A luta dos cegos
20/10/2018 09:51 - Atualizado em 20/10/2018 09:51
 Certa manhã, quando dirigia-se ao mercado, Nasrudin viu alguns cegos e, fazendo tilintar as moedas em sua bolsa, disse em voz alta: - Amigos, amigos, peguem estas moedas. Tu, toma esta; tu, esta, e vocês repartam o resto – e, enquanto fazia isso, fazia tilintar as moedas em sua bolsa. É evidente, e seria até demais esclarecer, que não repartiu um só tostão. Produzida a cena, afastou-se para observar a seguinte situação: os cegos começaram a precipitar-se uns sobre os outros, exclamando e gritando: “deu tudo para ti”. Ou então: “Vocês ficaram com tudo ao invés de repartir”. Ou: “Eu nada recebi!”, “Mentes!”, “Dá-me a minha parte!” etc, etc.
Isso se transformou em empurrões, socos, chutes, insultos, xingamentos, terminando em uma grande batalha indescritível, dada a cegueira total reinante. Nasrudin, que seguia de perto as peripécias da batalha, murmurou: - Isto é o que poderia chamar-se de uma ”uma luta de cegos por motivo inexistente”.
As historias da tradição sufi são sempre muito ricas em ensinamentos, mas trazem em seu conteúdo uma reflexão que exige sensibilidade e perspicácia a fim de que haja uma internalização do sentimento. Eu mesma, muitas vezes, levo um tempo até perceber qual a lição contida em algumas delas. Isso mostra o quanto somos cegos, em vários aspectos.
Acreditamos que os olhos nos bastam para que saibamos o que está acontecendo a nossa volta. Mas definitivamente, não bastam! O que mais vemos, atualmente, em todos os cantos do mundo, são “lutas entre cegos por motivos inexistentes”. As pessoas inventam motivos absurdos para iniciarem uma luta sem fim. E assim, estamos todos morrendo, em vários sentidos, sem entender o que realmente está acontecendo e quem está a favor e quem está contra nós. Não devemos nunca querer ludibriar, fazer joguetes ou fazer o outro de escada. Aliás, isto é uma das coisas mais abomináveis na vida. Pessoas que se utilizam desta atitude são fracas e incompetentes. Como diz o ditado popular, “algumas pessoas querem mostrar dificuldade para vender facilidade”. E estas pessoas, na maioria das vezes, têm fala mansa, envolvem o outro com a palavra, vestem uma capa! Mas, como também diz outro ditado, “você pode enganar alguns por algum tempo, mas não consegue enganar todos o tempo todo”. Vemos, então, triunfar a verdade, a justiça e o trabalho! Certamente, é o momento de começarmos a olhar mais com o coração e menos com os olhos, tão limitados e influenciáveis. Afinal, o que os olhos veem de forma equivocada, o coração sente, também, de forma equivocada. E nossa vida se torna uma sucessão de escolhas, atitudes e caminhos equivocados. Que saibamos olhar, cada vez mais, para dentro de nós, para nossas reais convicções, sem nos deixarmos sucumbir por aquilo que vemos fora de nós. Porque, do lado de fora, tudo não passa de uma grande ilusão.
Não perca tempo maldizendo o mal que lhe fizeram ou os fracassos que teve. Comece, a partir de agora, a ver o que pode fazer para reconstruir. Siga em frente, corajosamente, pois a vida sorri somente para aqueles que não param no meio da estrada.
Martin Luther King nos diz que “a verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio”.
Portanto, devemos ser como os grandes Homens...
O homem puro não vocifera contra os impuros. Adora o que é sagrado, mas sem fanatismo; carrega fardos pesados com leveza e sem gemido; domina, mas sem insolência; é humilde, mas sem servilismo; fala a grandes distâncias sem gritar; ama sem se oferecer; faz bem a todos antes que se perceba.
O grande homem é silenciosamente bom. É genial, mas não exibe gênio. É poderoso, mas não ostenta poder; socorre a todos sem precipitação. Tudo isso faz o grande homem como o sol: poderoso para sustentar um sistema planetário e delicado para beijar uma pétala de flor.
O Dalai Lama nos fala: “Uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e pensar no passado, poderá obter prazer uma segunda vez”. O que nos leva a pensar que, quando agimos com sinceridade, caráter e honradez, temos a certeza de ter escolhido o melhor caminho.
Não podemos deixar que os olhos da inveja, da ganância e da superficialidade de algumas atitudes nos ceguem. É preciso enxergar com os olhos da alma e do coração puro!
Uma boa semana para todos!
Com afeto,
Beth Landim

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