Prática de ciclismo cresce em Campos durante a pandemia
Matheus Berriel 28/07/2020 19:58 - Atualizado em 29/07/2020 15:03
Presença de ciclistas nas rodovias de Campos cresceu durante a pandemia
Presença de ciclistas nas rodovias de Campos cresceu durante a pandemia / Foto: Genilson Pessanha
Com academias fechadas, diversas pessoas resolveram colocar a bicicleta na rua e pedalar a céu aberto. O fortalecimento da prática do ciclismo em Campos durante a pandemia da Covid-19, notado na ciclovia e em rodovias, refletiu inclusive na economia local.
— Tivemos uma maior procura por bicicletas para transporte diário e para prática esportiva, e também por peças e serviços de manutenção de bicicleta — disse Cristian Guimarães, gerente de uma loja especializada no Centro.
De acordo com o presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecierj), Rodrigo Rocha, o crescimento do esporte na planície goitacá tem sido constante, tendo influenciado o surgimento de grupos de pedais nos últimos anos. Contudo, foi impulsionado na quarentena com a prática individual.
— Esse aumento das bicicletas e de grupos de pedais em Campos já tem um tempo. De três anos para cá, houve um aumento bastante considerável. Só que, no período da pandemia, teve uma explosão muito grande. Devido à falta das academias, a população está procurando opções ao ar livre. Com essa sensação de não estar numa sala fechada, podendo pegar alguma doença, o pessoal aderiu muito ao ciclismo, assim como também às caminhadas e corridas a pé mais distantes do Centro — comentou Rodrigo. — E até mesmo para locomoção, evitando usar o transporte público, porque a gente sabe que é precário, com condução superlotada. Isso tudo influenciou para essa explosão de bikes na cidade — acrescentou.
Morador do Parque São José, em Guarus, Josué Cipriano de Almeida tinha uma relação anterior com a bicicleta, mas intensificou a prática durante a quarentena como opção de atividade física. Pastor evangélico e dono de uma padaria, ele pedala quase sempre sozinho, quatro vezes por semana, geralmente percorrendo cerca de 60 quilômetros. Ocasionalmente, tem a companhia de algum familiar ou fiel da igreja que administra. Lagoa de Cima e o Morro do Itaoca estão entre os destinos frequentes.
— Estava querendo alguma experiência nova com o esporte, e me apaixonei pelo ciclismo, muito pelos lugares com uma vista incrível que a cidade oferece. Durante a quarentena, vivia apenas do trabalho para casa, e estava com a mente muito presa somente a isso. Comecei a levar o ciclismo mais a sério, admirando as paisagens e descobrindo novos lugares. Vejo uma melhora na minha saúde mental — afirmou Josué, de 48 anos.
Bicicletas ganham força com o “novo normal”
Tetracampeão brasileiro de ciclismo master e diretor da Fecierj, o atleta campista Afonso Celso Pacheco considera que a preferência pela bicicleta no chamado “novo normal” pode fortalecer a queda dos índices de poluição, registrada em diversos países desde o início da pandemia. Entre os benefícios, estão também os econômicos — tanto de tempo quanto de dinheiro:
— Quando eu trabalhava em Niterói, morava a três quilômetros e meio, mais ou menos, do meu serviço. De ônibus, levava 40 minutos. De bicicleta, nada mais do que 10 minutos. As pessoas podem acordar um pouco mais tarde. Tem o bem-estar, e também a questão financeira, de não estar gastando tanto.
O presidente da Fundação Municipal de Esportes (FME), Fábio Coboski, tem acompanhado o cenário e acredita que este movimento deve continuar:
— Realmente, teve um boom de pessoas investindo em equipamentos e bicicletas, inclusive bicicletas caras. Nesse panorama, mesmo voltando as academias, vai ter muita gente não indo para a academia, pelo investimento que fez. A pessoa vai acabar ficando presa nessa questão do ciclismo por um período grande. Isso é interessante, pois é ao ar livre, não aglomera. É uma tendência que eu acredito que realmente veio para ficar, vai perdurar por um bom tempo.

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