TJD permite presença da torcida no clássico Goyta-Cano
Paulo Renato do Porto 26/12/2018 22:30 - Atualizado em 03/01/2019 14:27
Enfim, depois de horas de ansiedade, tensão e expectativa, o clássico desta quinta-feira (27), entre Goytacaz e Americano, às 17h, no Aryzão (com transmissão da SportTV) pela segunda rodada da seletiva do Campeonato Estadual da Série A, terá presença da torcida de ambos os times. Na noite desta quarta, o Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (TJD-RJ) decidiu acatar a pedido de reconsideração do clube alvianil da decisão em que o órgão determinava a realização do jogo com portões fechados em razão dos episódios protagonizados por torcedores alvianis na partida contra o Nova Iguaçu, no último sábado, no Laranjão, na primeira rodada.  
Um dia após a decisão inicial do TJD, atendendo pedido da Procuradoria de Justiça Desportiva, o Goytacaz já havia entrado durante o regime de plantão do TJD-RJ, no feriado de Natal, com um pedido para que a resolução fosse revogada, apresentando inclusive laudos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros que consideravam o estádio como apto para abrigar a partida. Entretanto, o órgão manteve a decisão alegando que alguns laudos estavam com prazo de validade vencido.
Mas nesta quarta, após reunião entre o presidente Dartagnan Fernandes, representantes do Americano, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Guarda Civil Municipal e de torcidas organizadas no 8º Batalhão de Policia Militar, foi dada entrada de novo ofício com farta documentação, inclusive com os laudos exigidos, em que era reiterado pedido para reconsideração da decisão em manter o clássico de portões fechados.
No inicio da noite, o TJD informava em comunicado assinado pelo presidente do órgão, Marcelo Jucá, que o pedido do Goytacaz havia sido deferido, mas apenas parcialmente: a torcida do Goytacaz segue proibida de frequentar jogos como visitante.
“Será permitida a presença de torcedores em que o Goytacaz for o mandante, tendo em vista o parecer favorável da Polícia Militar, mas devendo ser mantida, por ora, a proibição em jogos na qualidade de visitante em razão de tudo o que já foi exposto nesta e nas decisões anteriores”, explica a decisão do Tribunal.
Quanto à documentação anteriormente enviada, o Goytacaz alegou, por sua vez, “que a juntada dos laudos vencidos ocorreu por erro material”.
Os 25 torcedores causadores da desordem no Laranjão estão proibidos de ingressarem no jogo desta quinta, sendo fixada multa de R$ 100 mil em caso de presença deles.
Outros jogos - Nesta segunda rodada desta quinta jogam também América x Resende, no Giulite Coutinho; e Macaé x Nova Iguaçu, no Moacyrzão, ambos no mesmo horário.
Concentração total voltada para o jogo
Dentro de campo, os dois times concluíram os preparativos para o clássico em pleno dia de Natal. Às vésperas do confronto, o discurso dos dois técnicos coincide num ponto. Sem saber da decisão final do TJD que decidiu, afinal, liberar os portões para a torcida, tanto Josué Teixeira (Americano) quanto Athirson (pelo Goytacaz) buscaram trabalhar mentalmente seus jogadores para que pensem unicamente no trabalho dentro de campo, independente ou não da presença da torcida.
A ideia de ambos é por iniciar o clássico com as respectivas equipes que iniciaram os jogos da estreia, mas acenam com possibilidade de mudanças de última hora.
No Alvianil, o goleiro Paulo Henrique, alvo da torcida na partida da estreia, recebeu o apoio dos companheiros. O próprio presidente Dartagnan Fernandes disse nesta quarta, após a reunião, que o jogador está arrependido.
— Ele mesmo já fez a mea culpa pela atitude que teve após uma derrota com a cabeça quente. O importante é que todos nós buscamos dar toda força ao jogador que está mantido para o clássico — afirmou.
No Americano, a ordem também é se concentrar no jogo, mas a preferência é por estádio cheio, pelo menos para o lateral Rafinha.
— Todo jogador gosta de estádio cheio, mas como nosso papel é só jogar, estamos prontos para qualquer situação e focados para conseguirmos a vitória — disse.
Goyta precisa vencer para brigar pela vaga
No Goytacaz, a pressão é por uma vitória a qualquer custo, vale sangue, suor ou lágrimas. Qualquer outro resultado coloca o Azulão numa situação delicada numa competição de tiro curto. Vencer é fundamental. Caso contrário, nas próximas três rodadas vai depender não apenas deles, mas de outros resultados dos rivais. O Americano vive um momento de maior tranquilidade após a vitória na primeira rodada contra o América, em Cardoso Moreira, no Clássico do Tio Sam. O “derby” nesta quinta confere um clima de revanche, em razão da vitória do Goytacaz no último clássico, em Nova Friburgo, em setembro do ano passado, que lhe permitiu o acesso à Série A, ao mesmo tempo em que eliminava o velho rival. Na rua do Gás, o volante Gabriel Galhardo não acredita em revanche, mas em motivação.
— Não creio em revanche, mas que eles estarão bastante motivados para vencer, assim como nós. Para a gente será uma decisão devido à derrota na estreia. Sabemos que precisamos vencer para voltarmos a brigar na competição — disse.
Capítulos e números do clássico eterno
Estádio Eduardo Guinle, Nova Friburgo, 06 de setembro de 2017. O palco e a data ficarão eternamente guardados na memória do torcedor alvianil. O histórico gol de Luquinha, aos 44 minutos do segundo tempo, que devolveu ao Goytacaz o retorno à Série A do futebol do Rio de Janeiro após 25 anos na fila de espera.
O clássico na Região Serrana foi apenas o último capítulo de uma centenária história de confrontos dos eternos rivais da planície goitacá que começou no ano de 1914. O desta quinta é o de número 225 entre ambos, uma história de paixão, rivalidade e números tão apertados que dão clássico a dimensão da acirrada disputa com pequena vantagem para o Americano no número de vitórias: 79 a 74 para o Alvinegro. Se computados os gols, a vantagem é ainda mais apertada, com apenas um de diferença: 313 para o Glorioso, 312 para o Azulão.
As maiores goleadas também registram números parelhos nos placares: em 1943, último ano do histórico esquadrão do tetracampeonato daquela década, o Goytacaz aplicou 6 a 0 no rival; em 1966, ano do memorável eneacampeonato campista, o Americano enfiou 6 a 1.

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