Perto de completar 150 anos, Biblioteca Nilo Peçanha ainda está longe dos campistas
Palácio da cultura, que abriga a biblioteca está fechado desde 2013.
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Em uma cidade que valoriza a cultura, uma biblioteca municipal de 150 anos teria lugar de destaque. Em Campos, a Biblioteca Municipal Nilo Peçanha encontra-se desativada, e seu acervo acondicionado no Arquivo Público. O local de sua última morada, o Palácio da Cultura, tem previsão de reabertura no início de 2022; o “novo” Palácio integrará as atividades da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e da secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia.
Por meio de decreto, em 20 de dezembro de 1871, o campista Josino do Nascimento Silva — então presidente do Rio de Janeiro, ou governador no equivalente atual —, determinou que cada cidade da província tivesse sua biblioteca popular, que seria de responsabilidade da Câmara. Poucos meses depois, em Campos, dois vereadores colocaram a determinação em prática. A biblioteca então passou a funcionar na Praça do Santíssimo Salvador, onde hoje é o Museu Histórico. Já nos anos 60 do século XX recebe o nome de Nilo Peçanha, e em 1972 vai para o recém-inaugurado Palácio da Cultura.
Dona de vasto acervo — e lugar de memória afetiva de muitos campistas que ali faziam suas pesquisas, ou liam os jornais locais e nacionais que eram disponibilizados diariamente —, a Biblioteca Nilo Peçanha deixou de ser acessível aos campistas em 2013, na gestão Rosinha Garotinho, com a desativação do Palácio da Cultura, no coração da cidade. O Palácio passou a ser promessa de campanha do governo seguinte, Rafael Diniz, que fez a entrega simbólica do prédio no apagar das luzes de sua gestão, mas sem condições de uso.
Embora a obra orçada em mais de R$ 1 milhão não tivesse custos para a Prefeitura, sendo uma medida compensatória pela demolição indevida do Casarão Clube do Chacrinha, à rua 13 de Maio, o Palácio continua fechado (veja aqui). A gestão atual diz que ainda restam algumas reformas antes da reinauguração, mas o fato é que elementos essenciais de memória e história de Campos dos Goytacazes permanecem sepultados em jardins de Burle Marx descaracterizados e no Pantheon de heróis desconhecidos.
Caso a promessa atual se cumpra e o espaço seja aberto ao público em 2022, vai ser preciso conhecer a condição real do acervo da Biblioteca Nilo Peçanha, que recebeu, via doações, testamentos e decretos públicos, uma infinidade de volumes e obras de grande importância. Entre eles, o acervo pessoal do estadista campista que dá nome a biblioteca, doado por sua viúva, Annita Peçanha.
Poderemos comemorar os 150 anos de história desse patrimônio campista? A resposta está no valor que a cidade deposita em sua história e cultura.