"Estômago" no Cineclube Goitacá
Jhonattan Reis 06/06/2017 18:14 - Atualizado em 08/06/2017 11:56
Estômago - Cartaz
Estômago - Cartaz/Divulgação
O longa-metragem brasileiro “Estômago” (2008) será exibido nesta quarta-feira (7) à noite no Cineclube Goitacá. O filme, dirigido por Marcos Jorge, será apresentado pela professora universitária Luciane Silva. A sessão, que tem entrada gratuita, começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado à esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
Na trama, Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de uma vida melhor. Contratado para trabalhar como faxineiro em um bar, ele logo descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas, Raimundo transforma o bar num sucesso.
Giovanni (Carlo Briani), dono de um conhecido restaurante italiano da região, contrata Raimundo como assistente de cozinheiro. E a cozinha italiana é uma grande descoberta para o ex-faxineiro, que passa, também, a ter casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento).
Luciane Silva comentou sobre “Estômago” e explicou o motivo da escolha.
— É de uma nova safra de filmes brasileiros, e acho importante que ele seja exibido. O longa é brasileiro, mas há uma parceria entre Brasil e Itália muito importante. A trilha sonora é toda feita na Itália, sendo que parte da finalização também foi realizada neste país. A obra é excepcional também porque mostra como um tema de gastronomia e culinária pode ser transformado em um tema político. E isso tudo a partir de um lugar muito específico, que é a cozinha. Neste caso, com o nordestino em São Paulo, é abordada a questão clássica da imigração — disse a professora, que acredita que o filme gerará um importante debate.
Ator João Miguel interpreta Raimundo Nonato
Ator João Miguel interpreta Raimundo Nonato/Divulgação
— Vivemos em um momento em que o Brasil recebe refugiados, e “Estômago” trata dessas questões. É importante pensarmos em como a gente lida com as pessoas que chegam de outros lugares, com esse outro, seja ele do nordeste, da Síria, da Bolívia ou de qualquer outra parte do mundo. Em relação a essas pessoas, como as integramos, não só pelo trabalho, mas pela cidadania? — questionou Luciane.
Do longa-metragem, ela destacou o roteiro.
— Ele (roteiro) foi feito a partir de um conto chamado “Presos pelo Estômago”. Só que o conto é pequeno, tem cinco páginas, e os roteiristas, então, constroem o progresso desse personagem, que é concebido com essa figura do nordestino, sendo mais uma obra da tradição de filmes que falam sobre imigração de nordestinos para São Paulo. E o longa consegue mostrar bem a questão da dificuldade de adaptação desse nordestino numa cidade como São Paulo, sendo que eles trabalham para os paulistas, mas não fazem parte da cidade.
A apresentadora da noite também comentou sobre a escolha dos atores.
— Outro diferencial de “Estômago” é que tem atores de lugares distintos, como de Curitiba, de São Paulo, do Rio de Janeiro, da Bahia e um da Itália que mora no Rio. Ao mesmo tempo que é nacional, o filme tem linguagem bastante cosmopolita. E o filme conta com ótimas atuações.
Sobre o trabalho do diretor, que assina outros longas-metragens — como “O Ateliê de Luiza” (2004), “O Duelo” (2015) e “Mundo Cão” (2016) —, Luciane Silva relatou:
— Em “Estômago”, ele faz um trabalho muito delicado, porque o filme não é linear. A história não é do começo para o fim, ela vai alternando. A escolha do elenco e o trabalho com os atores também são excelentes. Inclusive, teve um ótimo trabalho de preparação dos atores para que eles compreendessem o mundo da cozinha, um trabalho quase que antropológico. Foi, ainda, um excelente trabalho de locações.

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