Matheus Berriel
17/12/2022 10:48 - Atualizado em 17/12/2022 20:32
Exposição no Trianon
/
Rodrigo Silveira
A vida e a obra intelectual de Alberto Frederico de Moraes Lamego são tema de uma exposição que segue até a próxima sexta-feira (23), no foyer do Teatro Municipal Trianon, em Campos. Iniciado no último dia 13, o projeto “Página inédita da Terra Goytacá: vida e obra de Alberto Lamego” é realizado pela Academia Campista de Letras (ACL), com patrocínio da secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa, por meio do edital Retomada Cultural RJ 2. A iniciativa conta com apoio da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, vinculada à Prefeitura Municipal.
Fruto de inédita pesquisa histórica e iconográfica, esta exposição busca lançar luz sobre a vida do advogado, jornalista e escritor em seus aspectos pouco conhecidos pelo público, como sua vida familiar, sua participação política e sua produção intelectual. Nascido em Itaboraí, em 1870, e radicado em Campos a partir do início da década de 1890, Alberto Lamego é autor de oito volumes do livro “A Terra Goytacá à Luz de Documentos Inéditos, entre outras obras que contribuíram para a história do Brasil e, mais especificamente, da planície goitacá. Em Campos, deixou o seu legado tanto por meio de livros e artigos em jornais quanto pelos documentos e obras raras que reuniu em coleção ao longo da vida, incluindo pesquisas feitas em viagens e no período em que morou na Europa. Sua coleção Brasiliana, inclusive, chegou a ser adquirida pelo Governo do Estado de São Paulo e entregue à Universidade de São Paulo, sendo posteriormente transferida ao Instituto de Estudos Brasileiros.
— Como membro da Academia Campista de Letras, propus a exposição para se fazer uma justa homenagem ao ilustre historiador fluminense, que ocupou na ACL a cadeira número 28, cujo patrono é Manoel Martins do Couto Reis. A obra de Lamego, hoje em domínio público, é muito conhecida, mas a exposição deu luz ao homem, nas suas relações sociais e familiares — explica o acadêmico Genilson Paes Soares, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos e curador da mostra. — O nome de Alberto é muito confundido com o do filho, o geólogo Alberto Ribeiro Lamego. Outro equívoco sobre Lamego é o de que ele teria sido proprietário da Usina São João, fato que não procede, pois o usineiro era o seu irmão caçula, Francisco de Moraes Lamego, que é nome de logradouro em Guarus — complementa.
Parte do material da exposição “Página inédita da Terra Goytacá” contém fotografias inéditas de Alberto Lamego em família, que fazem parte de acervo pessoal e foram selecionadas por Genilson Paes Soares durante pesquisa. Lamego foi casado com Joaquina Maria do Couto Ribeiro, neta do comendador Cláudio do Couto e Sousa, de quem herdou o Solar dos Airizes, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1940.
— Trata-se de um rico acervo iconográfico, que abrange as quatro décadas de maior produção intelectual de Lamego e nos permite ter um panorama das suas relações sociais e familiares — acrescenta Genilson. Alberto Lamego foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto Archeológico de Pernambuco, do Instituto Histórico de São Paulo, da Universidade Hispano-Americana de Santa Fé de Bogotá e da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos. Vários dos seus estudos foram publicados em jornais não somente de Campos e cidades vizinhas, como de diferentes regiões do Brasil, além de revistas do Instituto Histórico e da Academia Brasileira de Letras. Ele faleceu em 24 de novembro de 1951, no Rio de Janeiro, sendo sepultado em Campos.
A exposição pode ser visitada de segunda (19) a quinta-feira (23), das 14h às 17h, e na sexta, das 10h às 12h. Classificação: Livre. Entrada gratuita. Após esta temporada no Trianon, a mostra fará parte da programação de verão da Prefeitura no Farol de São Thomé.