Sobre os institutos de pesquisa
25/10/2018 21:21 - Atualizado em 25/10/2018 21:28
A nova moda agora, amplificada pelo extremismo e fake news das redes sociais, que geram desinformação, além da postura radical das duas candidaturas que concorrem à Presidência, é questionar os institutos de pesquisa. A pesquisa só é considerada boa se o candidato de quem vê os números está bem na fita.
Alguns sites contribuem para esta tentativa de descredibilizar os institutos de pesquisa. O site de direita "O Antagonista", bíblia dos bolsonaristas politizados, vem evocando para si próprio e para quem é seu parceiro o monopólio dos números. Sua pesquisa é feita com o Instituto Paraná, de Murilo Hidalgo, usando o seu braço, a revista Crusoé, que vende assinaturas, como contratante.
Os institutos de pesquisa erram, claro. Quanto mais hoje, em tempos de redes sociais, quando os movimentos de manada ocorrem, como no caso de Wilson Witzel, onde a maioria dos eleitores se definiu pelo candidato nos dias finais do 1º turno. Pratica-se também muito, equivocadamente, o voto útil em 1º turno. Muda-se o voto na última hora para evitar que fulano tenha chance de ganhar. Os institutos não quantificaram corretamente movimentos bruscos no governo do RJ e de MG no 1º turno.
A ciência hoje é mais difícil e os institutos terão que se adaptar à nova realidade. Na eleição presidencial, polarizada, onde há mais questionamentos e a torcida goleia a razão, mesmo entre os eleitores mais esclarecidos, os bolsonaristas reclamam que os institutos "mentem" e que a vantagem é maior. Os petistas reclamam o mesmo e dizem que a vantagem é menor.
Achismo para lá e achismo para cá, torcida para lá e torcida para cá, vamos tirar a razão do escanteio e ver os números das últimas pesquisas feitas no 1º turno de cada instituto para presidente na semana final, por ordem cronológica decrescente de divulgação (não contando com a pesquisa de boca de urna), em votos válidos:
- Datafolha - 06/10 (sábado) - Bolsonaro 40% x Haddad 25%
- Ibope - 06/10 (sábado) - Bolsonaro 41% x Haddad 25%
- CNT/MDA - 06/10 (sábado) - Bolsonaro 43% x Haddad 28%
- RealTime/TV Record - 05/10 (sexta) - Bolsonaro 40% x Haddad 28%
- XP/Ipespe - 05/10 (sexta) - Bolsonaro 41% x Haddad 25%
- Paraná Pesquisas/Crusoé - 05/10 (sexta) - Bolsonaro 41% x Haddad 26%
- DataPoder360 - 05/10 (sexta) - Bolsonaro 33% x Haddad 27%
- BTG/FSB - 01/10 (segunda) - Bolsonaro 35% x Haddad 27%
As urnas revelaram Jair Bolsonaro com 46,03% e Fernando Haddad com 29,28%. Arredondando, Bolsonaro 46% x Haddad 29%. Nenhum instituto acertou. O que chegou mais perto foi o CNT/MDA, que acertou Haddad na margem de erro, mas errou Bolsonaro.
Em comum, tirando resultados muito fora da curva como DataPoder360 e BTG/FSB (este com o atenuante de estar a 6 dias das eleições), os principais institutos erraram para baixo para os dois candidatos, de forma bem parecida, derrubando o argumento que têm torcida.
Para não dizer que ninguém acertou por completo, a boca de urna do Ibope acertou, deu Bolsonaro com 45% e Haddad com 28%, dentro da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais.
A título de curiosidade, para os mais esquecidos, em 2014 Ibope e Datafolha, os mais combatidos nas redes sociais, acertaram o 2º turno. O Ibope deu Dilma 53% X Aécio 47%. O Datafolha deu Dilma 52% x Aécio 48%. Ambos na véspera da eleição.
As urnas mostraram Dilma com 51,64% e Aécio com 48,36%. Arredondando Dilma 52% x Aécio 48%. O Ibope acertou na margem de erro. O Datafolha cravou.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Christiano Abreu Barbosa

    [email protected]