Cobrança pelo FDP!
Aluysio Abreu Barbosa e Matheus Berriel 07/10/2019 18:02 - Atualizado em 14/10/2019 13:09
Isaias Fernandes
Como definido na reunião da última sexta-feira (04), na Casa de Cultura Villa Maria, o 3º Festival Doces Palavras (FDP!) será realizado, mesmo com a desistência da Prefeitura. Ainda sem data definida, mas provavelmente em novembro, e em vários locais, não mais centralizado na Praça do Liceu. Idealizador do evento, professor do Centro Universitário Fluminense (Uniflu) e assessor de imprensa do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Vitor Menezes foi o convidado no início da manhã desta segunda-feira (07) do programa Folha no Ar 1ª edição, da Folha FM 98,3, onde falou da importância do festival e da decisão de fazê-lo sem o poder público, cuja retirada em cima da hora foi alvo de críticas.
— A gente teve uma conversa com os produtores culturais da cidade, numa convocação da Associação de Imprensa Campista (AIC). A gente foi surpreendido com essa decisão da Prefeitura de Campos, que é realizadora do festival junto com a AIC e com a Academia Campista de Letras (ACL). O que nos deixou muito chocados, dada a contribuição que o festival tem dado ao longo desse tempo para a valorização dos autores campistas e da pesquisa sobre a literatura campista. E a produção de doce, que é uma tradição que como várias outras, vem passando por muitas dificuldades — disse Vitor.
O ex-presidente da AIC também questionou a falta de soluções alternativas. Mesmo reconhecendo as dificuldades financeiras, como as perdas de Campos nas receitas do petróleo, lamentou a postura adotada pelo poder público.
— Eu considero essa decisão injustificável, a despeito de entender todo o cenário de crise que a gente vive. Mas a gente também se surpreende com a falta de zelo com esse patrimônio, porque isso poderia ser feito de uma outra forma. Já está sendo construída a possibilidade de programação descentralizada, a gente vai abrir um chamado para quem quiser participar do 3º FDP!. Não mais realizado pela Prefeitura, mas pelo coletivo de produtores culturais, para que se inscrevam, para que digam o que querem e podem fazer. Imagine o que não seria possível construir num ambiente institucionalizado como a Prefeitura, com uma rede de 200 escolas municipais, por exemplo, falando de literatura campista durante quatro, cinco dias. Isso não teria custo nenhum para a Prefeitura. Junto com a iniciativa privada também, as escolas particulares — pontuou.
Anteriormente, o Sesc já havia saído da realização do FDP! devido ao adiamento de setembro para novembro feito pela Prefeitura. Além do contingenciamento de despesas decretado pelo prefeito Rafael Diniz, outro motivo alegado na ocasião foi uma coincidência de datas com o Samba na Praça, que tradicionalmente acontece na Praça do Liceu ao terceiro domingo de cada mês. Na opinião de Vitor, tratou-se de falta de planejamento por parte do poder público, o que acabou causando um clima constrangedor para os curadores do FDP! com os organizadores do Samba na Praça, que contestaram no Facebook o motivo apresentado.
— Nunca houve, não há nenhum problema com o pessoal do samba. São queridos, inclusive porque têm o mesmo espírito de ocupação das praças, dos locais públicos, de valorização do artista local que o FDP! sempre tem. A gente queria inclusive integrar essas coisas, chegamos a propor uma edição fazendo samba de compositores campistas dentro do FDP!, que seria uma junção maravilhosa também. Então, não tem problema — comentou Vitor. — A Prefeitura tentou criar uma situação de conflito nessa disputa de narrativa, eu acho que para escamotear um pouco essa falta de planejamento — acrescentou.
A proposta inicial do Folha do Ar desta segunda era um debate entre Vitor Menezes e um representante da Prefeitura, que preferiu declinar do convite. Vitor subiu o tom para criticar a posição da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) na nota que anunciou o cancelamento da sua participação no FDP!:
— Seria bacana, seria um diálogo. Da minha parte, não seria polarizado, porque eu estaria conversando com os realizadores do evento, que eu inclusive valorizo muito. Não é porque eles disseram que não vão realizar, que eu vou negar toda a contribuição e importância da Prefeitura. Porque esse é um evento da cidade, não é um evento da AIC, da ACL. O FDP! só existe por causa da Prefeitura de Campos. Foi ela quem realizou o evento em 2015 e 2017 e vinha caminhando para realizar o de 2019. Posso usar uma palavra dura, mas eu achei desonesta a nota da Fundação Cultural, quando ela diz que estava cancelando o evento na condição de parceira. A Prefeitura de Campos, isso é público, está nos folders das duas edições e todos os documentos que foram redigidos, é realizadora e decidiu não realizar este ano. Não entendi muito bem essa nota.
Como o motivo dado para o cancelamento da participação da Prefeitura no FDP! foi o contingenciamento de gastos, o convidado do programa desta quarta (09), o secretário municipal de Fazenda Leonardo Wigand, poderá falar sobre esse assunto, entre outros. Antes, a partir das 7h desta terça (08), o debate que não houve ontem está programado para acontecer entre dois estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF) Campos, de espectros políticos opostos: Eraldo Duarte, do movimento de direita UFF Livre, e Johnatan França de Assis, militante de movimentos de esquerda.

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