Uenf na preservação de fauna
Geral 16/11/2019 13:58 - Atualizado em 22/11/2019 13:33
Uenf
Uenf / Isaías Fernandes
Parte do sucesso na conservação do mico-leão-dourado pode ser creditado à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que há mais de 10 anos é parceira da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD). A devastação da Mata Atlântica por pouco não dizimou a espécie, que ocorre exclusivamente no estado do Rio de Janeiro. Quando começaram os primeiros estudos sobre os micos-leões-dourados, nas décadas de 1960 e 1970, havia um total de aproximadamente 200 exemplares destes animais vivendo livres na natureza. Em 2014, esse número chegou a mais de 3 mil, caindo nos anos seguintes para 1.600 devido à febre amarela.
Atual presidente da AMLD, o professor Carlos Ruiz, do Laboratório de Ciências Ambientais do Centro de Biociências e Biotecnologia (LCA/CBB) da Uenf, coordena diversas pesquisas sobre o animal, além do projeto de extensão “Mico-leão-dourado como espécie bandeira para a conservação da biodiversidade no Centro Norte Fluminense: educação ambiental, restauração de florestas e combate à introdução de espécies tóxicas”.
Com quatro bolsistas, o projeto atua em sintonia com a AMDL na execução do projeto “Re-descobrindo a Mata Atlântica”, que capacita professores dos municípios próximos às reservas biológicas União e Poço das Antas (Silva Jardim, Casimiro de Abreu e Rio Bonito) para o uso de informações relacionadas à Mata Atlântica em sala de aula, como tema transversal.
— Junto com a AMLD, a Uenf capacita os professores, ministra palestras, insere novos conteúdos, realiza visitas de campo, campanhas educativas etc. Quando solicitada, a Uenf também fornece assessoria técnica e realiza cursos para órgãos com polícia e bombeiros — explicou Ruiz.
Em 2020, os bolsistas do projeto de extensão da Uenf vão atuar também no Parque Ecológico, que vai funcionar em uma fazenda de 260 hectares adquirida pela AMLD a partir de uma doação de um grupo holandês.
O projeto está relacionado a duas pesquisas coordenadas pelo professor. Uma delas estuda os impactos da febre amarela entre os primatas da região. “Junto com o Centro de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes conseguimos mudar a forma como o Ministério da Saúde apresentava o papel dos primatas”, informou Carlos. O estudo mostrou que os primatas não são vilões, pois não disseminam a doença. “Quando são infectados, eles não resistem e morrem, enquanto os seres humanos, mesmo quando não desenvolvem a febre amarela, podem disseminá-la durante seis dias”, concluiu. (A.N.)
Pesquisa fala em viaduto verde na BR
A outra pesquisa estuda a mobilidade dos micos-leões-dourados de uma mata para outra e qual o impacto que produzem as estruturas lineares, como rodovias, ferrovias e redes de eletricidade, sobre essas populações. Embasada nas pesquisas da Uenf, a AMLD conseguiu mostrar a necessidade de construção de passagens de fauna na BR 101.
— Com a duplicação da rodovia, a Reserva de Poço das Antes ficaria praticamente isolada, pois não haveria comunicação com outras matas. Seis mil hectares não são suficientes para manter os bichos. Então ela perderia sua função como reserva biológica — explicou Carlos Ruiz ao acrescentar que um viaduto vegetal - espécie de ponte arborizada para a passagem dos animais - já está sendo construído pela Arteris Fluminense, concessionária da BR 101.
O principal desafio da AMLD é a restauração florestal, bem como a conexão entre os fragmentos de matas. No total, 18 grupos de micos são monitorados permanentemente e, quando necessário, são realizadas translocações de indivíduos para evitar a consanguinidade em populações pequenas, com o apoio de proprietários rurais.

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