Faculdade de Medicina de Campos decide retorno às aulas para não reduzir mensalidade
30/05/2020 08:15 - Atualizado em 30/05/2020 18:01
Desde o dia 16 de março os alunos da Faculdade de Medicina de Campos (FMC) foram dispensados devido à pandemia.
A partir de então, a FMC não aceitou nenhuma proposta de redução ou negociação do valor da mensalidade, de R$ 8.160,00, referente a abril. No mês de maio, a FMC decidiu reduzir para R$ 7.605,00.
O que ocorre é que, por conta da pandemia, muitos pais de alunos não estão conseguindo pagar. A FMC não aliviou mais o valor e os pais começaram a pressionar, levantando a possibilidade de entrar com um processo na Justiça.
O ingresso na Justiça ocorreu envolvendo pais de alunos de outras faculdades de Medicina, como a Souza Marques e a Estácio de Sá, no Rio, para conseguir uma redução de 50% do valor da mensalidade.
A redução foi ganha na Justiça, ampliando a chance de o mesmo ocorrer com relação ao pagamento na Faculdade de Medicina de Campos.
Daí, revela o pai de um aluno, cujo nome prefiro não citar por razões óbvias, a FMC resolveu voltar com as aulas para que, assim, a mensalidade não fosse reduzida, evitando pleitos judiciais.
E um termo de assunção de risco e responsabilidade foi entregue ontem aos alunos. No documento, o aluno deve declarar que se encontra cursando o estágio curricular obrigatório/internato, com atividades práticas no Hospital Escola Álvaro Alvim e nas instituições hospitalares conveniadas à FBPN/FMC, sabedor do risco de contágio de inúmeras patologias, dentre elas o Covid-19.
No documento, é solicitado que o aluno declare que, por livre arbítrio, retoma às atividades acadêmicas, com vistas à conclusão do curso, assumindo os riscos inerentes à atividades médicas e isentando a instituição de ensino de quaisquer responsabilidade.
O aluno deve declarar ainda que recebeu treinamento de prevenção ao contágio pelo Coronavirus e lhe foi concedido os EPI´s (Equipamento de Proteção Individual) adequado à mesma finalidade.
CARTA ABERTA
Ontem, a Faculdade de Medicina de Campos (FMC), mantida pela Fundação Benedito Pereira Nunes, entregou os equipamentos considerados necessários e adequados, pela direção, para a proteção dos alunos.
Os EPIs liberados foram escolhidos por professores médicos em consenso com a diretoria da FMC, também composta por médicos.
Mas, contrariados com a decisão da instituição, alunos do 9º período divulgaram uma carta aberta externando “total insatisfação” com a forma pela qual a FMC está se conduzindo no retorno de suas atividades.
Na carta aberta, os alunos detalham que foi oferecido um termo isentando a FMC de qualquer responsabilidade. Assinalam, no entanto, que, “diante da atitude indigesta da FMC”, resolveram, como último suspiro, expor o assunto publicamente.
A motivação é a esperança de que, dessa vez, as devidas responsabilidades sejam tomadas pela instituição e que a FMC veja seus alunos como humanos e não como mercadorias. “Queremos o digno! Respeito!”.
Um trecho da carta diz: “A faculdade afirma que esse material é para a nossa proteção, ainda que a nota técnica 04/2020 da Anvisa informe que máscara de tecido não é EPI e que ela não deve ser usada por profissionais da saúde”.
 A carta é finalizada com a pergunta: “a direção da FMC se garantiria com o material fornecido aos alunos nos ambientes hospitalares em meio a atual pandemia do Covid-19?”.

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    Saulo Pessanha

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