A eleição para deputado estadual no ano que vem já tem movimentado os bastidores da política sanjoanense, com discussões até nas redes sociais. O “x” da questão, porém, não é nem a composição da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), mas seu reflexo na sucessão municipal, no pleito de 2020. Militantes ligados ao governo têm um objetivo claro: tentar “minar” o nome do deputado estadual Bruno Dauaire (PR), que tem domicílio eleitoral em São João da Barra. Já a prefeita Carla Machado (PP) informou que vai retribuir o apoio que recebeu de vários parlamentares à sua candidatura exitosa do ano passado. Da Câmara, existe a possibilidade de um nome pleitear cadeira na Alerj, bem como é dada como certa a futura candidatura do representante do Norte Fluminense no Conselho Estadual de Política Cultural, o jornalista Bruno Costa.
A estratégia de “minar” Bruno Dauaire é uma reação ao nítido movimento de aproximação ao seu grupo de parte dos insatisfeitos e daqueles que não votam com Carla. Como são poucos os representantes da oposição na Câmara Municipal, o filho do ex-prefeito Betinho Dauaire (PR) tenta ocupar o espaço de principal político entre os contrários à atual prefeita sanjoanense. Mas movimentos políticos se dissipam como as nuvens. Então, para se tornar um nome viável em 2020 pela oposição é necessário que Bruno melhore seu desempenho nas urnas no próximo ano. Em 2014, quando Carla também estava na disputa uma cadeira na Alerj, ele obteve apenas 2,5 mil votos no município.
Entre momes do grupo de Carla, chegou a ser aventada até a candidatura do filho dela, o jovem Pedro Machado. Essa possibilidade, porém, foi descartada por ambos. Ela ainda destacou a necessidade de retribuir o apoio que recebeu no pleito municipal do ano passado. A prefeita deve repetir uma estratégia bem conhecida: articular com diferentes lideranças (como vereadores e secretários) do seu grupo político e pulverizar o apoio a um grande número de candidatos a deputado estadual. Depois, com a abertura das urnas, soma-se os votos e utiliza-se desse número para mostrar o poderio político do seu time.
Da Câmara, o nome do presidente Aluizio Siqueira (PP) chegou a ser ventilado, mas ele descartou. Outro nome que chegou a circula nos bastidores foi o do pedetista Elísio Rodrigues, embora sua antiga aliança com deputado Jair Bittencourt (PP), atual secretário de Estado de Agricultura, possa impossibilitar tal movimento e inviabilizar, ao menos por ora, um nome da atual composição do Legislativo sanjoanense na disputa por uma cadeira na Alerj. Fora desse dualismo Machado x Dauaire e sem mandato, a possível candidatura de Bruno Costa surge como uma opção da esquerda, já que o provável caminho é o da disputa pelo Psol.
De olho em 2020 — Existe outra conjuntura que pode ser decisiva para a próxima eleição municipal. Carla e seu vice, Alexandre Rosa (PRB), foram condenados na Machadada, em primeira instância, a oito anos de inelegibilidade a contar de 2012. Cabe recurso, já interposto, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e, posteriormente, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso seja mantido o entendimento do juízo local, Carla e Alexandre (assim como o ex-prefeito Neco e o atual secretário de Meio Ambiente, o vereador Alex Firme) não poderão ser candidatos nos pleitos de 2018 e 2020. Com Dauaire querendo ocupar a lacuna de principal nome da oposição, é preciso definir os viáveis nomes do grupo carlista para sucessão numa eventual impossibilidade da líder. E, neste caso, a demostração de força ao apoiar candidatos no ano que vem pode ser um ponto importante. Há ainda a expectativa da sentença do “caso Sunset”, também de 2012, no qual Bruno é investigado, junto com o pai e outro políticos aliados à época, em ação proposta pela coligação que teve Neco como candidato a prefeito em 2012. A decisão do magistrado local deve ser conhecida em breve, uma vez que as alegações finais já foram apresentadas.