Fica a impressão de que a vida é unidade mensurável em cortes quantificados, numericamente etiquetados por instante transcorrido. E o dia é o que cabe dentro das passadas dos ponteiros, algo que pode ser constantemente conferido de acordo com a posição do sol, a projeção das sombras, o alarme matinal do celular e a limitação dos compromissos listados ao longo do dia.
As expectativas, por sua vez, se esvaem junto com as horas, em desejos seletivos que se aleatorizam a cada ciclo que, mesmo em aberto, parece controladamente fechado. Isso porque nada cabe nos limites aparentemente fechados pelas arestas.
Mas o ser humano permanece(mos) à procura de formas de estar no controle, seja no quadriculado do calendário, seja na engrenagem do relógio, seja na conferência constante do que se passa no telefone. Tudo permite colocar o tempo no bolso, mas não permite segurá-lo, abstrato como escoa.
E o lazer o trabalho a ideia o compromisso o alarme o prazer a reunião o foco a aula o homem tocando a campainha se confundem na simultaneidade indefinida de algo que se pensa ter.
Mas tudo cansa porque há uma pressa – invisível, porém acachapante – capaz de ceifar a capacidade de perceber as minúcias. E tudo se sintetiza qual o tempo, que se mede não pelas vivências, mas pelos minutos regrados.
*Aproveito este espaço para agradecer ao poeta e jornalista Aluysio Abreu Barbosa pela cobertura do lançamento do meu segundo livro, "Muros impalpáveis - Recorte poético da cidade de Campos", que ocorrerá hoje (4), às 16h, na Sede da Academia Campista de Letras. A matéria pode ser lida aqui, e a entrevista concedida ao programa Folha no Ar pode ser assistida aqui.
**Ronaldo Junior tem 26 anos, é carioca, licenciando em Letras pelo IFF Campos Centro e escritor membro da Academia Campista de Letras. www.ronaldojuniorescritor.com
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Sobre o autor
Ronaldo Junior
[email protected]Professor e membro da Academia Campista de Letras. Neste blog: Entre as ideias que se extraviam pelos dias, as palavras são um retrato do cotidiano.