A secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) é a primeira polícia do Brasil a devolver o acervo de religiões de matriz africana ao movimento “Liberte o Nosso Sagrado”. Foi assinado, nessa sexta-feira (7), um termo de transferência do acervo da Polícia Civil ao Museu da República.

Para o chefe de gabinete, delegado Daniel Mayr, a devolução do material, que estava sob a tutela da Sepol, representa um momento único, contemplando os verdadeiros donos do acervo. “Estamos realizando hoje a devolução espontânea dos itens a quem sempre pertenceram”, afirmou o delegado.

O material que integra o acervo conta com objetos sagrados para as religiões de umbanda e candomblé, apreendidos entre 1889 e 1945. Para a diretora do Museu da Polícia Civil, delegada Gisele Vilarinho, a assinatura deste termo entrará para a história.

— Começou no século XVIII e, no século XXI, estamos devolvendo a quem pertence. Somos uma polícia que não reprime a religião, e sim o crime. Hoje, iniciamos uma caminhada para o futuro — afirmou.

Durante a cerimônia, que contou com a presença de delegados e integrantes do movimento “Liberte o Nosso Sagrado”, a representante do candomblé, Mãe Meninazinha, ressaltou que o ato é um momento de emoção, após muitos anos de luta para que o acervo fosse entregue a quem de direito.

— Só tenho a agradecer. Estamos juntos hoje para receber o nosso sagrado. Meu muito obrigada — disse a religiosa.