Cinema - Meu querido monstro
Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 13/09/2021 19:14
No final do longínquo ano de 1957, foi lançado “Teenage monster” (“Monstro adolescente”), produzido e dirigido de forma independente por Jacques R. Marquette. A película (os filmes eram ainda analógicos) mostra um casal e um filho morando na zona rural de uma pequena cidade do oeste americano, típica do século XIX. Ela vive os estertores da febre do ouro. O marido trabalha numa mina com ajuda do filho menor, enquanto a bela e virtuosa esposa cuida do lar. O sonho de todos é enriquecer, comprar uma casa na cidade e nela morar. Mas algo muito estranho acontece: um brilho no céu mata o marido e contamina gravemente o menino. Terá sido algum fenômeno meteorológico ou uma nave espacial?
O menino cresce com características monstruosas. Muito alto, ele tem cabelos e barba compridos com dentes saltados. É uma criança grande que só respeita a mãe. No mais, é violento e mata por qualquer motivo ou mesmo sem ele. Quem estará cometendo tantos crimes? O xerife, que deseja casar-se com a bela viúva, não desconfia que o criminoso é filho dela. Entra na história uma moça ambiciosa e sem escrúpulos, por quem o “monstro” se apaixona e atende a seus desejos criminosos. O cerco se aperta. Ela instiga o monstro a matar seu namorado, o xerife e sua mãe.
Mas o amor filial triunfa. O monstro acaba matando a moça inescrupulosa e se mata em seguida. A mãe sofre com a morte do seu filho, mas fica livre para se casar com o xerife. A pergunta feita no próprio cartaz do filme fica sem resposta: tratava-se de um homem, de um monstro ou de um alien?
“Monstro adolescente” é um típico filme B. Foi produzido com baixo orçamento (57.000 dólares). Do elenco, destaca-se Anne Gwynne, a mãe amorosa, dona de um grito estridente bem ao gosto da época e com longa filmografia. Sua duração é de 65 minutos. São economizados 25 minutos, já que um filme com bom orçamento costumava ter 90 minutos. O roteiro mistura faroeste com mistérios espaciais. Sua exibição foi combinada com “O cérebro do planeta Arous”, dirigido por Natham Juran, outro cineasta que marcou a década de 1950 com seus filmes fáceis.
Afinal, quem estaria disposto a assistir “Monstro adolescente” nos dias de hoje? Que estúdio e diretor assumiriam uma refilmagem? Um apreciador refinado ou mesmo mediano de cinema detestaria “Mostro adolescente”. Mas, ele faz parte da história do cinema dos Estados Unidos e mundial. Foi assistido por várias pessoas. Não sei se causou medo em algumas. Embora esquecido, ele existe. Ocupa um nicho já fechado e ultrapassado. Os filmes B e trash usam hoje tecnologia digital e devem ser caracterizados de maneira distinta daqueles filmes da fase heroica do cinema.

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