Crítica de cinema - Do México para o mundo
07/05/2018 18:47 - Atualizado em 10/05/2018 16:59
(Verdade ou desafio) -
Verdade ou desafio é um jogo de jovens em que se baseia o filme de mesmo nome roteirizado e dirigido por Jeff Wadlow. Um grupo de jovens decide passar o fim das férias no México. Todos eles parecem superficiais e palermas, menos Olivia (Lucy Hale). Logo pensei em “Sexta-feira 13”, em que o fantasma de Jason Voorhees mata os fúteis e deixa os bons escapar. Mas o filme não se encaminha nesta direção e eu já ando com saudades dos super-fantasmas. Olivia encontra um estranho que leva toda a turma a um convento em ruínas para jogar “verdade ou desafio”. Buscando sempre algum fundamento salvador, relacionei México e Estados Unidos, atrás de um vínculo com política internacional. Não encontrei. O filme volta-se para o público jovem à procura de descarga de adrenalina. Gritar de medo é tão bom quanto rir de alegria.
De volta aos Estados Unidos, os jovens amigos vão descobrindo aos poucos que retornaram do México contaminados por um demônio que deseja matar todos aqueles que entram em contato com ele, propondo, por meio das pessoas, a verdade ou o desafio. Se a escolha é a verdade, não há como enganar o demônio. Se falar mentira morre. Se escolher desafio, pode receber um repto que leve a pessoa a matar ou morrer. Só os jovens que participaram do jogo no México estão envolvidos por ora. E as mortes dos jovens começam a se enfileirar de modo bizarro. O demônio não aparece na sua forma original. É sempre uma pessoa ou um grupo delas, com um sorriso diabólico (e também ridículo) nos lábios que lança a pergunta: verdade ou desafio. Sustos desnecessários são provocados por meio dos recursos tradicionais do terror, com pessoas aparecendo subitamente e de forma imperceptível à outra.
Mateusinho viu
Mateusinho viu / Divulgação
Encurralados pelo demônio, os jovens restantes saem em busca de salvação. Como livrar-se do jogo macabro? Então, entra em cena um personagem hoje onipresente no cinema e na vida real: as redes sociais. Inicia-se uma busca desenfreada por salvação que leva os jovens a retornar às ruínas do convento onde tudo começou. Mas o demônio resiste. Não há reparação que o afaste. Nem orações nem sacrifícios. Só existe a saída parcial encontrada pelo rapaz que envolve o grupo no jogo: envolver outras pessoas nele. Pelas redes sociais, o demônio ganha o mundo. Até que as mocinhas não gritaram tanto. Eu precisava salvar o filme, ainda que correndo o risco de entrar no jogo “verdade ou desafio”, e valorizar o dinheiro investido no ingresso. Ninguém tem esse interesse, nem mesmo a crítica. Afinal, podemos concluir que o demônio ocidental se globaliza pelas redes sociais. Como ele ainda não terminou seu trabalho, paira sobre a humanidade a ameaça de continuação do filme.

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