Wladimir Garotinho dá nota 7 ao seu governo, prega diálogo, mas faz críticas
Arnaldo Neto, Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira e Matheus Berriel 25/06/2022 09:18 - Atualizado em 25/06/2022 09:35
Wladimir participa do Folha no Ar
Wladimir participa do Folha no Ar / Genilson Pessanha
“Eu dou nota 7 para o governo, sabendo que tem muito a melhorar em vários aspectos, mas pedindo que a população continue acreditando e confiando”. Essa foi a avaliação do prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (sem partido), sobre um ano e meio da própria gestão, em entrevista, nessa sexta-feira (24), ao Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Ele listou medidas que vê como avanços no município, mas também comentou sobre temas mais delicados para a administração, como a dificuldade de diálogo com o Sindicato dos Servidores Públicos (Siprosep), o gargalo no transporte público, a relação difícil com a Câmara dos Vereadores, atualmente com maioria de oposição, pontuando, inclusive, ter ouvido rumores sobre a possibilidade de vereadores articularem um processo de impeachment, o que considera descabido. Falou também sobre como “azedou” sua relação com o deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), a quem fez críticas sobre algumas atitudes, inclusive no lançamento das obras no Parque Saraiva, mas diz ser necessário diálogo entre as forças políticas para que o município tenha melhorias. Mais uma vez demonstrou gratidão ao governador Cláudio Castro (PL), mas disse que vai esperar as definições para se posicionar sobre a disputa eleitoral, que tem o pai dele, Anthony Garotinho (União), outra vez como pré-candidato a governador. Na projeção às urnas, o prefeito acredita que Campos fará quatro deputados estaduais — dois do seu grupo — e dois federais em outubro.
Avanços em um ano e meio – A gente tem um ano e meio de muito trabalho. Não gosto de ficar relembrando e falando de passado, mas serve de comparação, é importante falar para comparar a maneira como encontramos e a maneira como estamos enxergando hoje, os avanços que tivemos. Por exemplo, se a gente for falar da área da Saúde, talvez uma das maiores realizações, logo de início, foi acabar com (os atendimentos nos) corredores nos hospitais: tanto no Ferreira Machado quanto no HGG, aquelas pessoas amontoadas em macas nos corredores já não existem mais há um ano. Com seis meses de governo, a gente acabou com um problema de mais de 30 anos. E foi uma equipe capacitada, dando liberdade aos diretores dos hospitais. Ainda na Saúde, a gente pode destacar a abertura de UBS que estavam fechadas. Já abrimos 21 UBS. Foram fechadas 47, não conseguimos reabrir todas ainda, porque muitas dependem de obra, dependem de montar equipe. Não é fácil você conseguir montar uma equipe completa para poder reabrir. Também podemos destacar os mutirões da Saúde. Já estamos na terceira etapa, zerando várias filas de exames de imagem, de consultas, de cirurgias. E aqui fica um agradecimento especial a toda a equipe da Saúde. Lançamos agora, recentemente... Inclusive, ontem a deputada federal Clarissa Garotinho esteve no Hospital Ferreira Machado. Nós vamos reformar todo o pronto-socorro, todo o primeiro andar do Ferreira Machado. O projeto está pronto, está muito bonito, inclusive; através de uma emenda de bancada que a gente articulou. Estamos reformando o HGG em parceria com o Governo do Estado, está lindo o hospital, muito bonito. A primeira etapa deve estar sendo inaugurada entre 45 e 60 dias. Podemos falar também da assistência social, em que retomamos a proteção básica ao mais vulnerável, aos mais pobres desta cidade. Reabrimos Restaurante Popular; voltamos com programa de distribuição de renda, que, nesta primeira etapa, vai contemplar até 10 mil famílias até o final deste ano; triplicamos ou quadruplicamos, não tenho o número de cabeça, o número de cestas básicas ofertadas na secretaria; criamos o kit Mãe Coruja, que é um kit bebê completo para mães pobres e em vulnerabilidade social. Temos avanços em todas as áreas.

Gestão fiscal – Essa semana, uma coisa que parecia inimaginável quando a gente assumiu a Prefeitura, pelo quadro que todos narravam, inclusive quando a gente conversava aqui, durante a pré-campanha e a campanha, sobre a dificuldade financeira e fiscal da Prefeitura de Campos, que, dentre as pessoas trazidas aqui na bancada, falavam de como era difícil. Hoje, Campos conseguiu pular da classificação C para a A, com um ano e meio de gestão. Isso muda tudo. Isso, quando você, pessoa física ou empresa, vai pegar um crédito na praça, as instituições financeiras te avaliam. Hoje, elas avaliam a Prefeitura de Campos com nota A, a maior nota que o Tesouro Nacional pode dar.

Retomadas de obras – A gente não pode deixar de destacar que foi um ano e meio de muito trabalho, muito difícil. A gente retomou obras importantes na cidade, como o Bairro Legal do Parque Esplanada, Parque Julião Nogueira; a obra do camelódromo já está praticamente pronta também, acabando um detalhe que nem estava no escopo da obra. Então, conseguimos avançar em um ano e meio, mas sabemos que temos que avançar mais. Mas, acho que a gente conseguiu, com todo esforço, dedicação, uma equipe empenhada, reorganizar a cidade do ponto de vista fiscal, do ponto de vista estrutural

Briga política, e não apenas contra Bacellar – Eu acho que não é briga com Bacellar, acho que é briga política, ao meu ponto de ver, muitas vezes desnecessária. Campos precisa entender de uma vez por todas que o momento é único. Campos, hoje, voltou a ser uma cidade com capacidade, além de própria, por conta da solvência e da renegociação que fizemos, por conta de receita oriunda também dos royalties do petróleo. Isso não é à toa. Além da subida do preço internacional, como fui deputado e fui da comissão de Minas e Energia e da subcomissão de Óleo e Gás, eu sabia que a Prefeitura de Campos estava sendo, vamos dizer assim, garfada pela ANP. Então, eu contratei um escritório de advocacia especializado, que outras prefeituras também já contrataram, e nós ganhamos ações judiciais contra a ANP, e a ANP está tendo que repassar novos valores à Prefeitura de Campos. A cidade vive hoje um momento melhor. O estado do Rio de Janeiro também vive, por conta da venda da Cedae, da renovação do acordo de recuperação fiscal. Então, com as forças políticas estando minimamente se entendendo e dialogando, Campos tem tudo para avançar muito. A gente lamenta que a gente não consiga dialogar hoje. Ficou uma briga, ao meu ponto de ver, que passou do ponto, passou do limite do razoável. Eu acho que todos nós precisamos dar um passo atrás, e eu digo todos mesmos: Câmara de Vereadores, oposição, situação, todo mundo precisa dar um passo atrás e entender que a cidade precisa da união ou pelo menos do entendimento de todas as forças políticas para recuperar o tempo perdido. (...) Mas, não é briga nossa contra Bacellar, é a briga política da cidade que não está boa. Até porque, não é só Bacellar. Estão juntos na disputa, e não é escondido, eles inclusive tiram fotos juntos, Rafael, Caio e Bacellar. Então, a gente fica se perguntando, e é bom que o povo de Campos também faça essa indagação: os três estão juntos para atrapalhar e não deixar o governo andar? É o que parece. Mas, não é o que a gente deseja. A gente deseja que as forças políticas possam minimamente dialogar, para que a cidade possa ter dias melhores, possa avançar e recuperar o tempo perdido.

Pauta do reajuste salarial – Os servidores lembram muito claramente como eles estavam até um ano e meio atrás, com salários atrasados, sem data de recebimento de salário. Eu lembro bem. Não tinham nem data para receber. Hoje, tem um calendário programado. No ano passado, pagamos 15 folhas e meia em apenas 12 meses. Foi o meu compromisso com o servidor, que nós cumprimos. Essa discussão que está envolvendo o reajuste, ela é válida, mas é uma briga que se criou entre o sindicato e a Prefeitura, não com o servidor de maneira em geral. E por que eu digo isso? Porque eu recebi o sindicato no meu gabinete várias vezes e eu, pessoalmente, fui ao sindicato pelo menos três vezes, eu acho. E foi acordado, numa reunião na Prefeitura, no ano passado, com a direção do sindicato, que eu não poderia dar reajuste no ano de 2022. Isso foi acordado por conta do termo de ajuste de gestão que fizemos com o Tribunal de Contas, porque nós não tivemos aumento significativo de receita própria do município. Você não pode fazer o reajuste em cima de receita indenizatória do petróleo, porque existe uma determinação do Tribunal de Contas de que não se pode mais usar royalties do petróleo para pagamento de servidor. Nós conseguimos um acordo para escalonar isso ao longo de quatro anos. A partir de 2025 não vai poder usar nada. Já não poderia a partir de 2021. Se não fosse o acordo que fizemos, talvez o servidor não estivesse com o salário em dia hoje. E por isso criamos o bônus extraordinário que houve no ano passado. O bônus extraordinário foi criado numa reunião com o sindicato para que o próprio sindicato pudesse justificar para o servidor a não possibilidade do reajuste.. Nós herdamos um passivo trabalhista, herdamos um passivo de férias vencidas, herdamos passivos de rescisões não pagas e que estamos pagando literalmente tudo. Isso também impacta no percentual de folha de pagamento. Então, o que também eu disse ao Siprosep e também ao Sepe, que assim que terminarmos de pagar o passivo existente, deve ser ali por volta de setembro, a gente volta a conversar sobre o que vai ser possível dar a mais ao servidor. Tudo isso já foi dito. O que a gente lamenta é que o sindicato esteja politizando e aproveitando o período eleitoral para isso. Uma questão que é essencial para o servidor. Eu entendo que a inflação corrói os salários, eu entendo que eles estão sem aumento há sete anos, mas eu não posso ser irresponsável de conceder aquilo que não vai ser sustentável, para que, daqui a pouco, o servidor esteja vivendo em Campos aquilo que já viveu, que é ficar sem salário. Então, quando a gente manda para a Câmara, como encaminhamos uma proposta de vale-alimentação escalonado, é porque a gente fez estudo de impacto, e porque a gente calculou o que era possível dar de verdade. Se eu puder dar mais, eu dou mais. Não é esse o problema. Precisa entender o que a Prefeitura tem de compromissos já assumidos e de dinheiro comprometido. Se eu renegociei todas as dívidas do município, existe dinheiro empenhado para o pagamento dessas dívidas, que precisam ser pagas. Então, se eu estou propondo um vale-alimentação escalonado de R$ 200, R$ 300, R$ 400, quem recebe um salário menor, vai receber um vale maior, vai receber até R$ 400.
Siprosep cobra pelos comentários “olho no olho” com Elaine Leão – Já foi falado isso para a presidente do Siprosep. Foi falado para ela pelo professor Wainer, secretário de Administração. Agora, não dá para ela entrar no meu gabinete e combinar uma coisa, sair dali e ir para uma assembleia fazer outra. A partir do momento em que ela foi para a porta da minha casa, onde eu sou pai, onde eu sou marido, onde eu sou vizinho, onde pessoas moram, no meu modo de ver, ela perdeu a capacidade, vamos dizer assim, de dialogar. Ela quer fazer manifestação na porta da Câmara? É um direito dela. Quer acampar na porta da Prefeitura? É um direito dela, não tem problema nenhum. Eu não sou contra movimento grevista, não é nada disso. Tanto que fizeram o movimento grevista e eu não dei falta a servidor nenhum. Eu só acho que as pretensões políticas de A, B ou C, inclusive da presidente do sindicato, que tem as suas pretensões políticas, está fazendo um jogo meramente político, inclusive aproveitando os vereadores de oposição para fazer também o jogo político, estejam atrapalhando o próprio servidor. Quando ela, por exemplo, bota o dedo na cara do secretário de Administração dentro da sala dele, ela dificulta as negociações. Por isso nem o secretário quer mais recebê-la dentro da Prefeitura. Por que o Wladimir então não quer receber a presidente? Por esses motivos que eu estou expondo aqui: porque eu acho que ela cruzou a linha, porque eu acho que ela faltou com respeito ao ir para a porta da minha casa e agora nem o secretário quer recebê-la mais.

Há perspectiva real de algum reajuste? – Como eu disse, eu já havia dito à presidente do sindicado com a diretoria dela, que foi ao meu gabinete, que em 2022 não seria possível. Isso já foi dito a ela. E por isso criamos um bônus, no ano passado, para poder compensar. E que eu daria de novo o bônus este ano, também já foi dito a ela. E agora, na última reunião que o professor Wainer teve com o advogado mais o diretor financeiro do sindicato, falou: “Olha, nós então temos duas opções. Ou vamos fazer o aumento do vale-alimentação ou vamos dar um bônus ao final do ano. O que vocês preferem?”. Eles preferem o reajuste do vale-alimentação. Foi uma decisão deles. Porque também não dá para dar as duas coisas. O que eu disse desde o início para o sindicato? Disse que existe uma perspectiva, com os investimentos que vão vir do estado para Campos e todo mundo já sabe quais são. Então, existe a perspectiva, a médio prazo, de se aumentar a receita própria do município, derivado das obras de infraestrutura de grande volume e de grande porte que vão acontecer no município de Campos. Sendo assim, se aumentar, a gente pode, no ano de 2023, discutir o reajuste, porque a receita própria vai aumentar. Quando existe obra de infraestrutura, você tem o aumento do ISS, você tem o dinheiro circulante da cidade que aumenta e que também aumenta outros impostos. Então, se acontecer aumento da receita própria que tenha segurança para se dar um reajuste, nós daremos. Mas, hoje, não se tem como dar. Isso foi dito desde o ano passado para o sindicato. Eu até, num dia, bastante irritado, cheguei a fazer um comentário na página da presidente do sindicato, e peço até desculpa a ela se me excedi no comentário, porque às vezes a gente se excede, (dizendo) que as reuniões teriam que ser gravadas. Eu disse isso: as próximas reuniões com o sindicato terão que ser gravadas, porque a gente combina uma coisa e parece que não foi nada combinado.

Projeto na Câmara – “Ah, mas existe um movimento do Siprosep junto com os vereadores de oposição para poder mudar o projeto e alterar os valores”. Eu queria dizer aqui ao servidor do risco que está correndo ao pensar dessa maneira. Existem projetos que estão na lei orgânica que são privativos do Executivo. Está na lei orgânica: regime jurídico de servidor é privativo do Executivo. Corre-se o risco de se aumentar o valor lá na Câmara e não passar, porque a lei orgânica diz que não pode. Eu ser obrigado a vetar. E aí, quem vai ter aumento e quem vai ser incluído vai acabar ficando sem. Então, (fica) essa briga desnecessária para mostrar quem é vitorioso ou quem é perdedor. Não existe vitorioso e perdedor. Estou alertando aqui aos servidores que vão receber o aumento para R$ 300, para R$ 400, ou então aqueles que vão entrar no auxílio. Se ficarem criando celeuma na Câmara, isso é contra o que diz a lei orgânica do município, existem assuntos que são privativos do Executivo, então, podem acabar ficando sem nada.

E os aposentados? – O aposentado é uma outra questão. É até boa a pergunta, porque a gente precisa esclarecer de maneira definitiva, até para que não pareça que a gente não quer fazer nada pelo aposentado. A partir do momento em que o aposentado se aposenta, ele rompe o vínculo dele com o município e passa a ser vinculado exclusivamente ao instituto de previdência, aqui em Campos, no caso, a PreviCampos. Quem faz o pagamento ao aposentado é a PreviCampos, que, por sua vez, não pode pagar ao aposentado por aquilo que ele não contribuiu ao longo da sua vida. É o que diz o Tribunal de Contas. Inclusive, o vereador Cabo Alonsimar fez uma consulta ao Tribunal de Contas que não foi respondida até hoje. Já perguntamos a técnicos que a gente conhece lá dentro do Tribunal de Contas. Não é possível. Qual é a única maneira que se tem de dar aumento para aposentado? Fazendo um reajuste geral, que hoje não é possível fazer. Quando a gente assumiu a Prefeitura, o aposentado estava com o salário parcelado. Hoje, o salário está em dia. Quando a gente assumiu, a PreviCampos não tinha dinheiro em caixa, hoje ela tem dinheiro em caixa. A gente equilibrou a PreviCampos. A gente está fazendo aquilo para dar segurança ao aposentado e para aqueles que vão se aposentar. E temos aí uma outra questão importante, que é a reforma da previdência, que precisa ser aprovada pela Câmara de Vereadores. Tivemos uma prorrogação do prazo, o governo federal aprovou o prazo para aprovar nos municípios, mas que tem que ser aprovada. É uma questão federal. Eu, inclusive, como deputado federal que era, votei contra, mas foi aprovado. Então, os municípios precisam se adequar. Se o município não se adequar, no futuro isso pode prejudicar o servidor que é aposentado hoje, o aposentado atual, e o servidor que vai se aposentar no futuro. Mais uma vez, politizaram uma questão que não é política, é técnica. Precisa ser aprovado. O sindicato pediu algumas mudanças, a gente entendeu que era possível fazer as mudanças na lei que encaminhamos para a Câmara, mas tem que ser aprovada. Dizendo aqui bem aberta e claramente: não é possível dar bônus ou gratificação a servidor aposentado, porque ele rompeu o vínculo dele com a Prefeitura a partir do momento em que ele se aposentou. Em 2015, a minha mãe, a ex-prefeita Rosinha, concedeu um auxílio de R$ 200 para o aposentado, para a PreviCampos poder pagar. Anos depois, acho que dois ou três anos depois, a Justiça disse que aquilo era inconstitucional. E teve que tirar. Está aí a prova de que não pode pagar. Eu fico muito triste em ver um sindicato usando aposentado como massa de manobra, sabe por quê? Eu acompanho as manifestações. Quando me mandam fotos, vídeos, eu vejo muitos aposentados nas manifestações. O sindicato chama os aposentados para participar das manifestações para poder encher as suas manifestações. Desculpa, é até uma covardia. O sindicato sabe, no fundo que não pode fazer.

Transporte público – De fato, o transporte público é o maior gargalo da administração hoje. Já encontramos, quando assumimos, um transporte de maneira caótica. Eu tinha feito um compromisso público em campanha de acabar com aqueles terminais, que eu chamava de terminais da humilhação, porque eram tendas improvisadas. Havia feito aquele compromisso com o povo, me elegi com esse compromisso e fiz isso. Só que existem variáveis que fogem do nosso controle, e uma delas é essa escalada do preço dos combustíveis. Isso não era esperado e previsto por ninguém. Então, quando você tem um projeto que estava em desenvolvimento para sistema de transporte de Campos, mas você vem com uma escalada abrupta dessa forma do preço do combustível, muda tudo. Não adianta aumentar preço de passagem, porque o cidadão não vai conseguir pagar. E mesmo que dobrasse, não pagaria o preço do diesel, que já acumula 68%, 70% de aumento só este ano. É uma questão federal, relativa à Petrobras, relativa à política de preços internacionais que a Petrobras adota. E o que nós vamos fazer aqui em Campos de fato para poder tentar resolver? Em comum acordo com os concessionários e com os permissionários, já existia uma definição, que era o retorno do modelo de integração. Foi um pedido dos dois modais: tanto dos permissionários quanto dos concessionários. Eu disse que eu era contra durante toda a campanha, mas eles me pediram para voltar, exatamente para que eles pudessem percorrer trajetos menores. Eu falei: “já que é um pedido, se é esse o modelo que vocês estão entendendo ser o melhor, coloquem no papel, porque eu fui contra isso a campanha inteira”. Na época, eles colocaram isso no papel. A gente fez o projeto das novas estações, e eu não chamo nem de terminais, chamo de estações, porque são projetos bacanas, projetos bem feitos, projetos estruturados, que foram agora para licitação. Demorou o trâmite administrativo, mas já foi para licitação, já deve estar sendo marcado. Serão três estações: uma estação ali no BPRv, em Donana; uma em Ururaí, que vai ser na praça de Ururaí, não perto da igreja, mas no outro canto; e a outra na BR 101, próximo da Carrocerias Morumbi. Isso foi fruto de um acordo em juízo, que o doutor Eron fez entre a Prefeitura de Campos e as empresas de ônibus, porque, de fato, as empresas de ônibus detêm a concessão da área de atuação. Segundo ponto: é impossível hoje você planejar ou saber quanto vai custar o óleo diesel amanhã. Você não sabe mais. Então, eu acho que o que é privado tem que ser tratado pela iniciativa privada. Porém, existem situações em que o governo, que é o mediador, que é o regulador, precisa intervir para que não haja o caos. Hoje, estamos vivendo momentos difíceis porque os operadores do sistema de transporte não conseguem, e é o fato, cobrir os seus custos com o preço atual da passagem. A Prefeitura vai enviar, acho que já enviou ontem para a Câmara o projeto de lei de subsídio do óleo diesel até 31 de dezembro. Tem prazo determinado. Mas, com algumas condicionantes. Não é simplesmente dar o óleo diesel. E por que nós estamos dando o óleo diesel e não recurso financeiro, que seria talvez o mais correto? Porque as empresas de ônibus, todas elas têm processos judiciais, trabalhistas, previdenciários, e elas não poderiam receber recursos. Então, a Prefeitura vai fazer o abastecimento das empresas de ônibus mediante o controle. A bilhetagem é o passo que tem que caminhar em conjunto. Esse é o acordo, feito inclusive dentro da Câmara, entre os vereadores. A Prefeitura acordou com o sistema de transporte de Campos, e existe um acordo na Câmara de Vereadores de passar em conjunto o projeto de bilhetagem e o projeto do subsídio. A bilhetagem vai demorar um pouco para ser implantada, porque depois de aprovar tem que licitar, mas o subsídio do óleo obrigatoriamente diz que os veículos têm que possuir GPS para que a Prefeitura possa auferir o quadro de horários que ela propõe para os concessionários e permissionários. Porque não adianta eu dar o óleo diesel e a população continuar sem transporte. No projeto de bilhetagem, que é outro projeto, diz que o GPS passará a ser, tanto GPS quanto a bilhetagem, controlados pelo município para eu poder ter o controle lá, numa central, das rotas, da frequência, se estão cumprindo os horários ou não. Então que a população entenda que a Prefeitura está fazendo a parte dela, vai cobrar a contrapartida dos ônibus e das vans, que é o quadro de horários, principalmente. A lotação dos veículos também é uma coisa que está estabelecida nessa lei de subsídio, porque não adianta, por exemplo, uma van que tem capacidade para 18 pessoas querem levar 30. Se eu não estiver enganado, de hoje até o final do ano, 31 de dezembro, que é a validade desse projeto emergencial, é algo em torno de 1,9 milhão de litros de combustível. Se você multiplicar pelo preço de hoje, R$ 7 em média, nós estamos falando de R$ 12 milhões, R$ 13 milhões que a Prefeitura vai investir para equilibrar o sistema. A partir disso, obrigatoriamente a gente tem que fazer a bilhetagem.

Exclusividade dos ônibus – Doutor Eron (Simas, juiz da Comarca) disse no processo que a área de atuação é exclusiva dos ônibus. As vans teriam que sumir do mapa. Por isso nós fizemos um acordo.

A decisão foi do TJ... – Não lembro de cabeça, pode ser. Agora, a decisão diz que a área de atuação... Porque a cidade foi dividida em três áreas para três consórcios de empresas de ônibus, numa concessão feita em 2013. E a decisão foi de que a área de atuação é exclusiva dos ônibus. Não é por linha, é por área de atuação. Então, as vans teriam que sumir do mapa. Foi quando os próprios empresários de ônibus, num acordo com a Prefeitura, disseram que abrem mão das linhas longas para que as vans possam também trabalhar.

Subsídio no valor da passagem e outros pontos do transporte – No Brasil inteiro, onde o transporte público é saudável ele é subsidiado. Em São Paulo, o subsídio passa de bilhões de reais. Em qualquer lugar do Brasil, repito, onde o transporte é saudável é subsídio. Também é verdade que a passagem modal em Campos tem um custo inferior a qualquer outra cidade. Já foi R$ 1 na época da Rosinha, porém a Prefeitura subsidiava. Hoje, ela é R$ 3,50. Mas, se você pegar qualquer cidade do porte de Campos, e aí eu não vou falar de outra cidade, eu vou falar das do porte de Campos. Por exemplo, em Niterói, a passagem é R$ 4,50 ou R$ 4,80, alguma coisa assim. A passagem modal em Campos tem um custo muito inferior. Mas, repito, em qualquer lugar do Brasil onde o transporte é saudável existe um subsídio, porque se entende que o transporte público de qualidade funcionando é também um programa social.

Empresas de ônibus – A Prefeitura tem um processo administrativo para caçar uma das empresas que têm a exclusividade de uma área, que tem a concessão para aquela área porque, realmente, existe um vício muito grande, e eu vou falar de maneira muito clara, onde o empresário é rico e a empresa é quebrada. Ele não investe na empresa dele. Tem uma maneira mais fácil do que o processo administrativo, que é mais demorado, é mais longo, é mais difícil, porque você entra com as suas questões administrativas. Basta a Câmara de Vereadores não aprovar a prestação de contas. A Câmara dos Vereadores tem que aprovar a prestação de contas dos concessionários públicos. Reprove! Como reprovaram agora esse ano, por exemplo, a da Águas do Paraíba. Foi reprovada e me recomendaram. Quem recomendou ao Executivo que não desse o reajuste anual contratual previsto para a Águas do Paraíba foi a Câmara. Já foi convocada uma audiência pública pela Câmara de Vereadores para que as empresas de ônibus prestem contas da sua concessão nos últimos cinco anos. Se os vereadores querem de fato ajudar a cidade, cabe a eles aprovar ou não a prestação de contas das empresas de ônibus. Não estou aqui fazendo populismo, demagogia, jogando a culpa para a Câmara. Não, não é nada disso. Mas, quem pode, de uma maneira mais simples, resolver este problema para que possa entrar uma empresa de fora aqui, se for o caso, com mais capital, com mais capacidade, é a Câmara. Se reprovarem três dos cinco anos, a concessão é caçada, e aí se faz uma nova concessão. Aí, pode vir uma empresa de fora para cá. A Câmara também pode fazer o seu papel, que é reprovar a prestação de contas. Está lá, cabe à Câmara fazer.

Controle de bilhetagem – O governo tem que ter o controle. As empresas têm que ter acesso, inclusive para auditar. Mas, o governo tem que ter o controle. É assim, por exemplo, que Eduardo Paes acabou de fazer no Rio. A empresa pode ter acesso ao controle, ela não pode é controlar. Não pode a empresa que vai receber o subsídio controlar a bilhetagem. Ela tem que ter acesso, ela pode auditar, ela pode acompanhar os números. Vai ter um relatório no final ou semanalmente ou diariamente, porque é tudo eletrônico, onde ela vai acompanhar. Senão, como é que quem recebe vai dizer para a Prefeitura quanto a Prefeitura tem que pagar? Isso não existe. Essa é uma discussão até desnecessária, é uma polêmica desnecessária que algumas pessoas estão levantando, que até foi levantada por alguns vereadores na Câmara. A bilhetagem sozinha não resolve o problema, mas ela é fundamental. Se aprovar uma só não resolve o problema. E aí, vai me desculpar, mas vai parecer que tem jabaculê, porque o acordo é aprovar as duas.

Saúde – A Saúde sempre é o tema central dos problemas, das críticas. Hoje, não é. A Saúde tem funcionado. Tem os seus problemas, como todos têm, mas a Saúde de Campos tem funcionado, não é alvo daquelas grandes críticas que já se ouviu no passado.

É possível haver solução para o transporte até o fim do mandato em mais de 50%? – Acho muito possível, desde que as leis sejam aprovadas e a gente possa ter mecanismo de controle para poder ofertar um transporte melhor à população.
“Vai ou racha” – Tudo que a gente está vivendo na crise política, como vocês chamam, na Câmara, isso é derivado de uma crise política anterior, que é uma crise política entre os, vamos dizer assim, líderes dos grupos políticos. Repito: eu acho mais prudente e acho que é o melhor para cidade que todos deem um passo atrás, porque nós temos uma chance extraordinária de recuperar o tempo perdido e avançar muito, por conta do momento que o Estado vive, por conta do novo momento que a Prefeitura de Campos vive. Então, a confusão política na Câmara se deve muito por isso também. Quanto àquela questão do “vai ou racha”, a gente na vida amadurece, a gente na vida vai passando por certas situações que vão nos mostrando que muitas vezes o caminho pode ser diferente ou poderia ter sido de diferente. Eu assumi a Prefeitura, vocês vão lembrar, e eu era muito mais ativo inclusive nas redes sociais. Acho que no início eu posso ter sido um pouco mais áspero, posso ter me comunicado de maneira errada, mas o que que eu queria mostrar naquele momento é que era necessário o ajuste, tinha que ajustar a Prefeitura. Não adiantava eu ter ganhado eleição prometendo para o povo que eu ia resolver os problemas e ajustar a cidade se a Câmara não colaborasse. E que todo mundo tinha que pagar um preço. Ah, o preço político de votar um código tributário que algumas entidades estavam reclamando, algumas pessoas reclamando, mas tinha que ser votado, porque o custo disso ia chegar se não fosse aprovado. E, naquele momento, o acordo com o Tribunal de Contas não havia sido feito e firmado ainda. Tanto que, quando foi, eu retirei da Câmara de Vereadores a proposta de aumento do código tributário. Mas, repito aqui hoje o que repeti em outra oportunidade: essa conta pode chegar um dia. Porque hoje a Prefeitura está sob um acordo de responsabilidade lá com o Tribunal de Contas, o termo de ajustamento de gestão, e a gente vai poder usar royalties de maneira escalonada até o final de 2024 para pagar servidor. Depois, não pode mais. Se a Prefeitura não arrumar os seus tributos, não aumentar a sua base de contribuição dos tributos municipais... “Ah, ninguém quer pagar imposto”, mas todo mundo paga imposto desde sempre, tem que se pagar. “Ah, mas a carga tributária é muito elevada”. Vamos encontrar maneiras de aumentar a base de arrecadação. Temos que encontrar. Então, o ajuste era necessário para que a cidade hoje pudesse estar como está: ela está equilibrada, ela está com capacidade de investimento, está com classificação A junto ao Tesouro Nacional que dá a ela uma capacidade de novas linhas de crédito. O “vai ou racha” naquele momento foi por isso: porque tinha que ser feito alguma coisa. Então, a gente encaminhou 13 projetos para a Câmara naquele momento. Doze foram aprovados, e um não foi aprovado, mas era necessário que fosse aprovado. Depois, como a gente conseguiu aprovar o Termo de Ajustamento de Gestão junto ao Tribunal de Contas, eu retirei de pauta, porque entendia que, momentaneamente, o problema estava solucionado. Ele pode voltar a ser problema no futuro.

Não está na hora de deixar de morder e assoprar um pouco? – Se reparar os meus últimos atos, eu não tenho mordido ninguém. Eu estou tentando trabalhar. Eu não estou tentando morder ninguém. Não estou tentando morder vereador, não estou tentando morder eleitor, não estou tentando morder Câmara, não estou tentando morder ninguém. Repito o que eu disse: sou muito jovem na política, estou no meu segundo mandato. Tive um mandato de deputado, de dois anos, e virei prefeito. A gente pode ter se excedido em algum momento, até por conta da necessidade, da pressa em ajustar a máquina pública, porque nós encontramos numa situação de previsão, por exemplo, de déficit orçamentário. Entre receita e despesa, se tinha previsão de receita de R$ 1 bilhão e 780 milhões para uma despesa já prevista de R$ 2 bilhões. Eu já tinha um déficit previsto de mais R$ 200 milhões. Então, eu tinha pressa de fazer as coisas. Por isso eu mandei o pacote de leis para a Câmara muito cedo, foi ali em maio, porque eu tinha pressa de fazer. Talvez a frase (do meu pai, de que o governo tem dentes e pode morder) tenha sido interpretada fora do contexto. Até porque, eu e meu pai temos temperamentos bastante distintos. Sempre disse isso. Meu pai é um cara que tem uma trajetória brilhante, é um cara vitorioso, que foi prefeito duas vezes, foi deputado estadual, federal, secretário de Estado, candidato a presidente da República, tem uma capacidade de articulação a nível nacional que ninguém discorda disso. Eu, por exemplo, vi em Brasília. Ele andando nos corredores em Brasília é, reconhecidamente, um político de envergadura, de estatura. Mas, nós temos temperamentos distintos.

Rompimento político com Bruno Vianna – Em relação ao Bruno Vianna, por exemplo, não existe rompimento pessoal, mas a nossa maior divergência se deu por conta disso. Todo mundo sabe, o Gil Vianna era um grande amigo. Até quando estivemos em lados diferentes na política, a gente sempre se respeitou muito. E o Gil já tinha um acordo comigo, que ele já tinha informado ao grupo dele que caminharia comigo, me apoiando na eleição. Ele veio a falecer antes da eleição, e eu posso dizer que abracei o Bruno Vianna. E aqui posso confidenciar a vocês, porque disse em reunião: eu votei no Bruno Vianna e respeito a memória do pai dele. Eu abracei a candidatura do Bruno Vianna, eu ajudei o Bruno Vianna a se tornar vereador hoje. Votei nele, inclusive. Disse isso a ele em outras oportunidades. Naquele momento, eu realmente abracei ele porque eu sentia que ele era um garoto jovem, acho que se elegeu com 22 anos, não tinha figura do pai ali. Eu tinha um compromisso com o pai dele de ajudar na eleição do filho e eu fiz isso, ajudei bastante. A nossa discordância foi porque, no momento em que eu precisei dele, depois de tê-lo ajudado, de tê-lo abraçado e de ter votado nele, inclusive, ele refutou em ficar ao meu lado. Foi naquele momento do embate na Câmara. Foi essa a minha discordância com ele. Eu até gosto do Bruno Vianna, aqui não é uma questão pessoal. Estou relatando um fato de qual foi o meu motivo. Reconheço e já disse a ele, inclusive, e à esposa dele, a Bruna, que pode ter avido excesso dos dois lados, meu e dele, mas que gosto dele. Não tenho nada contra a figura do Bruno. Mas, acho que, por todo o histórico que eu tive com ele após o falecimento do pai dele, eu gostaria e esperava que, no momento em que eu precisasse dele como vereador numa disputa interna, ele ficasse do meu lado, e ele não ficou. Então, é uma questão que ele tem que raciocinar, pensar, refletir. Como também pode ter havido excesso do meu lado.

Para não personalizar no Bruno Vianna, Fred Machado também falou a mesma coisa... – Mas Fred não estava na casa do meu pai, não.

Mas, em relação à frase, todo mundo ficou sabendo. Thuin também falou sobre a frase – Repetindo o que eu disse antes, a gente amadurece, a evolui. Eu estava começando o mandato de prefeito, uma responsabilidade muito grande. Estava muito ansioso com os ajustes que precisavam ser feitos na máquina. E houve, sim, não vou negar isso nunca, erros cometidos de ambos os lados: tanto meu quanto dos vereadores do grupo político. Houve excessos de ambos os lados. Por isso eu sempre digo que devemos todos dar um passo atrás, porque essa guerra política atrapalha a oportunidade que a cidade tem de poder recuperar o tempo perdido. Os quatro anos de estagnação sob a gestão do ex-prefeito Rafael, eu não gosto de ficar falando de passado, mas a política ela é feita também de comparação. Tem alguns vereadores que se incomodam muito quando a gente fala do ex-prefeito Rafael, mas política é feita de comparação.
Vídeo do Parque Saraiva e crítica ao gestor Rafael – Vou falar rapidamente sobre a questão do Parque Saraiva: eu fiz um vídeo, na noite anterior à inauguração, junto ao vereador Kassiano, que é morador do bairro, a família dele toda mora lá, convidando a população para ir à inauguração. E, na minha fala, de maneira muito en passant, eu falei que a obra foi iniciada pela ex-prefeita Rosinha, minha mãe, que ficou parada durante o governo do ex-prefeito, sem citar nome, e agora, através de um convênio da Prefeitura com o Governo do Estado... E é um convênio, não adianta dizer que não é, porque paternidade não se discute... Tem um convênio assinado, minha assinatura está lá. O projeto foi a Prefeitura que entregou e assinou um convênio para retomar aquela obra. E eu só, simplesmente, disse que a obra não deu continuidade, foi abandonada pela gestão anterior e que agora a gente estava retomando. Aquilo tomou uma proporção... Sem citar nome. O ex-prefeito Rafael gravou um vídeo ofensivo, falando um monte de bobagem, que eu nem quis responder, porque acho que o tipo de crítica que ele fez foi tão pessoal, não foi política, e eu não havia feito isso. Eu havia feito a constatação de um fato. Porque quando as pessoas falam, inclusive a Folha da Manhã disse aqui um período, eu queria até passar esse dado, caso você não tenha, que a obra foi interrompida pela Rosinha. Não foi. A última medição dela é de julho de 2017. A obra foi interrompida por Rafael. Tem lá na secretaria de Obras, está dentro do processo. Quem interrompeu o processo foi Rafael. “Ah, mas ele não tinha dinheiro”. Corresse atrás do governo estadual, do governo federal, arrumasse financiamento. É o papel do prefeito. Então, agora parece que existe uma tentativa... Até porque, os grupos políticos estão juntos. Repetindo aqui: não é uma forçação de barra, é uma constatação. Inclusive, tem foto que mostra isso: Rafael, os Bacellar e Caio Vianna estão juntos, numa espécie de tentativa de fazer o meu governo não andar, de fazer o meu governo não dar certo. Existe uma tentativa de dizer assim: “Rafael é vítima. Ele não teve como fazer porque ele não tinha dinheiro”. Não, Rafael não é vítima, Rafael é incompetente. Não estou falando mal da pessoa dele, mas, como gestor ele é incompetente, porque não conseguiu gerir, não correu atrás de dinheiro para conseguir terminar as obras que precisava.

Polêmicas em evento no Parque Saraiva – Já começou errado por aí (na ordem dos pronunciamentos). (Como os outros), Rodrigo também é deputado. Quem fala por último antes do governador é a autoridade da cidade, que é o prefeito... As cenas do Parque Saraiva são lamentáveis por qualquer ponto de ótica. Por qualquer campo de visão elas são lamentáveis. Quem saiu dali achando que ganhou alguma coisa com aquilo certamente está vivendo em outra órbita, porque ali ninguém ganhou nada com as cenas lamentáveis, a não ser a população do bairro, que vai ganhar com as obras, que já iniciaram, já estão em andamento. Eu, inclusive, vou relatar exatamente como ocorreu. Eu fui ao local do pouso do helicóptero do governador buscá-lo. Rodrigo desceu na aeronave com ele, juntamente com o prefeito de Caxias, Washington Reis; o deputado Rosenverg Reis, e chegou depois um outro helicóptero com outras autoridades. Eu fui até o local de pouso, que foi na Estância Jacyntho. Portanto, eu já sabia do almoço que teria lá. Assim que desceram, cumprimentei todos eles, inclusive Rodrigo. Fomos para o evento. A princípio, era para ser um evento festivo, de comemoração, de gratidão pela retomada de uma obra tão importante para uma população que está há muito tempo ali esperando por aquela obra. E aí, ficam questões menores tentando sobrepor as maiores, e aí que deu a confusão. Não existiu cerimonial do Governo do Estado ali. O evento foi conduzido por um cabo eleitoral nomeado por Rodrigo Bacellar. Era quem estava com o microfone na mão. Inverteu ordem de fala, falou que não devia usando o microfone na mão, como se fosse o cerimonialista do evento. É um garoto aí, você deve conhecer da política, chamado Evanderson. Ele é quem estava com o microfone na mão. Não estou falando mal dele aqui, estou dizendo do fato: ele é quem estava com o microfone na mão. Eu convoquei, obviamente, as pessoas para irem lá, fiz o vídeo, inclusive, na véspera, convocando as pessoas para irem. Ele também convocou as pessoas dele.

Os seus chegaram mais cedo que os dele... – Aí é questão de logística de cada um. Eu nem sei, porque nem participei. Eu só convidei as pessoas para irem.

Versão dos fatos no Parque Saraiva – E o meu discurso ali foi um discurso de gratidão ao governador, às parcerias. E foi uma coisa tão absurda, te confidenciando mais uma coisa, que, na hora do meu discurso, o operador de som abaixou o som para as pessoas não ouvirem o meu discurso. Foi na hora que começou a dar confusão em cima do palanque. O pessoal que estava me acompanhando foi reclamar com o operador de som, começou aquela confusão em cima do palanque. Mas aí tem um fato anterior a isso. Quando a gente estava no palanque e quando as falas iniciaram dos outros deputados, Rodrigo estava lá no canto esquerdo do palanque. Todo mundo no meio. Eu fui a Rodrigo, agarrei no braço dele e falei: “Vem para cá para o meio, vamos ficar todo mundo junto, para evitar confusão lá embaixo. É o palanque que dá o tom”. E ele: “Não, me deixa aqui, que daqui eu estou controlando as coisas”. Foi a palavra dele. Não sei o que ele estava controlando ali, mas ele disse que estava no canto controlando as coisas e não quis ir para o meio do palanque junto com todas as outras autoridades que estavam ali. Aí, eu fui discursar, e o operador de som abaixa o som. Foi quando deu ali um princípio de confusão em cima do palanque, as pessoas mandando aumentar o som. Eu fiz um discurso de gratidão, um discurso da importância da obra. Ninguém vai poder dizer o contrário disso: sempre relato a minha gratidão ao governador Cláudio Castro, pelo início do meu governo, muito difícil, e ele me ajudou aqui num momento decisivo, principalmente com os servidores públicos, para ajudar no pagamento de folha. Mas, aí, repito, é papel do prefeito correr atrás. Acabo o meu discurso, passo a palavra para Rodrigo, e Rodrigo entra num tom agressivo. Não sei se é o perfil dos Bacellar, mas, a meu modo de ver, ele estragou o evento festivo do governador. Porque o evento ali não era meu e nem de Rodrigo, o evento não era nosso, o evento era do Governo do Estado, era do governador. Com o tom agressivo que ele acabou usando no discurso, deu briga, deu confusão, teve que polícia presente entrar no meio para poder separar. Eu só lamento que tenha ocorrido. E digo mais uma vez: a gente precisa dar um passo atrás todo mundo e parar com isso, porque a cidade está perdendo. Sabe por quê? Outras licitações do estado estão ocorrendo. A da Vila dos Pescadores, por exemplo, no Farol de São Thomé, outro projeto da Prefeitura, outro convênio assinado entre a Prefeitura e o Estado, já está licitada, vai dar ordem de serviço agora, vai começar essa obra tão importante. Vai ter outra guerra em cima do palanque? Quem é que ganha com isso? Ninguém ganha com isso. A cidade está em paz, para eles, desde que não com os Garotinho. Desculpa, mas eu fui prefeito eleito pelo povo. O povo me elegeu. E eu quero paz, eu quero governar, eu quero olhar para frente. Vamos parar com isso. Isso tem que acabar, tem que distensionar. E quem tem que dar esse tom são as lideranças. Então, fica aqui o meu pedido mais uma vez.

Divergências com Rodrigo Bacellar – Eu e o Rodrigo tentamos, durante um período, essa aproximação, que nunca aconteceu de fato. O clima azedou depois de uma postagem forte que eu fiz ligando ele a Rafael, só apenas para mostrar ao povo que aquilo que eu falei durante a eleição era verdade, que os dois sempre estiveram juntos. E acabei ali usando uma expressão muito forte. Foi na política, mas foi uma expressão forte, reconheço. Eu errei, foi uma expressão forte. Mas, reconheço aqui. Como disse, lá atrás, no início, era uma coisa muito nova, eu estava começando, e eu quis só mostrar para o povo que aquilo que eu disse na eleição e eles negavam, estava ali a comprovação, era verdade. E ele ataca pessoalmente a minha esposa. Foi ali que o troço azedou de vez. Minha esposa não tem nada com isso. Família da gente não tem nada com isso. Eu achei que foi uma atitude desrespeitosa, machista, houve ali um princípio de incêndio, vamos dizer assim, inclusive na minha relação com o governador, porque eu achava que o governador deveria intervir naquele momento. Mas, depois as coisas se equilibraram, se equalizaram. Mas, dali para frente, eu e o Rodrigo acabamos rompendo relação. Que existia, sempre existiu, sempre falei com o Rodrigo. A gente sempre mandava mensagem para o outro, ligava um para o outro, tentava conversar. Sempre existiu essa relação. E, dali para frente, houve esse rompimento. Mas, fica aqui mais uma vez o meu pedido: as lideranças políticas da cidade precisam entender que o momento não é de guerra, não é de luta, não é de disputa fora da bola. Deixa isso para a eleição de prefeito, daqui a dois anos e meio. Repetindo o que eu sempre disse durante a eleição: a minha condição de deputado federal era muito mais confortável para mim. Eu poderia estar disputando a minha reeleição de deputado agora, e acho que venceria, porque eu estava fazendo um bom mandato, me articulando na região inteira; projetos importantes que eu estava colocando em prática, como por exemplo o do semiárido. Eu vim para ser prefeito porque eu entendia que não tinha nome na disputa que conseguisse fazer com que a cidade saísse da situação que se encontrava. Foi só por isso.“ Ah, Wladimir, você vai perder com essa briga”. Gente, desculpa, perder e ganhar não é Wladimir, não é Rodrigo, não é ninguém que vai perder ou ganhar. Quem vai perder é a cidade. Então, tem que ter esse entendimento e deixar a disputa política para a hora da eleição.

Possibilidade de abertura de processo de impeachment na Câmara – Processo de impeachment eu sou, por convicção, contrário a ele, como fui contrário, por exemplo, quando fizeram o impeachment de Dilma. Eu acho que quem coloca e quem tira é o povo, na urna, votando. Se a Câmara instalar processo de impeachment contra mim, como o Marcão falou, tem que ter um fato gerador, e eu acho que a cidade de Campos vai passar por uma experiência que vai ficar marcada na história dessa cidade, de que por uma briga política, porque a briga só é política, estão querendo criar um processo de impeachment. Eles vão inventar um argumento, vão querer abrir uma CPI para tentar, obviamente, cavar um argumento qualquer. Mas, isso é muito ruim, como foi ruim para a história do Brasil. Ruim para Campos. É uma mácula que vai ficar para a cidade eternamente. Tem algumas pessoas que não se importam com a história, mas a história tem um valor imensurável. Eu não consigo conceber que, por brigar políticas, onde as pessoas podem dialogar e chegar a entendimentos e consensos dentro do possível, precise chegar a uma possível instauração de processo de impeachment. Mas, também já ouvi essa fofoca, esse assunto correndo.

Você falou isso com Cláudio Castro... – Não lembro se falei isso.

Falou, e ele falou que te garantia. Esse diálogo houve – Eu disse a ele que estava ouvindo uma história, e ele falou: “Não, você pode ficar tranquilo” e tal. Mas, eu não cheguei a aprofundar a conversa com ele. Eu só falei com ele: “Governador, a situação aqui em Campos, politicamente, está saindo do limite do razoável. E como o senhor é a liderança maior, acho que o senhor precisa intervir, só para que os seus dois aliados possam conviver”. Só isso, mais nada. Mas, acho que isso é muito prematuro de dizer, mas é muito preocupante. E aí não é pelo Wladimir. Se fosse qualquer outro prefeito nessa mesma situação, eu diria que o caminho não é esse. E aí, é bom que o povo esteja ouvindo isso: que um prefeito que foi eleito democraticamente por 122 mil votos, que tem feito um governo relativamente bom, de mediano para bom, com problemas, como todos têm, mas que tem a sua contribuição para melhorar a vida do povo campista; possa estar se aventando a possibilidade de um processo de impeachment por problema político. Ponto. Ou seja: “Não me dou bem com o prefeito, vamos tirar ele”. Olha a que situação pequena estamos chegando.

Possibilidade de candidatura a deputado este ano – A gente está no meio político, a gente faz conjectura o tempo todo. Tanto que a prefeita Carla Machado fez a mesma coisa. A gente faz conjectura. Passou pela minha cabeça? Passou. Pela pela minha cabeça. Falei: “Poxa, eu vim para Campos com o dever cívico de ser candidato, de resgatar a cidade, de equilibrar a cidade. Hoje, a cidade está equilibrada, tem condição de ter os seus rumos de desenvolvimento, investimentos, enfim. Mas, foi uma coisa que foi assim pensada, uma conjectura, mas que foi só um pensamento e ficou por isso mesmo”.

Como vai ser com a oposição liderando a Câmara e a possibilidade da LDO de 5% de remanejamento do orçamento no próximo ano? – Dialogando. É assim que se faz política. Dialoga, dialoga, conversa, acha caminho, encontra caminho dentro da democracia dentro do limite do possível. Cinco por cento de taxa de remanejamento é muito pouco. Nenhum prefeito na história de Campos teve tão pouco. Inclusive, eu sendo oposição a Rafael, o Fred Machado era o presidente da Câmara, e eu orientei a bancada de oposição naquela época, que eram cinco vereadores ligados a mim, que não fizessem esse jogo sujo. Porque esse é um jogo sujo. Na época, um grupo, se considerando independente, queria dar a Rafael 10% apenas de remanejamento, o que era e é muito pouco. Eu falei aos meus vereadores na época, que eram cinco: “Não façam isso, isso parecer que quer fazer chantagem. É muito pouco”. Mas, tudo dentro do limite do diálogo. Fred era presidente da Câmara, eu que o procurei, não fui procurado. Eu chamei os vereadores da oposição e falei: “Gente, vamos ser racionais? Isso é um absurdo. Vamos pelo menos dar 20%”. O governo queria 30%, o G8, na época, que se dizia independente, queria dar 10%. E eu falei: “Não vamos fazer isso. O governante precisa remanejar o seu orçamento, porque as coisas mudam”. Por exemplo: eu não estou tendo que dar um subsídio de óleo diesel agora? Eu tenho que remanejar o orçamento de algum lugar para lá, porque isso não estava previsto.

Confira a segunda parte da entrevista aqui

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