Porto do Açu bate recordes e, com alta demanda, chega a rejeitar cargas e navios
24/12/2021 10:50 - Atualizado em 25/12/2021 15:43
Recordes no Açu
Mesmo em um ano ainda marcado pelas incertezas da pandemia, o maior empreendimento privado instalado na região, o Porto do Açu, bateu recordes em 2021. Em entrevista (aqui) ao Folha no Ar dessa quinta-feira (23), o diretor de administração portuária da unidade, Vinicius Patel, afirmou que um grande marco foi a inauguração da termelétrica GNA I, no fim de setembro. Atualmente, a unidade gera energia para 6 milhões de residências e passou a operar em um período de necessidade para o país, devido à crise no setor energético. O Porto também teve um volume maior de cargas, uma quantidade maior de clientes e tipos de cargas distintas.
Ampliação de terminal
A movimentação de cargas em relação a 2019, antes da pandemia, quase dobrou no Açu neste ano, chegando perto de 1,5 milhão de toneladas no terminal multicargas. Patel explicou que a demanda foi tão alta que o Porto chegou a rejeitar clientes: “Agente está tendo que negar cargas, negar navios, o que é ruim, mas é bom. O caminho de perspectiva está bem trilhado, está bem definido, porém, existe aí uma perda que a gente vai acumulando enquanto os ativos não estão disponíveis. Então, a gente tem alguns planos de investimento, de ampliação para esse terminal, e isso é notícia boa para região, notícia boa para as atividades aqui no Porto”.
 
Industrialização é o próximo passo
Também é crescente a quantidade de embarcações operando no Porto. Segundo Patel, até então, o recorde era de 3.340, mas esse número já foi superado este ano desde outubro. “Isso demonstra que as coisas estão acontecendo e que o mercado internacional segue ativo. E segue ativo pelo Açu, pela nossa região, gerando oportunidade de desenvolvimento e caminhando a trilha da industrialização”, salientou Vinicius. A industrialização é o próximo passo de crescimento nos planos do Porto, baseado, de acordo com o administrador portuário, em estratégias e diretrizes de sustentabilidade.
Sustentabilidade e planos
Ainda na questão da sustentabilidade, alguns acordos importantes, como uma planta solar em fase licenciamento, estudos de viabilidade para hidrogênio verde, além de um parque de energia eólica offshore, estão nos planos. “O caminho da industrialização passa por energia renovável”, diz Patel. O Porto também tem expectativas, para 2022, como a GNA II e o parque de tancagem de petróleo. Apesar da série de boas notícias, a alta carga tributária da região e as dificuldades de acesso terrestre ainda são pedras no caminho. A espera é de uma estrada do Porto à BR 101, nos planos do governo estadual, e a chegada, ainda sem prazo, da ferrovia.
Poupança dos royalties
A Câmara de São João da Barra sugeriu, nesta semana (aqui), que a Prefeitura crie um Fundo Soberano dos royalties, uma espécie de “poupança”, na qual seriam depositados até 15% dos valores provenientes de recursos da exploração de petróleo e gás natural no município. A indicação foi do presidente da Casa, Elísio Rodrigues (PL). Ele solicitou que a prefeita Carla Machado (PP) envie ao Legislativo um projeto de lei no sentido da criação do fundo. Para Elísio, o recurso pode ser aplicado para atração de novos investimentos, na preparação para o momento em que a exploração de petróleo não for mais a principal receita do município.
Nega calote
Críticas e denúncias foram feitas à Usina Nova Canabrava ao longo da última semana. Entre as principais acusações, divulgadas por fornecedores nas redes sociais, estão a falta de pagamento no final do ano — deixando alguns sem recursos para pagar 13º de funcionários, cortadores, operadores. A nova gestão da usina rebateu (aqui), alegando que: “Não são débitos da Nova Canabrava; são débitos decorrentes da relação do agenciador com o seu fornecedor”. Em nota, a empresa ainda informa que se coloca à disposição dos fornecedores para esclarecer a situação, negando qualquer irregularidade.
Posição da Asflucan
No vídeo denúncia, que circulou nas redes sociais e aplicativos de mensagem, um produtor, não identificado, filma a entrada e o pouco movimento dentro das cancelas e comenta: “Usina que não paga ninguém, deixou todo mundo sem dinheiro. Uma vergonha, todas as usinas de Campos pagaram, menos a Canabrava. Estou com um dinheirão aqui na usina e não recebo”. Presidente da Associação dos Plantadores de Cana (Asflucan), Tito Inojosa diz que a prática é recorrente: “Eles não pagam o pessoal no final do ano para que os fornecedores fiquem presos na Usina. Então os fornecedores se revoltaram e gravaram esse vídeo”.
Impasse
A relação da Nova Canabrava com a Asflucan não parece ser das melhores, antes mesmo de começar a circular o tal vídeo. Em entrevista ao Folha no Ar, na terça-feira (21), Tito disse que há dificuldade de acesso aos dados da usina, bem como para recolher o percentual que deveria ser destinado à associação. Na nota da Nova Canabrava, a Asflucan não é citada diretamente, mas o envolvimento da usina no calote é creditado a “informações falsas e fomentadas por interesses escusos de personagens de uma Associação que se diz apoiar fornecedores, mas buscaram medidas judiciais pedindo a falência desta empresa”.
*Publicado na edição desta sexta-feira (24) da Folha da Manhã

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    Arnaldo Neto

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