Usina Barcelos: pedido de tombamento no Inepac
20/06/2017 11:00 - Atualizado em 20/06/2017 11:13

Bruno Costa já protocolou pedido no Inepac
Bruno Costa já protocolou pedido no Inepac / Divulgação

Um dos importantes patrimônios arquitetônicos de São João da Barra pode ter seu espaço preservado. A Usina Barcelos teve seu pedido de tombamento protocolado pelo conselheiro estadual de Política Cultural representante do Norte Fluminense, Bruno Costa, nessa segunda-feira (19) junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) com o número 622/17.

A solicitação de tombamento foi entregue junto com um dossiê contendo o histórico da Usina, fotos e documentos ao diretor técnico do Departamento do Patrimônio Cultural e Natural (DPCN), Roberto Anderson Magalhães, com ciência do diretor geral do Inepac, Marcus Monteiro, que dará os devidos encaminhamentos ao processo e realizará as notificações necessárias.

O Usina Barcelos foi inaugurada no dia 23 de novembro de 1878 – prestes a completar 140 anos – e contou com a ilustre presença do Imperador D. Pedro II (veio especialmente para o ato), da Imperatriz Thereza M. Christina, demais pessoas da Família Imperial e uma vasta comitiva.

Instituída pelo decreto nº 5277 de 1876 para estabelecimento de engenhos centrais no Brasil, tendo estabelecido o Engenho Central "Barcelos", assim denominado por obrigação contratual do financiamento imperial, foi uma das primeiras indústrias da região a não utilizar mão-de-obra escrava. Gerou muita produção e empregos e fez surgir a própria localidade de Barcelos, hoje 6º Distrito de São João da Barra. Na segunda metade do século XX a Usina foi adquirida pelo Grupo Othon (1974) e desativada em 2009.

Segundo Bruno Costa, é preciso empoderamento da sociedade para seu patrimônio. “A Usina Barcelos é a história viva do município. Está atrelada ao brasão oficial com duas torres, está arraiada à cana de açúcar e ao legado dos doces. Não podemos permitir que mais um patrimônio seja destruído”, ressalta, lamentando que no mês passado iniciou um processo de intervenção para possível desmantelamento do espaço.

O conselheiro acrescenta que a Usina Barcelos foi citada no livro francês L’usine Dans la ville Fives-Lille – 1812/2007, de Emmanuel Goulliart, que aborda as obras da fábrica Fives-Lille, responsável pela construção da Torre Eiffel e pela Ponte Eduardo III, em Paris, e também pela construção da Usina Barcelos.

A Usina, na época, era a segunda maior do Estado, e tinha como um dos proprietários Domingos Alves Barcellos Cordeiro que nasceu em São João da Barra. Era bacharel em direito pela Faculdade de São Paulo e um grande fazendeiro no Rio de Janeiro, agraciado com o título de Barão de Barcelos em 19/07/1879.

Mais do que um espaço de fabricação de açúcar e álcool, a Usina mantém um histórico da ferrovia, parte construída por ela mesma, e um guincho do período da navegação. “É um espaço de memória do açúcar, da história ferroviária e da navegação, tudo num mesmo local. No interior de São Paulo estes espaços estão se tornando museus e fomentando o turismo cultural. A Usina Barcelos não é um patrimônio apenas de São João da Barra. É do Norte Fluminense, do Estado do Rio e do Brasil. Foi a única usina do Norte-Noroeste Fluminense inaugurada pelo Imperador Dom Pedro II”, argumenta, acrescentando que o município faz parte da região turística Costa Doce justamente pelas características locais.

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    Arnaldo Neto

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