A legítima vontade do povo
- Atualizado em 29/10/2018 11:28
Presidente eleito, Jair Bolsonaro
Presidente eleito, Jair Bolsonaro / Tânia Rego-Agência Brasil
Acabou. A maioria dos brasileiros decidiu e Jair Bolsonaro (PSL) será presidente a partir de 2019. O resultado das urnas não aceita choro de perdedor. E, para democracia, o “chororô” só traz prejuízos. O Brasil vive dividido entre nós e eles desde a “definição” por parte do PT de que quem não votasse com ele estava contra a democracia. Agora, muito aprendizado deixa o pleito: para políticos, analistas, institutos de pesquisa, imprensa e a Justiça. Os excessos marcaram a campanha e muita coisa agora precisa voltar ao seu devido lugar.
As “Jornadas de Junho” de 2013 mostraram ao Brasil a força das redes sociais. A mobilização levou milhares a protestos em diversos pontos do país e abalaram o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Veio a eleição de 2014 e muitos esperavam a derrota do PT contra o tucano Aécio Neves — na polarização partidária que imperava desde a eleição presidencial de 1994.
Para se reeleger, Dilma cometeu o chamado estelionato eleitoral. Disse que o país estava uma maravilha, com a inflação sob controle e que a economia continuaria crescendo. Mentiu. Mas se estelionato eleitoral fosse motivo para perda de mandato, poucos políticos completariam os seus. Contudo, a oposição não havia aceitado a derrota. A operação Lava Jato passava a expor, a cada nova fase, o maior escândalo de corrupção do mundo e como o PT estava umbilicalmente envolvido. Tudo isso levou a aumentar a rejeição a Dilma e ajudou a resultar num processo de impeachment.
Não foi golpe, porque estava sustentado em crimes. Porém, cá entre nós, muitos políticos cometeram as tais pedaladas e tudo ficou por isso mesmo. Veio Michel Temer (MDB) e sua agenda reformista, que agradava ao mercado. Ele também foi flagrado em escândalos de corrupção. Na velha política, das barganhas de cargos, conseguiu se livrar das denúncias na Câmara dos Deputados. Deixando o Planalto, é “forte candidato” a ser preso, como muitos que o cercam.
Por falar em preso, um em especial influenciou este pleito: Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Condenado em segunda instância pela Lava Jato, sustentou sua candidatura até ser barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Articulou de forma meticulosa para impedir o crescimento de Ciro Gomes (PDT), nome mais forte da centro-esquerda neste ano. Pensou que faria com Fernando Haddad (PT) o que fez com Dilma, elegendo mais um “poste”. Viu nas urnas a rejeição ao petismo e, sobretudo, ao lulismo.
Bastião da moralidade em 2014, Aécio também caiu na Lava Jato e afundou, junto com ele, o PSDB. Coube a um deputado federal, há 27 anos na Câmara, o papel de outsider. Para a maioria dos brasileiro, é Bolsonaro quem vai, como disse em sua campanha, “mudar isso tudo que tá aí”.
Não há o que contestar do resultado das urnas. Bolsonaro é o presidente eleito. Que seu mandato não reflita o discurso de ódio de boa parte da campanha, que serviu para expor o pior de alguns eleitores. Que o “mudar isso tudo que tá aí” não atinja a jovem democracia brasileira. Estejam enganados todos os que viram como ameaças às instituições o que disseram aqueles que cercam o novo presidente. Que daqui a quatro anos, nas urnas, os brasileiros decidam se Bolsonaro terá outra chance ou haverá alternância no Palácio do Planalto.
Oxalá, para o bem de todos nós, seja um bom governo!
*Publicado na edição desta segunda-feira (29) da Folha da Manhã

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    Arnaldo Neto

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