Curso de Ciências Sociais da Uenf tira nota máxima no Enade
Catarine Barreto - Atualizado em 12/11/2022 15:12
 
Uenf
Uenf / Isaías Fernandes
A maior parte dos cursos de graduação da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) conquistou notas 4 e 5 no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), referente ao ano de 2021. Dentre eles, o curso de Ciências Sociais, além de ter obtido nota máxima, alcançou o primeiro lugar em todo o Brasil, segundo o professor Hamilton Garcia, coordenador do curso.
Coordenador do curso de Ciências Sociais da Uenf
Coordenador do curso de Ciências Sociais da Uenf / Divulgação/ Arquivo Pessoal
Para Hamilton Garcia, é preciso salientar que o curso, apesar do pequeno número de estudantes formados, tem tido enorme repercussão na região, especialmente em Campos, produzindo docentes para diversas instituições do ensino superior e do ensino básico, além de lideranças políticas e administrativas em diversas prefeituras e organizações sociais – inclusive no exterior.
— A nota máxima do Ciso/Uenf no Enade é fruto do trabalho de professores, técnicos de nível superior e do empenho dos estudantes, tanto em sala de aula como em projetos de pesquisa e de extensão, que elevam o jovem ao pensamento complexo/especializado, desafiando-o às fronteiras do conhecimento e à aplicação prática das habilidades adquiridas em seus quatros anos de formação — disse Garcia.
O professor ressaltou sobre a falta de base escolar, que impede boa parte dos ingressantes consigam acompanhar o curso até o final. “Dos 30 ingressantes anuais, obtêm o diploma menos de um terço deles. É urgente, portanto, que se faça uma efetiva mudança nos padrões do ensino básico e fundamental de todo o país, em especial em nossa região. Por fim, é preciso também que o esforço docente na sala de aula, de todos os níveis de ensino, seja mais valorizado para que aumentem as chances de sucesso acadêmico e profissional dos estudantes, e de desenvolvimento do país e do Estado do RJ”, concluiu.
Professor do curso em Ciências Socais, Hugo Borsani destacou os motivos deste resultado positivo, que ele atribui a uma série de fatores. “Acho que se deve ao conjunto de vários fatores, um bom conteúdo adequado as disciplinas, uma boa qualidade docente e uma boa coordenação. Destaco também os alunos que participaram desta prova, sempre engajados e dedicados. Quero destacar que o curso de Ciências possui uma trajetória de ser bem avaliado, já foi anteriormente o melhor curso do Estado do Rio, e agora a nível nacional. É uma trajetória que se consolida em função de todo esses fatores” disse.
Bacharelado — O curso de Ciências Sociais da Uenf é oferecido na modalidade de bacharelado. Os bacharéis em Ciências Sociais dedicam-se ao desenvolvimento de projetos de pesquisa e à produção de conhecimento nessa área.
A primeira turma de Ciências Sociais, foi constituída através das Atas do Conselho Diretor e do Conselho Universitário, em reuniões realizadas, respectivamente, nos dias 30 de setembro de 1994 e 13 de dezembro de 1995. O curso era constituído pelo(a)s aluno(a)s selecionados no vestibular de 1995, para o antigo Curso de Educação – Habilitação para o Magistério, do Centro de Humanidades.
Enade — Como forma de mapear as instituições de ensino superior no Brasil, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio de Teixeira (Inep) criou o Enade, que avalia o aprendizado dos estudantes nos cursos de Graduação. Com isso, o resultado do exame é divulgado para que as pessoas saibam o conceito de determinada instituição e possam medir o desempenho geral.
O exame foi realizado no dia 14 de novembro de 2021 e divulgado em setembro deste ano.

Ex-alunos lembram histórico acadêmico

Roberto Dutra
Roberto Dutra / Folha da Manhã
Roberto Dutra, egresso do curso, falou sobra a importância do período acadêmico na trajetória profissional. “Entrei no curso de Ciências Sociais em 2001 e me formei em 2005. O curso foi a fase de formação mais decisiva em minha vida profissional e na de muitos colegas e amigos, hoje professores e pesquisadores em universidades importantes como a UFF, a UNB e a própria Uenf. A graduação foi um momento de estudos e convivência intensa que marcam minha formação até hoje”, contou.
Marcos Abraão também é ex-aluno e contou que o curso foi um divisor de águas em sua vida. “Eram textos e mais textos para leitura e produção de incontáveis fichamentos, provas cujas respostas ocupavam várias páginas e avaliações orais que literalmente tiravam o meu sono. Devo enormemente ao curso de Ciências Sociais e aos professores com os quais tive a oportunidade de estudar e aprender”, disse.
Outro egresso é George Gomes. “Fui realmente fisgado pelas Ciências Sociais, especialmente sociologia e ciência política. Tive professores maravilhosos na antropologia, vide Arno Vogel por exemplo. Eu diria que viver dignamente das ciências sociais no Brasil, pagar suas contas e ter alguma estabilidade material é um critério sim para dizermos que ‘algo deu certo’”, falou.
Guilherme Vieira também deu seu depoimento: “Iniciei o curso na Uenf em 2004. Queria entender as desigualdades sociais, combater a pobreza, enfim, era um jovem inquieto com minha realidade social. No decorrer do curso, tive a oportunidade de ser bolsista e atuar na pesquisa, o que foi fundamental na consolidação da minha trajetória acadêmica e profissional”.
Brand Arenari falou que ter se formado na Uenf foi uma das experiências mais decisivas. “O curso me preparou e permitiu que pudesse fazer meu doutorado na Alemanha, como também, nas conquistas profissionais. Tais como ser professor do departamento de Ciência Política da UFF/Niterói e ter sido diretor do Ipea em Brasília. Tenho orgulho também de ter feito parte de uma geração brilhante desse curso”.

Universitários contam suas experiências

Alunos do Curso de Ciências Sociais
Alunos do Curso de Ciências Sociais / Divulgação/ Ascom Uenf
Alunos também falaram sobre a evolução durante todo o curso de Ciências Sociais e sobre as dificuldades encontradas. A estudante Lara de Oliveira falou sobre sua experiência. “Entendo que durante o curso eu tive uma grande evolução na forma como produzo e analiso um texto. Também compreendo que a minha percepção sobre a sociedade e suas características vem se enriquecendo durante todo o meu percurso acadêmico. Em relação a minhas maiores dificuldade, acho que foi me adaptar a uma nova cidade, já que sou de Nova Friburgo, ao novo clima, cultura, pessoas”, falou.
A universitária Fernanda Sthel também falou sobre sua trajetória no curso. “No início a carga de leitura que é bem grande me assustou um pouco, além da exigência dos trabalhos e provas, mas com o tempo fui me adaptando e aprendendo muito com as obras indicadas pelos professores. O incentivo em pesquisa científica que o curso e a universidade promovem também contribuíram muito para minha formação. Minhas perspectivas profissionais são continuar nos estudos de pós-graduação para a área acadêmica e científica, estando aberta para atuar em áreas práticas da sociedade. Realizei a prova do Enade junto com meus colegas concluintes, e posso dizer que a excelente formação acadêmica aliada ao nosso esforço, tornou possível este resultado” explicou.
Vitor da Silva também cursa Ciências Sociais na Uenf. “Estar em uma universidade pública de excelência, estudando questões que nos fazem refletir sobre o mundo, sobre os problemas políticos, sociais, econômicos, entre outros, é um processo difícil de assimilar, especialmente nos primeiros períodos. Porém é um curso que possibilita um amadurecimento de forma impressionante. Posso dizer, certamente, que as Ciências Sociais transformaram minha vida. Transformaram a minha visão de mundo e o jeito de encarar os problemas políticos e sociais. Isso teve, também, um impacto significativo na própria forma de encarar minha existência, enquanto uma pessoa preta, que vem conseguido espaço para hoje já prestar alguma forma de devolutiva ao curso e a sociedade”, disse.
Renan Salles é outro estudante que falou sobre a graduação, lembrando desde a época de sua matrícula. “ Era um momento de profunda crise do Estado. Desde as primeiras aulas e leituras, mas, também, as atividades e debates promovidos fora da sala de aula, a minha formação sempre proporcionou uma forte base teórica, de fundamental importância para compreender os fenômenos na sua complexidade, mas sem se desvencilhar da prática e de questões mais iminentes da nossa realidade social e política, inclusive do interior do Estado. Considero que a minha experiência com a prova do Enade evidencia a excelência do curso em desenvolver as competências de um cientista social, no domínio das disciplinas e ferramentas para análise e interpretação dos fenômenos sociais”, contou.

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