Campos entra na fase vermelha e restringe circulação nas ruas
Dora Paula Paes - Atualizado em 27/03/2021 08:46
Reunião do Gabinete de Crise
Reunião do Gabinete de Crise / Genilson Pessanha
As percepções de: “Acontece com outro, não comigo”; “Ah, se é para morrer, prefiro ver minha família” ou “Se tiver que acontecer, vai acontecer” são os maiores riscos do “superferiado”, de 10 dias, que começou na sexta-feira (26), em todo o Estado do Rio de Janeiro. O alerta das autoridades em Saúde é que os próximos dias podem ser a diferença entre viver ou morrer. Em Campos, o prefeito Waldimir Garotinho (PSD) está ciente dessa dura realidade e decretou lockdown. O município acabou de entrar na fase vermelha; último estágio para apertar nas restrições. Sem leitos de UTI e clínicos, sem medicamentos, com 14 pessoas esperando na fila por um leito, mais 81 novos casos em 24h e 15 óbitos, num total de 815 mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia, e sem vacina para toda população, o colapso chegou.
Por isso, o Gabinete de Crise reuniu mais uma vez a sociedade organizada do município, nesta sexta, quando estendeu por mais sete dias o fechamento do comércio e de atividades não essenciais, ampliando o prazo inicial que era até o dia 28 (domingo), para o dia 4 de abril.
O prefeito citou que o governo do estado se comprometeu em abrir 900 novos leitos e que reforçou o pedido para que Campos obtenha 50 leitos desses que foram anunciados, mas que ainda não há detalhamento de quando e como isso irá acontecer, já que a regulação das vagas é unificada e estadualizada. Até quinta-feira (25), eram 700 pacientes em espera no Estado.
“A gente não tem leito de UTI, não é em Campos. Não tem leito de UTI no Brasil, no Estado. Não tem remédio para entregar. Estou desde quinta pedindo para o governo do estado mandar medicamentos, mas ele não tem em estoque para todos os municípios”, disse o prefeito.
O médico infectologista, Nélio Artiles, não sai do campo e mantém a tática de reforçar o discurso do “fica em casa”, que vai contra a muitas das percepções da população. “As curvas continuam ascendentes e as previsões são tristes, pois enquanto não houver vacinas para todos, precisamos trilhar o caminho da ciência, que nos mostra que única forma alternativa de redução de transmissão é através da restrição à circulação das pessoas, o uso de máscaras e a higienização frequente das mãos. Precisamos virar esse jogo, mesmo que pareça impossível”, disse.
Dias de luto — O mundo chora, o Brasil chora (mais de 300 mil mortos), o município chora. Em Campos, ontem, a Guarda Civil Municipal anunciou a baixa do quarto guerreiro para o vírus, em março. O óbito de Donnovan Denis Ferreira, de 57 anos, foi comunicado pela da Associação dos Guardas Municipais de Campos.
Medidas — Na última quarta-feira (24), o governo do Estado do Rio divulgou as novas medidas restritivas para conter a propagação da Covid-19. Em decreto publicado na edição extra do Diário Oficial, foram instituídos feriados entre os dias 26 de março e 4 de abril. Entre as medidas, fica proibida a permanência nas praias de todo o estado, inclusive, para banho de mar.
Decreto proíbe até circulação pelas ruas
Em edição suplementar, publicada na noite desta sexta, o Diário Oficial do município trouxe as regras desta nova fase. Entra elas, a proibição de permanência e circulação de pessoas em vias, parques e praças públicas. Também está autorizado o bloqueio e interdição de ruas, com a realização de blitz fiscalizatória em todos os pontos da cidade. O decreto vigorará entre a 0h deste sábado e 23h59 do dia 5 de abril.
Os serviços essenciais como farmácias, supermercados, postos de gasolina, entre outros, estão liberados, com algumas restrições.
De acordo com o decreto, só é permitido o deslocamento para fins trabalhistas, desde que comprove por meio de Carteira de Trabalho, funcional, crachá, contrato de trabalho ou qualquer outro documento idôneo.
As pessoas físicas que descumprirem as medidas sanitárias e de isolamento estão sujeitas à multa administrativa no valor de R$ 180,00, que poderá ser dobrada. Em se tratando de estabelecimento comercial, em caso de descumprimento, os infratores ficam sujeitos a multa no valor de duas Uficas. Em caso de reincidência, multa de 10 Uficas.
Não está permitida a permanência na areia das praias, cachoeiras, lagoas e rios, em qualquer horário. A permanência e o trânsito em vias, parques, equipamentos, locais e praças públicas, dentro do município, não pode ocorrer entre as 22h da noite e às 5h da manhã, com exceção dos profissionais e serviços de saúde, incluindo farmácias, forças de segurança, vigilantes, Vigilância Sanitária, Postura Municipal, advogados no exercício da profissão, telecomunicação e energia, e demais situações de emergência.
“Nossa cidade nunca teve um número tão alto de internações, colaborem! Protejam quem vocês amam”, declarou Wladimir.
Vacinação no sábado e domingo na cidade
Em Campos, a Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde definiu os locais de vacinação para repescagem de primeira dose para idosos de 74 anos ou mais e profissionais de saúde. Esta repescagem será realizada no sábado (27) e domingo (28), das 9h às 14h, em oito pontos distintos, conforme o cronograma abaixo.
A subsecretaria orienta aos profissionais de saúde de hospitais, clínicas e farmácias da cidade que as equipes de vacinação irão fazer a imunização nos respectivos postos de trabalho. Um cronograma está sendo elaborado. Com isso, a partir da próxima semana essa categoria não será mais vacinada nos postos e drives da cidade.
Corrida pela vacina - O Instituto Butantan anunciou nesta sexta-feira a criação da Butanvac, nova candidata a imunizante contra a Covid-19, inclusive, pediu autorização à Agência Nacional de Vigilãncia Sanitária (Anvisa) para iniciar estudos clínicos em voluntários. No mesmo dia, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, falou de uma candidata a vacina apoiada pelo governo federal solicitou na quinta-feira (25) autorização para testes em voluntários.
No caso da vacina no Butantan, logo que autorizada, os testes podem começar em abril e a fabricação começar em maio. Sendo assim, 40 milhões de doses estarão disponíveis a partir de julho, mas dependem de aval da Anvisa para serem usadas. A vacina, explicaram, já leva em conta a variante brasileira, a P1.

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