Urnas condenam filhos de presos
Arnaldo Neto 09/10/2018 10:17 - Atualizado em 09/10/2018 15:33
  • Leonardo Picciani

    Leonardo Picciani

  • Marco Antônio Cabral

    Marco Antônio Cabral

  • Danielle Cunha

    Danielle Cunha

Filhos de políticos envolvidos naquela que é considerada a maior investigação de combate a corrupção na história do Brasil, Danielle Cunha, Marco Antônio Cabral e Leonardo Picciani — todos do MDB — não tiveram sucesso nas urnas. Eles até tentaram defender a permanência dos clãs na política, mas a onda gerada pela candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) se refletiu também na disputa proporcional e não deixou espaço para os filhos de antigos caciques da política fluminense.
O MDB do Rio saiu desmantelado deste pleito. Perdeu a hegemonia construída ao longo dos anos na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), e o posto de maior bancada fluminense na Câmara dos Deputados. Em 2014, antes da retirada do P do nome do partido, foram oito deputados federais eleitos. Entre eles, Marco Antônio e Leonardo, além do pai de Danielle, o ex-todo-poderoso Eduardo Cunha, que deu as cartas na Câmara Federal como presidente, sendo responsável, inclusive, por pautar a abertura do processo que culminou no impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Mas veio a Lava Jato e agora não sobrou espaço para os filhos de políticos envolvidos nela.
Marco Antônio é filho do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que já foi condenado a mais de 170 anos de prisão. Mas manteve o sobrenome na urna e foi buscar a reeleição. Porém, passou longe da votação obtida no pleito anterior: caiu de 119.584 votos em 2014, para 19.659 no domingo. Nem o repasse de R$ 1,5 milhão do partido para campanha, nem a carta do pai, pedindo para que o filho não fosse punido, foram suficientes para evitar o fracasso nas urnas.
Leonardo Picciani é filho de Jorge Picciani, que mandou no MDB do Rio e está afastado da presidência da Alerj desde que foi preso na operação Cadeia Velha. Leonardo chegou a ser ministro no governo Michel Temer (MDB) e também contou com repasse de R$ 1,5 milhão do partido para campanha. Mas o resultado, só foi um pouco melhor do que o de Marco Antônio. Picciani caiu de 180.741 votos em 2014 para 38.655 no domingo. Na coligação do MDB, ficou como quarto suplente.
O resultado mais vexatório, contudo, foi o da estreante Danielle. Ela não chegou nem perto dos 232.708 votos que o pai, preso em Curitiba, recebeu na eleição anterior. E a sua campanha recebeu um vistoso repasse de R$ 2 milhões por parte do partido. Na campanha, em momento nenhum escondeu ser filha de Eduarda e defendia o “legado” do pai. Porém, nas urnas recebeu apenas 13.424 votos. 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS