Laudo fala em automutilação
25/10/2018 10:29 - Atualizado em 26/10/2018 18:08
Divulgação
Um laudo da Polícia Civil do Rio Grande do Sul apontou que os cortes feitos em forma de suástica no corpo de uma jovem de 19 anos foram resultado de automutilação ou uma intervenção consentida por ela. De acordo com o delegado Paulo César Caldas Jardim, responsável pelas investigações do caso, que veio à tona há duas semanas, em Porto Alegre, não há cortes na pele, apenas arranhões na epiderme – parte mais superficial. Ela deve responder por falsa comunicação de crime. A advogada de defesa da vítima contesta a versão oficial. O caso volta aos noticiários uma semana depois que a Polícia Civil de Nova Friburgo, na Região Serrana, ter identificado três jovens suspeitos de pichar suásticas na fachada de uma capela no distrito de São Pedro da Serra. Eles foram flagrados por imagens de câmeras de segurança pintando frases contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em muros próximos. O candidato se manifestou, nessa quarta-feira (24), pedindo retratação de quem associou o que aconteceu no Rio Grande do Sul a seus apoiadores.
O delegado de Porto Alegre destacou a superficialidade dos ferimentos na jovem para embasar a linha de investigação. “O que ressalta aos olhos é que todos os traços são bem retilíneos. São 23 riscos muito certos e todos muito superficiais”, disse Jardim. A perícia descartou o uso de objeto cortante e apontou o provável uso de objetos como um grampo ou uma bijuteria.
Paulo César Jardim disse que a jovem faz tratamento psiquiátrico e toma diversos remédios. “É uma fragilidade emocional”, acrescentou. O procedimento será encaminhando para a Justiça e a pena por falsa comunicação de crime pode variar entre 6 meses a 1 ano de detenção.
A suposta vítima relatou ter sido agredida no início da noite do último dia 8, quando descia do ônibus. Jardim, que está no comando do caso desde o ocorrido, informou que, segundo depoimento da jovem, na data, três agressores riscaram o símbolo em sua barriga com um canivete e a agrediram com socos. Durante a ocorrência, ela vestia uma camiseta com críticas ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
A advogada Gabriela Souza, que representa a jovem, porém, afirmou que a perícia tampouco descartou a hipótese de as lesões terem sido causadas por outro indivíduo, inclusive mediante incapacidade de defesa da vítima. “Isso apenas comprova o teor do depoimento da vítima, que não esboçou reação durante o ataque e sofreu estresse pós-traumático, situação que se mantém até o momento”, afirmou em nota.
Pelas redes sociais, Bolsonaro pediu uma retratação e falou que o caso foi armado pelos seus adversários. “Esperamos uma retratação de todos os que, mesmo com nosso repúdio, irresponsavelmente e sem provas associaram a nós os casos de pichações e ‘agressões’ nazistas, hoje revelados falsos pelas autoridades e orquestrados por eleitores de nossos adversários”.
Interior do Rio — Em Nova Friburgo, os suspeitos foram identificados na última quinta-feira (18). As investigações preliminares indicavam que o crime teria sido motivado após um padre manifestar-se favoravelmente a Bolsonaro. No entanto, os três suspeitos foram flagrados por imagens de câmeras de segurança pouco antes também pichando muros e calçadas com as frases “#EleNão e “Ele jamais”, contra Bolsonaro.
Mano Brown critica PT durante ato de Haddad
Um “climão” marcou o comício do candidato à presidência Fernando Haddad (PT) com artistas na noite da última terça-feira nos arcos da Lapa, no Rio de Janeiro. O rapper Mano Brown subiu ao palco e disse que não estava gostando do clima festivo. Ele passou a apontar falhas de comunicação do partido com o “povão”, para surpresa do público e dos demais presentes, entre eles Chico Buarque e Caetano Veloso, que defendeu Brown quando ele começou a ser vaiado. “Se eu puder falar vai ser bom, também já vou parar, já é e f...”.
— O pessoal daqui falhou e agora vai pagar o preço. Porque a comunicação é alma, e se não está falando a língua do povo vai perder mesmo, certo? — disse apontado para trás, onde estavam além do candidato petista, a sua vice Manuela D´Ávila (PCdoB), entre outros aliados.
O ex-presidente do PSDB Alberto Goldman e o deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), eleito senador, declararam apoio formal a Haddad. Crítico duro do PT, o tucano afirmou: “Vou contra a minha vontade e acabar votando em Haddad”.
PF investiga se PCC participou de ataque
A Justiça Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, acatou o pedido da Polícia Federal para prorrogar em 90 dias o segundo inquérito que apura o atentado a facada no presidenciável Jair Bolsonaro, que aconteceu no dia 6 de setembro na cidade mineira. O objetivo da investigação é apurar se há mandantes ou incentivadores por trás do ataque e uma das linhas adotadas pelos policiais é investigar o envolvimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no crime.
O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante logo após o atentando e confessou a autoria do crime nas três ocasiões em que foi ouvido pela Polícia Federal.
A PF analisa mais de 6 mil conversas de Adélio no celular, mais de mil e-mails e dados telefônicos do agressor nos últimos cinco anos. No primeiro inquérito, finalizado em 28 de setembro, a Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho no dia do ataque.
— A hipótese de envolvimento de terceiros nunca foi descartada [...]. Nós concluímos é que, no dia da execução (do crime), ele estava sozinho. (No dia), não contou com a participação de ninguém”, disse o delegado Rodrigo Morais. (A.S.) (A.N.)

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