Começam ensaios para Cavalhada
14/12/2018 20:44 - Atualizado em 17/12/2018 15:12
Começam amanhã (15) os ensaios da Cavalhada de Santo Amaro preparando para a apresentação no dia 15 de janeiro de 2019. Os participantes querem iniciar e ajudar a manter a tradição da Baixada Campista que une fé e diálogo cultural e religioso. A tradição é preservada pelos moradores ao longo dos séculos. Os ensaios acontecem nas tardes de domingo com o objetivo de organizar as duas equipes que apresentarão o espetáculo que todos os anos atrai turistas de todas as partes do Brasil.
— Vamos iniciar os ensaios no domingo (amanhã) para reunir os componentes. Já fizemos duas reuniões para preparar a apresentação no dia da festa. Ver os detalhes. A cavalhada tem de ser preservada e esse é o nosso compromisso — disse Welligton da Silva.
Charles Pessanha, 32 anos, já vive a expectativa de mais um ano que vai estar abrilhantando a programação festiva do Padroeiro da Baixada Campista e ressalta o compromisso de continuar o legado familiar que recebeu do pai e tios. Ressalta a emoção de cada apresentação. O jovem pretende se apresentar no próximo ano e fala da tradição familiar que pretende dar continuidade. Fala, ainda, sobre a expectativa e emoção de participar todos os anos. Ele já começou a se preparar para se apresentar no dia 15 de janeiro.
— Um legado familiar que começou com o meu pai e meus tios e hoje assumi esse compromisso de manter essa tradição. Confesso que sou apaixonado pela cavalhada e eu mesmo costuro forros dos arreios. Fico emocionado quando entro no campo, muitas vezes não consigo conter as lágrimas, mas ao final vem a alegria e a emoção. Fiquei três anos de fora por problemas, mas graça ao meu Santo Amaro eu voltei — acrescentou.
A tradição continua. Miguel Henriques de Carvalho corre a cavalhada desde os 13 anos, mas por problemas de saúde foi obrigado a se afastar e confiou ao filho Welligton Luiz de Carvalho o compromisso de assumir o comando da apresentação.
— Meu filho aceitou o desafio e agora está coordenando junto com Joel Rita a organização e o posto de capitão. Muito feliz por saber que essa tradição de minha família vai continuar com meu filho — disse Miguel.
Para o Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz a Cavalhada representa um registro significativo de como a região conserva e fez uma recepção criativa da matriz cultural ibérica, que plasmou nas cavalhadas, uma expressão simbólica da reconquista das terras que foram tomadas dos mouros. A Igreja preserva e, ao mesmo tempo, fez a purificação da memória transformando em exercício equestre e artístico o que era conflito bélico acirrado.
A Cavalhada, que é um patrimônio do município, tem grande valor cultural para a geração atual e para as gerações futuras. Preservar a Cavalhada é um dever de toda a sociedade campista. O designer gráfico e escritor Gildo Henriques destaca a tradição com quase trezentos anos. A Cavalhada de Santo Amaro — festa de origem portuguesa, das poucas do gênero no Brasil — é um espetáculo digno das mais exigentes plateias.
— Lembro-me de que minha família, todo dia 15 de janeiro, saía de Tocos para ver a encenação simbólica da luta dos cristãos contra os mouros. Os adornos dos cavalos e a roupa dos cavaleiros chamavam-me à atenção durante o ponto alto da Festa de Santo Amaro. Tenho orgulho de ser campista e ver pessoas como Miguel de Carvalho e seu filho Wellington empenhados em perpetuar nossa cultura — destacou Gildo Henrique, que é designer gráfico e escritor. (A.N.)

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