Chequinho: Wladimir comparece a primeira audiência como réu
18/10/2017 20:21 - Atualizado em 20/10/2017 18:00
Filho do ex-governador Anthony Garotinho, Wladimir Matheus compareceu, nesta quarta, no Fórum Maria Tereza Gusmão, em Campos, à primeira audiência da ação penal na qual é acusado de participar do esquema de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição municipal e que levou o pai a ser condenado a 9 anos e 11 meses de prisão. Onze testemunhas de acusação foram ouvidas, entre elas a radialista Beth Megafone, considerada testemunha-chave do processo, que foi a única a disparar contra o réu: “Wladimir queria fazer base para (a eleição de) 2018 (na qual o réu é cotado para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados), por isso queria abrir a distribuição do Cheque Cidadão, que era restrita a um grupo pequeno”.
Segundo Beth, a distribuição do programa social para uso eleitoral seria restrito a um grupo escolhido por Garotinho. “Eram Kellinho (PR), Linda Mara (PTC), Thiago Ferrugem (PR), Thiago Godoy (PR) e Ozéias (PSDB), mas Wladimir não concordava, queria colocar mais gente. O PR (Partido da República) é dividido entre o grupo do Garotinho e do Wladimir. Daí aconteceram as brigas entre eles. Mas o negócio foi espalhando pelo governo e o grupo acabou aumentando (...) outras pessoas foram incluídas a partir da liderança do Wladimir”, disse a radialista.
Em outro momento, Beth relatou que, em um suposto desentendimento entre pai e filho, Garotinho teria atribuído a Wladimir os problemas com a Justiça Eleitoral. “No dia 23 de outubro (de 2016), já depois da eleição, Garotinho falou para Wladimir na casa deles: ‘tá vendo, isso aconteceu porque você abriu para os outros’”.
Essa também foi a primeira audiência do juiz Ricardo Coimbra à frente dos casos da Chequinho. O magistrado substitui Ralph Manhães após a extinção da 100ª Zona Eleitoral. Na próxima sexta-feira (27), foi marcada duas novas audiências da ação penal, uma para o interrogatório do réu e outra para ouvir as testemunhas de defesa.
Wladimir se defendeu dizendo que “das 11 testemunhas, apenas uma fala que eu tive alguma participação e que mentiu. Ela que me acusa, mas também foi a única testemunha que pediu para que eu não estivesse presente no momento do depoimento. A maioria disse que nem me conhecia. Essa denúncia contra mim foi feita só nove meses depois das outras e estou com a consciência tranquila porque não fiz nada”.
Vereadores têm cinco dias para alegações
As ações penais da Chequinho continuam caminhando e outro processo envolvendo vereadores está próximo de uma conclusão. Desta vez é a que tem como réus Kellinho (PR), Thiago Virgílio (PTC), Linda Mara (PTC) e Jorge Rangel (PTB). O juiz Ricardo Coimbra negou embargos de declaração apresentados pelos parlamentares e deu prazo de cinco dias para alegações finais. Depois disso, é proferida a sentença. Antes de ouvir as testemunhas de acusação da ação contra Wladimir, ontem, Ricardo Coimbra também esteve com Linda Mara (PTC), Ozéias (PSDB), o ex-subsecretário de Governo Alcimar Ferreira Avelino, o assessor parlamentar Nalto Muniz, Maria Elisa de Souza Viana de Freitas, Jossana Ribeiro Pereira Gomes e o escrevente do Cartório do 24º Ofício Carlos Alberto Soares de Azevedo Junior, acusados de coagir testemunhas, mas todos preferiram ficar em silêncio.
Outras duas ações penais já tiveram sentença e foram condenatórias. A primeira é a que tem como réu o ex-governador Anthony Garotinho (PR), condenado a nove anos e 11 meses de prisão por corrupção eleitoral, repetida 17.515 vezes, associação criminosa, supressão de documento e coação no curso do processo.
A segunda é a que tem como réus os vereadores Ozéias e Miguelito (PSL), além da ex-secretária de Desenvolvimento Humano e Social Ana Alice Alvarenga e a ex-coordenadora do Cheque Cidadão Gisele Kock. Os parlamentares foram condenados a cinco anos e quatro meses de reclusão em regime semiaberto e ainda tiveram decretada perda dos mandatos.
Já Ana Alice e Gisele foram condenadas a um ano e três meses de reclusão, convertida em prestação de serviços comunitários.
Jorge Magal diz que vai recorrer sobre decisão
Durante a semana, o ministro Tarcísio Vieira, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou os embargos de declaração do vereador afastado Jorge Magal (PSD), que contestava a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que o condenou a oito anos de inelegibilidade também por envolvimento na Chequinho. A defesa de Magal afirmou que vai recorrer da decisão.
De acordo com a nota, os advogados esclarecem que irão recorrer da decisão do relator que manteve o Acórdão do TRE. “Fui condenado somente por estar com o nome em uma lista da qual não participei e não tive acesso e que não pratiquei nenhum ato ilícito, como já foi provado no processo criminal no qual foi absolvido e será também comprovado no final deste processo”, afirma Magal.
Em sua defesa, Magal alegou no recurso que já tinha rompido politicamente com o grupo de Garotinho no período pré-eleitoral. No entanto, Tarcísio registrou que o nome dele apareceu nos documentos apreendidos durante as investigações.
Fotos: Paulo Pinheiro

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