Palacete cheio de história
Matheus Berriel 12/12/2018 18:29 - Atualizado em 17/12/2018 15:06
Villa Maria
Villa Maria / Folha da Manhã
Em um 2018 marcado pela perda de grande parte da memória brasileira no incêndio que atingiu o Museu Nacional, em setembro, no Rio de Janeiro, a população de Campos tem duas importantes datas para valorizar no mesmo espaço. O palacete Villa Maria, que pertenceu à Finazinha Queiroz, completou neste ano seu centenário e, no último sábado (8), 25 anos funcionando como Casa de Cultura da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Darcy Ribeiro. Como parte das comemorações, será realizada sexta-feira (14), das 18h30 às 22h, sábado (15) e domingo (16), das 14h às 22h, a sétima edição do Bazar da Villa. Entrada franca.
Com sua construção concluída no ano de 1918, a Villa Maria foi batizada desta maneira por Atilano Chrisóstomo de Oliveira, numa homenagem à esposa, Maria Queiroz de Oliveira, a quem presenteou com o palacete. Obedecendo aos padrões de uma vila italiana de estilo eclético, o edifício foi projetado pelo arquiteto José Benevento, decorado em seu interior com azulejos italianos, mosaicos nos pisos das varandas e pinturas nas paredes da planta baixa. A construção está rodeada de um amplo jardim, com diversas árvores frutíferas.
A única filha do casal, Alice, faleceu antes dos pais. Sem herdeiros, Finazinha Queiroz decidiu doar a Villa em testamento à primeira universidade pública que se instalasse em Campos. De 1979 a 1982, a casa foi ocupada pela Prefeitura. Mas, com a criação da Uenf, no dia 8 de dezembro de 1993, passou a funcionar como seu espaço cultural, representando uma união umbilical com a sociedade campista. O local guarda importantes acervos documentais (sonoros, audiovisuais, iconográficos, textuais e bibliográficos).
— A Villa Maria é um marco. É o ponto mais alto da cidade no ponto de vista topográfico, um elemento que não é desprezado na paisagem. Quem circula aqui, tem a referência da Villa Maria. E, mais importante ainda, nesses 25 anos, é que ela é uma instituição pública ligada à cultura. Fora que, pela manhã, pais trazem crianças no nosso jardim, para correr... É um ponto de refúgio verde na cidade. E, por ser detentora de um acervo muito bacana nas áreas de teatro e música, também existe muita pesquisa aqui — disse Simonne Teixeira, diretora da Villa Maria desde janeiro de 2016.
Ao longo do ano, diversos eventos fizeram parte do calendário comemorativo da Villa Maria. Começando pela Ressaca na Villa, em fevereiro, quando foi realizada uma campanha que arrecadou ceras para piso de madeira, sacos de lixo e materiais de limpeza. Nos dois meses seguintes, foi oferecido curso de Educação Patrimonial. Em abril, os artistas franceses Sôda e Dacya, e o paulistano Dy Rua foram autorizados a grafitar um muro aos fundos da Casa de Cultura, valorizando a arte de rua.
Ainda em abril, teve sucesso a 1ª Semana de Arte na Villa, promovida pelo Polo Regional Arte na Escola. O mês de maio foi marcado pelo Dia do Rock Goitacá. Junho teve o Arraiá da Villa. Julho, a sexta edição do Bazar, evento cultural multifacetado que visa valorizar e potencializar a produção artística e artesanal. Em agosto, o espaço recebeu o Encontro de Estudos sobre Patrimônio Cultural. Em setembro, realizou a Semana de Música e Vinil na Villa. Houve ainda a exposição “Erosões Visuais”, da CasaDuna, aberta durante todo o mês de novembro.
Para a sétima edição do Bazar da Villa, neste fim de semana, estão confirmados a feira de artesanatos, brechós, troca de livros, festival de gastronomia, oficinas de FIY, contação de histórias infantis e exposições. As atrações musicais serão TWE Rock, Banda Hotel 05, Benjamin e Groove do Bem, Chris Kalil, DJ Magrones, Palma Contra Palma, Trio Matita Perê, Banda Aster e Natália Furtz.
— O Bazar é um evento muito interessante, porque tem uma proposta colaborativa entre a Casa de Cultura e o Coletivo Arte & Fatos Culturais. Tem uma perspectiva muito solidária. Montar esse evento é uma coisa extremamente trabalhosa. É igual ao Carnaval. Quando termina um evento, o pessoal começa a preparar o outro. Toda participação é feita por meio de um edital público em que as pessoas se inscrevem. O conteúdo colaborativo é o que eu acho mais importante — destacou Simonne.
Acontecerá ainda neste ano o Festival Soma+ Villa de Música Independente, em parceria com o espaço Soma+Lab, no próximo dia 22, com shows de James Coroico, Os Abufelados, Lavoisier, Filipe Alvim, Marianaa, Mudo, Brenno e Oruã. Haverá estandes de selos, vinis, brechós e artes, além de venda de bebidas e opções gastronômicas.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS