CPI da Covid aprova quebra de sigilos de motoboy da VTCLog
01/09/2021 19:41 - Atualizado em 01/09/2021 19:57
A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira (1º) a quebra dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal de Ivanildo Gonçalves, motoboy da VTCLog, empresa de logística alvo da CPI por suspeitas de irregularidades envolvendo o Ministério da Saúde.
Durante a sessão desta quarta, destinada a ouvir o depoimento do motoboy, os senadores também aprovaram pedido para que a Justiça determine a busca e apreensão no aparelho telefônico de Ivanildo.
A decisão foi tomada após Ivanildo ter se negado a entregar voluntariamente à CPI o telefone celular.
O motoboy é considerado uma "testemunha-chave" da CPI após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ter identificado movimentação atípica da VTCLog no valor de R$ 117 milhões nos últimos dois anos.
Durante o depoimento desta quarta-feira, Ivanildo afirmou, entre outras coisas, que esteve no quarto andar do Ministério da Saúde neste ano para levar um pen drive. Ele disse não se lembrar, porém, a quem entregou o aparelho nem a data precisa.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), então, determinou à secretaria da comissão que apurasse qual órgão do ministério funciona no quarto andar. Em seguida, Randolfe disse que o Departamento de Logística do ministério funciona no local. 
 
 
O motoboy também disse que "andava constantemente" no ministério, mas que não conhecia "ninguém" no órgão, pois somente ia "entregar fatura".
Desse total, o motoboy foi responsável por movimentar R$ 4,7 milhões, quase 5% do montante apontado pelo Coaf.
Aos senadores, Ivanildo afirmou que usava o dinheiro para pagar cartões de crédito de proprietários da VTCLog e boletos de combustível. A empresa, responsável pela distribuição de vacinas contra a Covid-19, é suspeita de ter sido beneficiada em um contrato com sobrepreço assinado pelo Ministério da Saúde.
O contrato foi avalizado pelo ex-diretor de Logística Roberto Ferreira Dias. Para a CPI, há indícios de que o motoboy pagou boletos de Dias, o que a VTCLog nega.
Logo no início do depoimento, senadores perguntaram se Ivanildo portava o celular e se poderia "emprestar" o aparelho para que fossem extraídas informações consideradas relevantes pela comissão. A defesa do motoboy o orientou a negar o pedido.
Quatro horas depois, os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS) pediram para que ele reconsiderasse a decisão "na condição de alguém que não tem nada a esconder". Ivanildo novamente se recusou a entregar o aparelho. Os pedidos, então, foram aprovados.
"Diante da negativa do senhor Ivanildo e da alta probabilidade de haver dados relevantes em seu celular, a exemplo de conversas em Whatsapp, localizações geográficas e telefonemas, a busca e apreensão do aparelho fornecerá informações essenciais para desvelar os exatos termos da atuação da VTCLog no contexto acima mencionado", afirma o requerimento do senador Alessandro Vieira.
Durante o depoimento, o motoboy foi questionado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), se conhece Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde que deixou o cargo em meio a uma denúncia de pedido de propina, o que Dias nega.

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