Nova reunião do Comcultura apresenta Carta e define comissão
07/07/2021 10:09 - Atualizado em 07/07/2021 18:18
Realizada ontem (6), a reunião ordinária do Conselho Municipal de Cultura de Campos (Comcultura) deu continuidade aos assuntos tratados na extraordinária da última sexta-feira (2), que deliberou sobre a proposta do prefeito Wladimir Garotinho (PSD) de entregar a administração do Parque Alberto Sampaio à Associação dos Evangélicos de Campos (AEC), passando a chamá-la de “Praça da Bíblia”.
O Parque abriga um anfiteatro que foi batizado, desde 2017, com o nome do diretor teatral, poeta e carnavalesco Antônio Roberto de Góes Cavalcanti, o Kapi (veja aqui), morto em 2015, o que levou a muitas manifestações da classe artística e cultural do município (veja aqui), e motivou a reunião extraordinária do Comcultura, onde foi definida a criação de comissão para acompanhamento das discussões, a confecção de uma Carta Aberta pelos conselheiros, a realização de um “abraço” com artistas e agentes culturais contornando o anfiteatro, e outras manifestações de apoio à memória de Kapi (veja aqui).
Na reunião de ontem, a comissão foi formada e ficou responsável pela intermediação com o Executivo, o Legislativo e a AEC. Nela estão Marcelo Sampaio, Cristina Lima e Fabrício Simões, representando a sociedade civil, e Fernanda Campos, Gilberto Totinho e Sandro Silva, representando o poder público. Além da comissão, a Carta foi apresentada aos conselheiros e público ouvinte, onde sofreu intervenções. Entre elas, a do arquiteto Renato Siqueira, membro do Observatório Social de Campos, que ressaltou o papel do Parque Alberto Sampaio como equipamento urbano "também propicia manifestações culturais", mas  que caracteriza ainda "um dispositivo de qualificação ambiental, além de espaço às atividades esportivas e contemplativas com as suas instalações e dispositivos". Uma nova carta está sendo confeccionada (o blog pediu acesso ao seu conteúdo e será publicado aqui, assim que tivermos conhecimento).
Foi deliberada ainda a realização de uma homenagem ao artista plástico João de Oliveira, morto este ano (veja aqui), na reabertura do Palácio da Cultura, fechado desde 2013 (veja aqui). Sobre o Palácio, foi solicitado que a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Auxiliadora Freitas, dê informações sobre a previsão de conclusão dos trabalhos para reabrir.
A Carta apresentada na reunião
Na reunião foi apresentada a primeira versão da Carta que será encaminhada ao poder executivo. Abaixo, uma reprodução do documento:
"O Comcultura (...) busca abrir diálogo com o Programa Amigos da Cidade. Objetivamos abordar tanto especificamente a parceria que tem por objeto o Parque Alberto Sampaio, quanto possíveis desdobramentos futuros em relação às praças da cidade que poderão ser objeto de parcerias no âmbito do mesmo programa. O Comcultura faz este movimento de diálogo com base nos preceitos democráticos entendendo seu papel na gestão pública e na sociedade (...).
Em 28 de junho de 2021, a cidade tomou conhecimento por meio da imprensa e dos canais oficiais da prefeitura de que, no âmbito do Programa Amigos da Cidade, foi assinado Termo de Compromisso entre a Prefeitura de Campos e a Associação Evangélica de Campos "que estabelece  um convênio para recuperação, uso e manutenção da arena do Parque Alberto Sampaio". A notícia causou apreensão em parte da sociedade campista em relação a pelo menos dois pontos apresentado na notícia: 1. a substituição do nome do anfiteatro do Parque, que de Antônio Roberto de Góes Cavalcanti Kapi passaria a chamar Praça da Bíblia; 2. Se os novos usos que serão dados à arena pela Associação afetaria a pluralidade de crenças e expressões naquele espaço". 
"Imediatamente foi convocada reunião extraordinária do Comcultura para debater o tema (...), já havia sido anunciado que o anfiteatro não teria o nome alterado, porém as preocupações com relação aos os usos dados ao Parque permaneciam. A preocupação central deste Conselho  é garantir que todas as formas de expressão cultural sejam viabilizadas nos espaços públicos da cidade, e que não sofram impedimentos de ordem religiosa ou ideológica. Assim, buscamos o diálogo para garantir que as diversas manifestações continuem tendo acesso ao Parque Alberto Sampaio, e não apenas aquelas ligadas diretamente a denominações cristãs. 
(...)
"Em vista do que foi exposto, o Comcultura propõe para o diálogo os seguintes pontos:
1. Solicita que a gestão do anfiteatro Kapi, localizado no Parque Alberto Sampaio, passe à responsabilidade da FCJOL. Uma vez que é um importante equipamento cultural da cidade, será um feito relevante da gestão pública oferecer a ele instrumentos de gestão que no recupere do abandono de décadas.
2. Solicita agenda com a Secretaria responsável pelo Programa Amigos da Cidade (...). 
3. Solicita que os planejamentos realizados para manutenção e uso das praças da cidade incluam representação da FCJOL/Comcultura (...).
(...)".
Nota: esclarecemos que esta é a primeira versão da Carta, apresentada na reunião. Algumas alterações foram sugeridas e nova Carta está sendo confeccionada. O blog pediu acesso ao documento, porém não o obteve, sendo feito uma reprodução do que foi apresentado inicialmente na reunião do Comcultura.
 
 

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    Edmundo Siqueira

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