Ídolo do Santos diz que Campos é muito grande para não ter time na primeira divisão
04/12/2019 20:13 - Atualizado em 17/12/2019 17:25
Os números são verdadeiramente impressionantes. Jogador que mais partidas disputou pelo Santos e pisou na Vila Belmiro mais vezes que Pelé para defender a camisa santista, além de detentor de maior quantidade de títulos após a Era do Rei, é com essas credenciais que o campista Leonardo Gonçalves Bastos, ou simplesmente Léo, entrou para a seleta galeria dos grandes ídolos do Peixe. Não é por poucos motivos que o ex-lateral esquerdo e hoje executivo de futebol do clube praiano desfruta de um lugar sempre guardado com especial carinho pela torcida alvinegra. Em sua recente passagem por Campos para acompanhar o sepultamento do pai, o ex-jogador Jarbas Caminhão (ex-Americano e Goytacaz), Léo conversou com a reportagem da Folha sobre sua carreira, falou dos desafios como gestor de futebol no clube que o projetou para o futebol, além de afirmar que Campos é muito grande para não ter time na primeira divisão. 
— Eu me considero um privilegiado. Saí daqui, o Americano felizmente não criou obstáculos para seguir minha vida, facilitando minha transferência para o União São João, mas jogar no Santos e estar ao lado de craques consagrados, verdadeiras lendas, como Clodoaldo, Mengálvio, Pepe e o Pelé, o brasileiro mais conhecido e admirado no mundo, é uma energia muito positiva. Um privilégio muito grande — comentou Léo ao viajar pela sua trajetória como um filme que passa em sua cabeça.
Depois que pendurou as chuteiras, Léo voltou para Santos, cidade onde escolheu para morar, onde se sente em casa e recebe o carinho da torcida santista nas ruas e por onde passa. “É a cidade que escolhi para morar. Santos é a minha casa, é um Rio de Janeiro pequeno, com praias lindas e um astral muito bom. E o carinho que a torcida do Santos tem por mim é enorme. Me sinto muito bem aqui”, conta.
Léo não se conteve ao lembrar do pai. “Ele foi tudo para mim. Fui jogador por causa dele, ia a todos os jogos no Americano, dizia onde eu errava, onde precisava melhorar. Ele foi a pouco a jogos meus em Santos, acompanhava muito pela TV. Quando esteve em na Vila Belmiro conheceu estrutura do clube, o CT, o armário com o material do Pelé. Ficou comigo essas lembranças. Foi muito prazeroso ter meu pai perto e saber o quanto ele me ajudou. Tenho certeza que onde quer que ele esteja está feliz e realizado porque me viu jogar pelo Americano, Santos, Benfica, Seleção Brasileira, ganhando a Copa das Confederações”.
Léo se sente um privilegiado pelo convívio com monstros sagrados da era mais gloriosa de um dos maiores esquadrões do mundo, entre eles um cidadão chamado Edson Arantes do Nascimento.
— É um privilégio de poucos, eu fico maravilhado em ouvir de perto tantas histórias desses craques como Pelé, Clodoaldo, Edu, Joel, Mengálvio, Pepe, entre outros. Fico no meio deles como um súdito, maravilhado, é uma energia diferente. Sou mesmo um privilegiado — admite.
Sobre Pelé, Léo conta que o Rei não tem ido muito ao clube devido ao seu problema na perna. “Ele não gosta de mostrar que ele tem aquele problema, mas é uma coisa dele, a gente tem que respeitar”.
Sobre o novo ciclo do Americano, com moderno centro de treinamento, bem diferente da época em que frequentava o velho Estádio Godofredo Cruz, Léo considera que era inevitável. “Tenho acompanhado essa evolução do Americano, como uma estrutura para melhorar as condições de trabalho dos jogadores. Só precisa mesmo voltar à primeira divisão, disputar a Série A no Rio e o Campeonato Brasileiro. Campos é muito grande para não ter um time na elite do futebol, disputando competições importantes. Continua sendo um grande celeiro de grandes talentos no futebol”, comentou.
Gratidão e reconhecimento é o que não faltam a Léo quando fala do Americano. “A gratidão que tenho pelo Americano é imensa. Sou muito grato ao Americano, que abriu as portas para que eu pudesse galgar o que consegui na profissão. Só tenho agradecer, o clube poderia ter causado problema, dificultado as coisas quando fui para o União São João, mas pelo contrário, deixou eu trilhar o meu caminho e seguir minha trajetória”, reconheceu.
Sobre o Campeonato Brasileiro, com o Flamengo liquidando a fatura com rodadas de antecedência, Léo analisa que o time rubro-negro mereceu a conquista, mas elogia o Santos. “O Flamengo mereceu, mas o Santos foi uma grata surpresa porque é um time barato, formado por jogadores que ainda vão estourar no futebol. É um trabalho que tem que ser bem observado e ter continuidade em 2020. O Jorge Sampaoli (técnico) é um cara muito competente, enxerga muito futebol com outra visão, a metodologia dele é diferente de tudo”, avaliou.
Com relação a Neymar, com quem jogou numa das melhores fases do Santos, o ex-lateral considera que o craque brasileiro ainda atingiu o ápice. “Ele ainda vai explodir como o melhor do mundo. É um jogador que nunca teve uma lesão grave, somente se machuca porque apanha muito. É um jogador acima da média, no mesmo nível de Messi, Cristiano Ronaldo...”.
Sobre a presença excessiva de Neymar em episódios fora dos gramados, Léo avalia que o atacante tem características de seu comportamento pessoal que os grandes ídolos precisam saber administrar. “O problema é que o Neymar ainda não sabe quem ele é. Ele acha que pode ir em qualquer lugar. Se ele cismar de sair do hotel onde está e ir ali num McDonald ele vai... E aí? Quem segura?”.

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