Médicos relatam falta de medicamento para intubar e divisão de oxigênio
Dora Paula Paes 05/04/2021 20:44 - Atualizado em 06/04/2021 09:28
  • Reunião Gabinete de Crise

    Reunião Gabinete de Crise

O município de Campos já tem pacientes dividindo cilindro de oxigênio na emergência, da mesma forma que respirador e cadeira. Tudo isso devido à velocidade na transmissão do novo coronavírus. A situação crítica assusta os profissionais de Saúde que falam em quadro dramático, segundo destacou a coordenadora do Centro de Controle e Combate do Coronavírus (CCCC), Patrícia Meireles.
"Muitos pacientes já estão chegando com necessidade de intubação, coisa que a gente não via e, hoje, estamos vendo com muita frequência. A gente não tem mais o que fazer a não ser esperar o óbito de uma grande parte da população", ressalta a médica. A ocupação na unidade é de 100% nos 40 leitos clínicos, nos 29 leitos de UTI e nos 5 leitos de estabilização (sala vermelha).
O próprio subsecretário de Saúde, Paulo Hirano, expôs que o município também não tem mais relaxantes musculares para intubar e os médicos estão sendo obrigados a improvisar soluções. "Não há equipamentos ou profissionais médicos, é isso em todo o Brasil. É preciso que a população entenda esse cenário. A única coisa que todos podem ajudar é ficar em casa, evitar contato, usar a máscara”, disse o médico Paulo Hirano, em tom de alerta.
Coordenadora da UTI da Beneficência Portuguesa, Simone Serafim explicou a necessidade de manter as restrições. Segundo ela, é assustador o grande número de jovens que chegaram para atendimento neste fim de semana; doentes entre 20 a 50 anos.
A profissional da área de Saúde disse que o grupo médico da Beneficência está cansado. "Intubamos cinco pessoas por dia na UTI, já tivemos sete intubações no dia no CCCC. Foram quase 400 óbitos na unidade. São quase 400 histórias que temos que conversar com a família”, disse ela na reunião desta segunda-feira (5) do Gabinete de Crise, que estendeu o lockdown até o próximo dia 12.
No caso dos cilindros de oxigênio, uma das medidas da Prefeitura, através do Decreto 112/2021, foi requisitar a imediata devolução dos cilindros excedentes que se encontravam nas residências dos pacientes assistidos pelo Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) e pelo serviço de assistência social. O decreto foi publicado no Diário Oficial deste domingo (04) e a medida se faz necessária diante a necessidade de abastecimento dos hospitais com atendimento aos pacientes com Covid-19.
A decisão foi tomada a partir do aumento de casos graves dos pacientes acometidos com o Covid-19 e de casos de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com taxa de ocupação de leitos hospitalares próxima a 100%, estando a Região Norte do Estado do Rio de Janeiro classificada com risco muito alto (bandeira roxa).
Segundo o secretário de Saúde, Adelsir Barreto, 30 cilindros que não estavam sendo usados pelos pacientes foram recolhidos e encaminhados para a empresa responsável para, em seguida, serem encaminhados para a rede. "Pacientes assistidos pelo SAD e com indicação médica de terapia com uso de oxigênio terão a assistência garantida”, afirmou o secretário.

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