Reunião do Comcultura aprova Carta Aberta, "Abraço", Comissões e pede Audiência Pública
02/07/2021 23:33 - Atualizado em 02/07/2021 23:47
A reunião extraordinária do Conselho Municipal de Cultura (Comcultura), finalizada às 22:10h desta sexta (02) — que teve pico de 53 participantes, entre conselheiros e ouvintes — deliberou sobre a proposta do prefeito Wladimir Garotinho (PSD) de entregar a administração do Parque Alberto Sampaio à Associação dos Evangélicos de Campos (AEC), passando a chamá-la de “Praça da Bíblia”. O espaço público abriga um anfiteatro que foi batizado, desde 2017, com o nome do diretor teatral, poeta e carnavalesco Antônio Roberto de Góes Cavalcanti, o Kapi (confira aqui), morto em 2015, o que levou a muitas manifestações da classe artística e cultural do município (confira aqui), e motivou a reunião do Comcultura.
Após a abertura e falas iniciais — unânimes em defender a memória do diretor teatral —, franqueadas aos ouvintes, iniciou-se a discussão dos pontos para aprovação dos conselheiros (veja proposta do governo aqui). Entre os mais polêmicos, foi decidido, com 18 votos favoráveis, pela criação de duas comissões para acompanhamento das discussões, uma no Legislativo e outra no Executivo municipal (para a efetivação da cessão e da renomeação do espaço público, é necessário aprovação na Câmara de Vereadores). Além das comissões, foi aprovada a confecção de uma Carta Aberta e a realização de manifestações em rede social, pelo Conselho. Na Carta deverão conter um pedido para que o governo apresente o projeto de uso e que a gestão passe a ser feita pela FCJOL e pelo Comcultura. As comissões deverão ser formadas, com eleição de seus representantes, em nova reunião do Conselho, marcada para a próxima terça-feira (6).
Foram aprovadas pelos Conselheiros, também, a realização de “manifestações de carinho” pelo anfiteatro que leva o nome de Kapi. Entre elas um “abraço”, com artistas e agentes culturais contornando o local, além de uma exposição que relembre as peças teatrais e poemas do artista, exposta no anfiteatro. A conselheira Aline Portilho, titular da Câmara de Instituições de Ensino Superior, indagou sobre a existência de “plano de ação” e do termo de cessão: “Como fica essa relação com a FCJOL, caso o espaço seja realmente cedido e mude de nome? Existe termo de cessão? Está claramente esclarecido (o uso do espaço)? Haverá audiência pública?” questionou a conselheira.
A comissão que acompanhará o assunto no Legislativo deverá solicitar a realização de Audiência Pública para discutir o assunto com mais profundidade, e auxiliar na decisão dos vereadores. A conselheira Iara Souza, suplente na Câmara de Teatro, lembrou que podem existir diversos “conflitos de interesses” no uso do espaço — pela associação de evangélicos e dos artistas. O titular da mesma Câmara, Fabrício Simões, lembrou que a Constituição Federal veda o que ele chamou de “privatização do espaço público”.
Auxiliadora Freitas, presidente do Comcultura e da FCJOL (veja mais aqui sobre sua posição), e Katia Macabu diretora executiva das Artes e Culturas, presentes na reunião, defenderam a democratização do uso dos espaços públicos, mas também a necessidade de revitalização, e alegaram que não foram consultadas pelo governo. Ressaltaram a importância de preservar a memória de Kapi e de defender os espaços culturais em Campos.
A ouvinte Nilza Gabby, professora da UENF, defendeu uma praça para todos: “A praça deve ser dos espíritas, dos agnósticos, dos holísticos, dos universalistas, dos mormons, dos ateus...A praça é de todos. Não dos evangélicos. Quem administra e conserva é a gestão pública. Quero estar apoiando o Governo, mas isso não”. Simonne Teixeira, também professora da UENF, reafirma a necessidade de audiência pública: “penso que qualquer decisão sobre a praça deve acolher as reivindicações aqui apresentadas e, neste sentido, apoio a necessidade de uma audiência pública”.
 
 
 
 
 
 

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    Edmundo Siqueira

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