito um pagamento de propina a ele, quando ele ainda era vice-governador, saindo com R$ 100 mil dentro daquela mochila. Então, ele assumiu num momento de muita fragilidade. E, diante dessa fragilidade, a Assembleia Legislativa ganhou uma ascensão muito grande sobre o governo dele. Então, hoje ele não comanda o próprio governo. O governo é comandado em boa parte pelo presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano, que é do PT, adversário do grupo político do partido onde está o governador, que é o PL, que é o partido do presidente da República, e hoje ele comanda boa parte das estruturas do estado. O Rodrigo Bacellar começou a ganhar ascensão aí, porque ele foi relator do processo do Witzel. E, como ele foi o relator do caso, nesse movimento de conspiração do Cláudio, ele acabou ganhando a confiança do governador. “Olha, eu vou ser o relator, vou votar contra ele, mas eu quero esse espaço no seu governo, eu quero essa ascensão no seu governo”. E ali, ele, que era uma figura meramente local que não tinha um conhecimento que tem hoje no estado, passa a ter uma ascensão muito grande sobre o governo. Nesse momento, começam as nossas dificuldades com o governador. Esse foi o primeiro ponto. No momento em que o Governo do Estado estava sendo usado, através do deputado Rodrigo Bacellar, para tentar inviabilizar o governo do Wladimir. Foram inúmeras as vezes em que nós deixamos de receber investimentos porque o Bacellar bateu na mesa e disse que não poderia. Foram inúmeros os momentos em que o Bacellar chegou a desrespeitar a primeira-dama publicamente, todo mundo viu isso. E depois a interferência na eleição para a Câmara de Vereadores usando estruturas do estado. Então, isso criou um afastamento político, primeiro. O segundo momento de embate maior começa com a festa de aniversário do governador, uma festa feita para 2 mil convidados num bairro nobre do Rio de Janeiro, com cantores muito caros. Dois mil convidados, com vinho, camarão empanado, uísque liberado. Só o bufê estava avaliado em mais de R$ 1 milhão, pelo que foi servido e pela quantidade de pessoas que tinha. Então, eu fiz uma crítica naquele momento. Na semana seguinte, saiu uma reportagem dizendo que ele estava usando helicópteros do estado para fins particulares, e logo depois veio à tona o contrato da empresa da esposa do governador Cláudio Castro com concessionárias do estado, recebendo recursos de concessionárias do estado. E aí foi o momento onde foi o meu rompimento definitivo com ele, porque eu falei: essas práticas já foram adotadas no estado do Rio de Janeiro pelo ex-governador Sérgio Cabral, que fazia a mesma coisa: o escritório da primeira-dama Adriana Anselmo para lavar dinheiro público. É inadmissível. Ninguém sabia, depois isso veio a público há cerca de dois meses, mas, cinco dias após o Cláudio Castro assumir o governo do estado do Rio de Janeiro, a esposa dele abre uma empresa em nome dela, no endereço que eles moravam, e começa a prestar consultoria para receber dinheiro de concessionárias do estado. Exatamente a mesma prática que era adotada no governo do Sérgio Cabral. Então, a farra do guardanapo equiparada à farra que aconteceu lá no aniversário com esse bufê caríssimo. E eu falei: bom, se é para ser isso, eu prefiro não compactuar com isso. Porque a gente já viu esse filme.
Mas seu irmão foi à festa... – Eu não culpo quem foi à festa, porque quando você recebe um convite, você não sabe o que que você vai encontrar pela frente. Ele recebeu um convite, foi até o local, nem demorou na festa. Wladimir não ficou nem 10 minutos na festa. Ele cumprimentou o governador e foi embora. Ele não é responsável pelos atos do governador. Ele foi porque ele recebeu um convite, que eu também recebi, mas eu não fui. Ele chegou lá, viu do que se tratava, cumprimentou e foi embora.
Como você avalia o confronto histórico com os Bacellar – Para dizer a verdade, eu sempre fiquei um pouco afastada dessas rixas locais. Essas questões aí entre Wladimir, Rodrigo Bacellar, eu nunca participei muito disso, até porque as minhas pautas sempre foram mais pautas estaduais, pautas nacionais. Eu sempre me preocupo muito mais em fazer do que ficar nesses debates políticos que eu considero menores. Para se ter uma ideia, até esse momento em que o Rodrigo Bacellar fez uma crítica muito desrespeitosa à Tassiana, minha cunhada, que é esposa de Wladimir, se Bacellar passasse na minha frente eu não sabia quem ele era. Então, eu não participo muito dessas rixas locais. Eu sempre fiquei muito mais nesses debates de plano estadual, nacional, de trazer investimento, de fazer projeto na Câmara, de buscar articulação fora. Eu lembro de ele ali sendo relator do processo do Witzel, não era uma pessoa nem com quem eu tinha contato. Eu cheguei a encontrar com ele num evento, antes disso tudo aí. Ainda brinquei com ele: “Você que é o Bacellar” e tal. Aí, ele pediu para tirar uma foto, a gente bateu a foto. Então, essa disputa existia aqui, mas eu não fazia parte disso. Mas, é evidente que, quando você tem uma interferência na Câmara de Vereadores... Porque todo mundo sabe que nenhum prefeito governa sem a Câmara, você precisa da Câmara para aprovar os projetos. E não é normal uma cidade ficar numa situação em que a Câmara não consegue fazer reunião por três meses. Não é normal você ter polícia dentro da Câmara de Vereadores, vereadores puxando arma dentro da Câmara de Vereadores. Então, a situação se tornou insustentável. Isso tudo era uma tentativa de inviabilizar o governo do Wladimir. Aí, sim, nós tivemos que nos posicionar politicamente.
O racha da família Garotinho está superado? – Família é assim mesmo. Às vezes a gente se abraça, se beija, outro dia você fica zangado, mas família é família. Família, para mim, é uma coisa sagrada. Naquele momento, de fato, Wladimir cometeu um erro, porque ele filiou ou Bruno filiou o Mérida, não sei quem foi, sem o conhecimento do grupo político. Veja, eu sou irmã dele e eu sou membro da executiva estadual do partido. Wladimir é prefeito de Campos. Mas, se ele quiser ter voz ativa dentro do partido, ele tem que se posicionar e tem que se filiar no partido. Ele hoje está sem partido político. Então, o partido político funciona assim. Você precisa participar, você precisa estar filiado para você poder ter voz ativa dentro do partido. Então, houve ali um desentendimento, mas já está tudo superado. Família a gente, a gente se beija. É assim mesmo, acaba brigando, depois faz as pazes, faz parte de toda casa, acontece nas melhores famílias. Mas, pode ter certeza que está absolutamente superado. Nós temos algumas visões políticas diferentes, é natural. O Wladimir é prefeito de Campos, ele precisa equilibrar pratos e fazer um jogo de cena que eu não preciso fazer e que não me proponho a fazer, principalmente em relação ao Governo do Estado. Então, eu tenho a liberdade política de me posicionar que talvez ele, na condição de prefeito, não tenha. Isso às vezes traz alguns embates, é natural. Nós não podemos aqui, por exemplo, mentir. Quando eu digo o seguinte: olha, tudo bem, quer parceria com o Governo do Estado, mas que seja uma parceria real, que seja uma parceria para valer. Porque o governador do estado prometeu R$ 700 milhões para Campos, mas, efetivamente, Campos não recebeu nem R$ 300 milhões. Parece muito para quem não entende de orçamento: “Nossa, R$ 300 milhões”. Mas, em termos de comparação do orçamento do estado e o que outras cidades receberam, o que Campos recebeu foi equivalente a cidades com 20 mil habitantes. Nós temos 600 mil. Então, que frutos essa parceria de fato está rendendo para a cidade de Campos? Existe muito discurso, existe muita promessa, mas a prática de parceria não é tão real assim.
Aconteceu a reunião prevista de Wladimir com os pais nessa quinta-feira? – Eu soube que eles tiveram uma reunião. Mas, eu não participei, porque eu estava aqui em Campos. Eu tive reuniões aqui ontem. Então, ele estava no Rio, e eu estava aqui. A gente não teve a oportunidade de conversar sobre isso.
Está definido que, a partir do voto de André Mendonça, Garotinho não tem condições de concorrer a governador? E como fica o seu apoio a Bolsonaro num momento em que André Mendonça e Nunes Marques, ministros da cota do bolsonarismo, votaram contra o seu pai? – São assuntos muito importantes. O processo que foi julgado não foi o processo do Garotinho. É evidente que se esse processo fosse vitorioso, o Garotinho teria a oportunidade de extensão, tendo em vista que o processo de Garotinho ficou muito tempo paralisado e não conseguiu sequer ainda chegar ao Supremo Tribunal Federal; ainda está na esfera estadual aquele processo da Chequinho. Então, se esse do (Thiago) Ferrugem fosse vitorioso, o Garotinho podia pedir uma extensão imediata. Então, o Garotinho ainda tem defesa. O caso dele ainda não subiu. A gente ainda não consegue avaliar se vai dar tempo de fazer isso até a eleição. Como isso aconteceu nessa madrugada, a gente não conseguiu ainda reunir o grupo, parar, fazer essa reflexão, reunir com a direção nacional do nosso partido, com a direção estadual. Mas, o fato é que eu também não esperava esse voto. Eu não esperava, porque o ministro André Mendonça é conhecido por ser um ministro garantista. A tendência dele é acompanhar o voto, por exemplo, do Gilmar; acompanhar o voto do Lewandowski. É assim que ele tem votado na maioria das pautas do Supremo Tribunal Federal. Então, esse voto me surpreendeu muito. Aliás, esse voto surpreendeu muita gente. O próprio Magnavita (do jornal Correio da Manhã) disse para mim que estava surpreso, que não imaginava um resultado como esse. Se você me perguntar o que aconteceu, não sei dizer, porque nenhum dos dois, nem o Cássio nem o André Mendonça, nenhum dos dois ministros justificou o seu voto; o que é incomum. O que se espera é que, numa situação como essa, ainda mais numa situação que tem um impacto eleitoral forte, é que os votos venham bem embasados, sejam eles favoráveis ou sejam eles contrários. Mas, não houve embasamento nenhum. Tanto o voto do Cássio foi “acompanho a divergência” como o voto do André Mendonça foi “acompanho a divergência”, sem nenhuma justificativa. Então, de fato me surpreendeu muito, até porque os dois acompanharam a divergência do Fachin, algo que é absolutamente incomum dentro da trajetória processual dos dois dentro do Supremo Tribunal Federal. Então, de fato, é difícil entender esse julgamento. Estou muito surpresa, inclusive decepcionada com esse resultado. Vamos ver daqui para frente. O julgamento não acabou, ele foi reaberto. Ele só acaba até o dia 5 de agosto. Isso significa que inclusive os próprios ministros que votaram têm condição de fazer revisão dos seus votos. Esse julgamento não está encerrado, ele só se encerra no dia 5 de agosto (após a entrevista, Nunes Marques retirou o seu voto no julgamento e mudou, a favor do grupo Garotinho). Mas, nós temos aí o prazo do recesso, e o recesso cai justamente no período em que se iniciam as convenções partidárias. Então, de fato, isso é algo que prejudica, sim, o andamento. Não inviabiliza por total, porque as convenções vão até o dia 5 de agosto, vão até o início de agosto. Então, torna as coisas um pouco mais lentas. Mas, para mim, foi um voto incomum, sem embasamento, uma divergência. Quem acompanha o voto deles sabe que eles não costumam seguir Fachin. Foi algo que, realmente, eu não consegui encontrar explicação nem jurídica nem processual, até porque eles mesmo não embasaram o voto. Então, eu não conseguir entender o motivo do voto.
Você e Cláudio Castro são aliados de Bolsonaro. Acha que pesou mais o apoio do Cláudio Castro do que o seu apoio, ou acha que isso é irrelevante? – É muito difícil você dizer que pode ter interferência política num processo na Justiça, mas cada vez mais existe uma confusão entre a Justiça, a política. O Cláudio é governador do estado. Eu sou uma deputada federal. Não vou dizer que teve interferência do presidente nisso. Mas, eu posso dizer que o Cláudio trabalhou incansavelmente todos os dias. Ele tem muito receio da candidatura do Garotinho, porque todas as pesquisas mostram que o Cláudio cresce no anti-Freixo. Mas, ele é um político sem identidade, ele é um político que ninguém sabe o que de fato pensa. Ele é um político dúbio, com um pé em cada canoa. O partido dele que tem a base de deputados bolsonaristas faz a campanha Castro-Bolsonaro. Mas, o governo dele faz a campanha Castro-Lula. Então, ele dá uma entrevista, por exemplo, no maior jornal da capital e diz “eu sou Bolsonaro, mas eu não vou criticar o Lula”. Depois, ele abraça o senador do PT e diz “meu senador”, sendo que o partido dele tem o Romário, que é o candidato a senador do Flávio Bolsonaro. Ele tem uma postura muito dúbia, uma postura muito desleal. Inclusive, eu acho, na minha avaliação política, que é muito ruim até para o presidente Bolsonaro que ele só tenha um palanque no Rio, porque, na verdade, hoje ele tem meio palanque. Hoje, o Bolsonaro ajuda muito mais o Castro do que o Castro ajuda o Bolsonaro. Se você parar para pensar, do lado do Lula você tem o Felipe Santa Cruz, que foi presidente da OAB, vai fazer campanha para o Lula; você tem o Freixo fazendo campanha para o Lula; você tem o Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói, que, embora esteja no partido do Ciro Gomes, ele vem do PT, tem uma trajetória e vai apoiar o Lula, talvez no final já do primeiro turno ou no segundo. O Bolsonaro ele tem meio palanque no Rio de Janeiro. Ele tem o palanque do governador dividido, porque o governo do Cláudio está altamente contaminado pelo PT. Então, você vê, a secretaria de Cultura trabalha para o PT. A Cedae foi vendida, mas ficou, a empresa antiga continua como estrutura do estado, e ela trabalha pelo PT. Setores da secretaria de Meio Ambiente, da secretaria de Fazenda, a secretaria de Obras e Infraestrutura, todas elas trabalham para o PT, fazendo a campanha nos bastidores. O Cláudio Castro tenta utilizar o método de eleição do Pezão. Qual foi o método de eleição? O Pezão tinha o palanque oficial Pezão e Dilma, e o governo trabalhava, um pedaço do governo, bem menor do que hoje tem o Cláudio, trabalhava o Aezão, que era o Aécio com o Pezão. Então, ele faz um grande arco de aliança, destrói os seus adversários e faz campanha nos dois palanques presidenciais. O Cláudio está reproduzindo isso. Ele está tentando tirar todos os adversários do caminho, fazer um grande arco de alianças e tocar a campanha partidária Cláudio e Bolsonaro, e a campanha de governo, Castro e Lula. É complicado. Agora, eu sei separar as coisas. Embora eu não apoie o Cláudio Castro, eu mantenho o meu apoio ao presidente da República.
É inegável que seu pai tira voto do Cláudio Castro... – E do Freixo também. A pesquisa mostra que ele tira voto dos dois lados.
Mas, ele é muito mais temido pelo Cláudio Castro. Enfim. É fato que seu pai está com muita munição em relação ao governo? Isso pode ser usado em campanha? – Olha, quando você se torna a única voz de oposição... Digamos assim, tem duas pessoas hoje que fazem oposição forte ao governador do estado. Uma sou eu, sou deputada federal, e aí junto entra a representação da família Garotinho. O Garotinho começou a receber muitas informações quando nós tivemos a coragem de dizer que as práticas estavam se repetindo e se tornando as mesmas práticas do governo do Sérgio Cabral. A deputada (estadual) Alana Passos, que inclusive é uma deputada bolsonarista, e ela também é opositora do Cláudio Castro. E o que acontece? Quando você é oposição, para onde vão as informações? Vão para a oposição. De fato, quando a gente olha por dentro, e o Garotinho já deu algumas pistas essa semana, a corrupção é tão grande... E é um nível de amadorismo tão grande, muito maior do que o governo do Sérgio Cabral, que eu posso dizer que, independente da candidatura do Garotinho ou não, esse governo vai cair. Mais cedo, mais tarde, mas ele vai cair, porque é impossível, pelo grau de corrupção que está sendo praticado dentro do Governo do Estado, que em algum momento a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual não tome providências. Essas coisas hoje não estão mais apenas sendo faladas no meio político. Você chega na cidade do Rio de Janeiro, policiais falam sobre isso. Até em botequim se fala sobre isso, porque é uma roubalheira tão grande e em tantos setores que, quando esse castelo de cartas cair, ele vai desmoronar. Muita gente não acreditava quando Garotinho disse que o Cabral ia cair. O tempo passou, demorou um pouco, mas ele caiu. Não tinha como. Então, às vezes, esse papel de uma certa profecia antecipada, digamos assim, leva à descrença de algumas pessoas. Mas, a descrença acontece porque as pessoas não têm acesso às mesmas informações. E para tudo tem seu momento certo. O Garotinho não é policial, eu não sou policial, eu não sou membro do Judiciário. Então, as denúncias estão acontecendo, elas estão sendo formalizadas. No momento certo, infelizmente, o Rio de Janeiro vai novamente viver esse filme. E eu digo: infelizmente. Eu preferia ter me surpreendido com o governador Cláudio Castro. Eu preferia que fosse um governo diferente. Eu preferia que o Rio de Janeiro não revivesse esses momentos trágicos que a gente viveu. Eu preferia, porque eu não sou uma torcedora de que quanto pior, melhor. Eu não sou torcedora disso. Tanto que o Bolsonaro hoje enfrenta muitas oposições, o momento no Brasil é difícil, a inflação é alta, mas eu tenho consciência, mesmo no momento difícil, que é melhor para o Brasil manter o Bolsonaro do que retornar o PT.
Eventual segundo turno entre Castro e Freixo – De verdade, eu não sou obrigada a me posicionar. Primeiro que se a gente está numa eleição, a gente espera ir para o segundo turno. Então, é difícil falar em hipótese. Mas, supondo isso, eu não preciso me posicionar. Eu posso me dedicar à eleição nacional, e a população faça a sua escolha. Mas, eu digo o seguinte: que a população, quando fizer sua escolha, principalmente em relação ao Cláudio Castro, olhe bem para o vice, porque virou uma trajetória no Rio de Janeiro o vice tomar o lugar do governador. Isso tem acontecido com uma certa constância. É importante lembrar que o governador responde a processos de delação premiada já homologados. Que podem ter desdobramentos a qualquer momento, antes da eleição ou posterior a ela. Você pode ter um governador eleito que sequer poderá tomar posse, ou você pode ter um governador eleito que dois meses, três meses depois da posse, ele vai cair. Então, é importante que a população tenha conhecimento do andamento desses processos, porque não são processos politizados. São acordos de delação premiada, com imagens, com documentos já homologados.
Confira a entrevista:

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