Firjan prevê queda de 4,6% no PIB do Estado do Rio de Janeiro em 2020
15/04/2020 20:58 - Atualizado em 08/05/2020 20:56
Divulgação
A pandemia do coronavírus levará o PIB do estado do Rio de Janeiro a sofrer uma queda de 4,6% este ano, a maior da série histórica da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), iniciada em 2002. É o que aponta estudo da federação que prevê os impactos da Covid-19. Para a indústria, a retração poderá ser maior: 5,3% em comparação com 2019. O documento ressalta ainda a necessidade de suporte do governo federal para auxiliar os estados a atravessarem os efeitos econômicos da crise.
Economista e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Alcimar Chagas chamou a atenção que a economia do estado já vinha com problemas. “Na verdade, o PIB do Rio de Janeiro já vinha de alguma maneira patinando. mesmo no período em que tínhamos um certo equilíbrio da economia do país, que começou a melhorar gradativamente. O Rio de Janeiro não acompanhava o do Brasil e já vinha patinando. Então, com essa paralisação agora, é evidente que o Rio vai sofrer bastante”, explicou.
Segundo projeção da federação, a queda será mais intensa no segundo trimestre de 2020. “A recuperação acontecerá de maneira muito lenta e em formato de U. Voltar à normalidade não será apenas uma questão das empresas religarem suas máquinas; o que temos observado é que muitas não estão conseguindo sobreviver à crise”, destaca Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
O cenário de retração é agravado ainda pela nova crise do petróleo, especialmente para o Rio. Os efeitos deste duplo choque terão consequências orçamentárias imediatas. O documento estima queda de 21% na arrecadação de ICMS - R$ 11 bilhões a menos em relação ao previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA). Já as receitas de royalties podem chegar a uma perda de R$ 3,2 bilhões.
— O déficit no orçamento do estado pode chegar a R$ 27,4 bilhões, mais de 1/3 da receita total estimada para 2020. O Rio, assim como os demais estados, terá dificuldade de se recuperar sem aportes financeiros do governo federal, correndo o risco de ter uma crise ainda mais severa do que a de 2018 — reforça Goulart.
Alcimar também lembrou da dependência da indústria fluminense em relação ao petróleo. “Ela é totalmente dependente do petróleo. A indústria de transformação ela é muito frágil. Para se ter uma ideia, ela caiu 3,6% em 2019. Nós temos esse problema estrutural. A indústria de transformação é muito frágil, caindo por força da fragilidade na indústria automobilística, na indústria de medicamento e fica dependente somente da indústria extrativa que é a do petróleo”.
Goulart acrescenta ainda que a PEC do pacto federativo, PEC emergencial e a reforma tributária terão papel fundamental na recuperação pós-pandemia. “O financiamento do ‘orçamento de guerra’ exigirá rápida aprovação dessas reformas, caso contrário, corremos sérios riscos de termos um aumento desequilibrado e injusto da carga tributária e volta da inflação”, conclui.

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