Movimento Vai Ter Gorda ganha força na região no combate à gordofobia
Dora Paula Paes - Atualizado em 06/04/2022 09:26
Integrantes do movimento pela autoestima
Integrantes do movimento pela autoestima / Divulgação
Fora do padrão! Muitos podem levantar essa bandeira ao encontrar uma pessoa que esteja acima do peso no caminho, no ônibus, no trabalho, na cama... Mas, o que é padrão? Para um grupo de mulheres, aqui no interior do Estado do Rio de Janeiro, o movimento “Vai Ter Gorda” significa direito ao respeito e à felicidade e vem atraindo dezenas de adeptos. No caso das mulheres, elas estão unidas na alegria, no salto, no batonzão vermelho, na praia desfilando suas curvas... Em todo lugar.
O primeiro núcleo do Vai Ter Gorda nasceu em São Francisco de Itabapoana, atravessou o Rio Paraíba do Sul, e chegou a São João da Barra. Um terceiro aportará com a filosofia de se aceitar, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense.
“O movimento Vai Ter Gorda veio para empoderar as mulheres plus size e conscientizar toda sociedade que nos trata com indiferença. Queremos, sim, mais respeito com as pessoas acima do peso. Não queremos o olhar torto da sociedade. Sabemos quando nos olham diferentes ou cochicham, às vezes, um sorriso de deboche. Muitas mulheres que não sabem lidar com o bullying ficam apreensivas. O movimento nasceu para ajudá-las”, explica a fundadora, Maria Aparecida Pereira, a Mariah, de 54 anos.
Com um sorrisão, voz de locutora e seus 110 quilos, Mariah, quer mesmo é que outras mulheres, homens, jovens e crianças acima do peso possam ter uma vida mais leve, sem o sofrimento de uma depressão, por exemplo. “Nosso movimento temconsciência que obesidade é doença. Não fazemos apologia a pessoa ser gorda. Nos nossos encontros falamos de alimentação saudável, exercícios físicos, busca por um profissional para cuidar da saúde do corpo e da mente. O que não aceitamos e lutamos contra é a gordofobia, que aprisiona”, explica.
De acordo com Mariah, que se fosse possível encheria essa página com todas as fotos de suas companheiras, o movimento mostra que a mulher plus size é maravilhosa e não precisa ter vergonha do seu corpo. “Não precisamos nos esconder na hora das fotos. Temos direito de estar na praia de biquíni ou maiô. Temos um corpo perfeito para dar e receber amor”, reforça.
O movimento existe no desejo de Mariah desde 2017. Em 2018, foi fundado em São Francisco de Itabapoana. Já em 2020, ganhou certificado de honra da prefeita Francimara Barbosa Lemos. Com ajuda do empresário do Rio de Janeiro e professor, Leonardo França, o grupo conseguiu abrir uma sede no município. O grupo com 30 membros ganhou um novo núcleo no último dia 31 de março, em São João da Barra.
— Tudo começou com uma conversa que tive com um amigo ativista que é da Argentina. Falei para ele do meu projeto de empoderar as mulheres plus size e ele me falou de um grupo em Salvador, até tentei contato, mas sem sucesso. Resolvi seguir com o meu projeto e outras mulheres foram chegando: Joene de Fortaleza, Fátima de Salvador, Karine de São Paulo, Hilda de Belém e Bárbara de Manaus. Hoje, temos companheiras de SJB, Campos e 100% de apoio em SFI. Esperamos chegar em todos os municípios do Estado e ajudar mulheres, casais, conscientizar nas escolas e ajudar os jovens. Todos precisam aprender a se amar. Corpo bonito é aquele que tem uma pessoa feliz desfilando por aí — conclui Mariah, que ainda produz vídeos no Tik Tok para incentivar a autoestima.

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