Ângelo Nani é indicado ao HDB Condecora nas categorias melhor gaitista e melhor álbum
Matheus Berriel - Atualizado em 25/11/2021 20:02
Ângelo Nani
Ângelo Nani / Divulgação
A cidade de Campos terá um representante na principal premiação do Brasil destinada a músicos do blues. Trata-se de Ângelo Nani, artista com 30 anos de carreira, indicado ao HDB Condecora nas categorias de melhor gaitista de boca e melhor álbum de blues, com o seu trabalho “Harmonica Man”, lançado no final de 2020. Em seu segundo ano, a premiação, realizada pelo portal “Hoje é dia de blues”, acontecerá nos dias 11 e 12 de dezembro, simultaneamente ao 2º Festival União Brasileira do Blues, com transmissão ao vivo pelo canal de YouTube “Mercado da Arte”.
— Estou concorrendo com grandes gaitistas do cenário nacional, os melhores do Brasil. Isso me deixa feliz, porque venho tocando gaita desde 1994, 1995, 1996, por aí — afirma Ângelo Nani. — Sou um artista autodidata, aprendi sozinho, numa época em que não existia internet. Eu ficava ouvindo os discos na Caiana Discos, com o amigo Paulo André Barbosa; comprava fita, gravava, comprava discos... Ficava ralando ali e consegui aprender. Isso é muito gratificante, porque estou na luta, sou de uma cidade do interior, que não tem uma tradição do blues. Aos poucos, consegui alcançar o mérito de concorrer com caras de grandes capitais com tradição no blues, cidades que sempre fizeram festivais. Lógico que todos têm as suas dificuldades, mas essas indicações me deixam muito feliz, porque sempre corri atrás sozinho, trabalhei para isso — destaca.
Além de Ângelo, também concorrem ao Prêmio Kley Willians, voltado ao melhor gaitista de boca do Brasil, os músicos Big Chico, David Tanganelli, Diogo Farias, Emerson “Alemão” da Gaita, Ivan Márcio, Jefferson Gonçalves, Jr. Moreno, Leandro Ferrari, Luiz Rocha, Marcio Halcsik, Patrícia Zanetti, Rodrigo Eberienos e Stephan Vidal.
Já na categoria de melhor álbum de blues, os indicados são “Harmonica Man”, de Ângelo Nani; “Água Mineral”, da banda Blues Etílicos; “Key Blues”, de Adriano Grineberg; “Blues a la Carte”, de Álvaro Assmar; “Catarsis”, de André Christovam; “Quarantine Sessions”, de André de Sousa; “Don’t Wake Me Up Early”, de Bidu Sous; “Haze Hot Blues” e “Todo Dia é Dia de Blues”, ambos da Big Bat Blues Band; “Come Back Home”, da banda Blue Jeans; “O Tempo”, da banda Blues da Casa Torta; “The Colours of Blues”, de Décio Caetano; “Mantiqueira Blues”, de Gabriel Gabrera; “Blues and Swing”, da Prado Blues Band; “Lone Wolf”, de Roberto Lessa; ”Sonja”, da cantora homônima; e “Nouveau Vintage Cafe”, de Taryn Szpilman.
— Meu álbum “Harmonica Man” concorre com trabalhos de grandes nomes nacionais, que já tocaram em vários festivais. Os caras têm gravadora, têm mídia, já foram a programas de televisão. E eu, aqui no interior, na cidade de Campos, com esse álbum gravado, distribuindo só pelas plataformas digitais atualmente, consegui também alcançar esse mérito de ter esse disco bom, considerado um dos melhores discos de blues do Brasil. O álbum concorre com trabalhos de artistas até da antiga, que eu ouvia quando era adolescente e pensava em ser um grande músico, sonhava ainda em gravar o meu primeiro álbum. É uma felicidade imensa estar concorrendo lado a lado com grandes caras, uma honra muito grande — enfatiza Ângelo Nani.
Gravado em 2016, no Estúdio Cantos do Trilho, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, o álbum “Harmonica Man” apresenta três músicas autorais e quatro regravações de clássicos do blues. Neste trabalho, Ângelo (harmônica e voz) é acompanhado pela banda Blue Groovers, referência no blues nacional, à época ainda formada por Otávio Rocha na guitarra slide, Beto Werther na bateria e Ugo Perrotta no baixo. O gaitista e compositor Flávio Guimarães, fundador da banda Blues Etílicos, faz participação especial em duas faixas.
— Não fiquei só na cidade. Meu objetivo sempre foi ter reconhecimento nacional e internacional. Apesar de ser autodidata, depois procurei, estudei, corri atrás, gravo meus discos, lanço nas plataformas. Então, essas indicações mostram que o meu trabalho está sendo reconhecido, respeitado, observado, desejado. As pessoas estão entendendo a minha linguagem e respeitando. Antigamente, as pessoas achavam que a gaita era um brinquedinho. Não significava nada. Hoje em dia, estou sendo respeitado como gaitista de blues — comenta Ângelo Nani. — Espero que, com isso, nossa cidade possa evoluir mais, possa ter mais valor cultural, musical, de qualidade; que as pessoas possam se interessar mais por música boa; enfim, que a cidade tenha mais espaços para os estilos blues e jazz — complementa.
Além das categorias que contam com Ângelo Nani entre os indicados, o HDB Condecora também vai premiar o melhor guitarrista, melhor instrumentista no geral, melhor artista de delta blues, melhor videoclipe, a melhor banda, melhor artista ou banda feminina, melhor canção ou single, melhor apropriação e o melhor conjunto da obra. Todos os concorrentes foram indicados por músicos, e os campeões serão definidos por um júri, também formado por profissionais do gênero.

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