A usina termelétrica GNA I entrou em operação nesta quinta-feira (16), em São João da Barra, no Porto do Açu, após receber autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Seu objetivo é o de contribuir no atendimento da demanda por energia elétrica em meio à crise no setor: momento vivido pelo Brasil hoje, diante do período mais seco e com menos chuvas dos últimos 91 anos. O momento climático afetou a geração de energia nas usinas hidrelétricas e levou ao acionamento das térmicas.
Instalada no setor com maior promessa de crescimento do Norte Fluminense, a usina de gás natural liquefeito (GNL) é operada pela Gás Natural Açu (GNA) e tem a capacidade instalada de 1.338,30 megawatts (Mw). Ela já vinha operando de forma comissionada há dois meses pela GNA, formada pela associação da empresa petroleira BP, Siemens, SPIC Brasil e Prumo Logística.
O presidente da GNA explicou que a usina teve a entrada em operação antecipada em cinco meses devido à situação do setor e, por essa razão, a empresa recebeu autorização da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) para postergar intervenções e reparos.
– Encontramos soluções que nos deixam confortáveis no curto prazo, mas com necessidade de fazer intervenções mais à frente. Estamos seguros para entrar em operação, mas a partir do momento em que o sistema não dependa mais tanto dessa energia, faremos uma parada. A previsão hoje é que GNA I seja 100% despachada pelo menos até meados ou o final de 2022. Estamos preparados para isso – explicou Perseke.
A antecipação foi um tremendo desafio, ainda de acordo com o executivo, imposto principalmente pela pandemia que fez a obra ser paralisada nos momentos mais críticos da Covid-19 no ano passado. “Enfrentamos a maior crise humanitária da história durante a construção. Quando a pandemia chegou, tínhamos mais de 5.500 trabalhadores na obra. Tivemos que parar, entender a crise e os protocolos a serem seguidos e retomar gradualmente”, acrescentou.
O projeto de ligação da usina foi fruto de um investimento estimado em R$ 5 bilhões e empregou 12 mil pessoas diretamente. Além disto, contou com um navio regaseificador (FSRU) para o abastecimento da usina, com uma linha de transmissão e com um gasoduto.
O funcionamento, segundo disse Perseke, acontece baseado na operação a ciclo combinado, “ou seja, com três turbinas a gás e uma turbina a vapor, ajuda a reduzir custos”.
A termelétrica também conta com uma unidade de dessalinização para que a demanda hídrica da operação seja suprida pela água do mar. “O ciclo combinado gera praticamente 30% da nossa energia. Isso nos dá um custo mais baixo, porque com uma mesma quantidade de gás nós geramos mais energia”, complementou Perseke.
Ainda em 2017 a usina foi contratada em um leilão da Aneel. A ideia original do projeto era de ser desenvolvido pela empresa Bolognesi e instalado no Porto de Suape (PE), até que o controle societário transferido.
“A entrada dessa usina será muito benéfica para o setor, especialmente na atual conjuntura. A energia será injetada no sistema na região Sudeste, a mais castigada com a estiagem”, pontuou da Aneel, André Pepitone.
GNA I é a primeira usina termelétrica a entrar em operação no Porto do Açu. A segunda usina do complexo, GNA II, será menor, com 1.627,6 MW de capacidade. A previsão é que ela comece a operar em 2024. Perserke, as obras de construção de GNA II “dependem apenas do cenário da pandemia no país”.
A expectativa dos executivos e investidores é que após a entrada em operação da segunda unidade, o complexo instalado em São João da Barra se torne o maior da América Latina, com capacidade instalada de 3 GW.
A empresa ainda fica de olho nos próximos pregões da Aneel para ampliar capacidade termelétrica no Açu. A Gás Natural Açu não precisaria nem se preocupar com tanta burocracia, pois sua licença permite que tenham a capacidade de instalada de 6,4 GW. O investimento para que o complexo atinja sua capacidade permitida seria de aproximadamente US$ 5 bilhões. “Temos capacidade no terminal de regaseificação para viabilizar a expansão e há interesse dos sócios para isso”, concluiu Perserke.